Gaspari vê o que só a Folha não viu no Datafolha
Ainda que com sua notória antipatia por Lula – a quem considera um populista pouco menos que desprezível – Elio Gaspari não deixa de reconhecer e destacar aquilo que só a Folha de S. Paulo deu um “jeitinho” de torcer, ontem, com a sua marineira manchete.
Pesquisa de opinião em 2016 para uma
eleição que está marcada para 2018 vale pouco mais que um horóscopo, mas
o sinal que vem do Datafolha é claro: o caminho de “todos os outros”
será pedregoso. Marina Silva prevalece num segundo turno, contra Lula,
Geraldo Alckmin, Aécio Neves e José Serra. Lula só perde para ela. Como
ele mesmo disse, “a jararaca está viva”.
Não só viva, como tonificada por um
governo que anuncia uma reforma da Previdência que mais se parece a um
rebanho de bodes. Se isso fosse pouco, falta-lhe a humildade de
reconhecer que a prometida (e indefinida) reforma trabalhista foi um
balão de ensaio para enternecer o andar de cima, que acabou enfurecendo o
de baixo.
A manobra da Folha, porém, mais além de revelar um jornalismo
dirigido cavilosamente para uma falsa alternativa – Marina Silva é
inflada ou murchada de acordo com as necessidades do candidato real da
direita – descortina o “não sei o que fazer com este homem”, o Lula que
não conseguem matar.Um sinal de que, a qualquer momento, podem, pelo desespero, partir para arriscadíssimas medidas radicais, as quais evitaram até agora por medo de um efeito reverso.
Risco que, se pode sentir, aumenta a cada instante, à medida que sobe o descontentamento e a frustração popular com um golpe que prometeu recuperação do país e, com faca,queijo e goiabada na mão – nunca antes na história deste país viu-se tão grande apoio midiático e parlamentar a um governo que nem voto teve – só conseguiu entregar mais desgraças e , pior, desenhar um futuro de mais sacrifício.
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