terça-feira, 13 de dezembro de 2016

POLÍTICA - O que o Datafolha mostra?

O que o Datafolha mostra? Que o povo vai entendendo que Lula é o que tem contra a crise

datafolhaaberto
Eu tenho visto, não sem certa impaciência, o quanto os setores progressistas se perdem em discussões secundárias quando o povo, bem na sua frente, vem mostrando aquilo que deseja: manter seus direitos, recuperar algum grau de prosperidade, ter seu país governado por gente capaz e politicamente sólida o suficiente para este desafio.
O Datafolha abriu hoje os dados estratificados da pesquisa de intenção de voto e coloquei aí em cima os dois gráficos dos cenários, hoje, mais reais da disputa. Nem o Datafolha, nem eu, nem ninguém pode prever, claro, o que vem à frente, mas todos podemos pensar a realidade a partir de como ela se apresente e a tendência que ela assume.
E é evidente que se está assistindo um consistente crescimento – ou melhor, retomada – da opção por Lula para enfrentar aquilo que descrevi no primeiro parágrafo. E, em ângulo igual e investido, o enfraquecimento de seus prováveis competidores num processo eleitoral.
Digo que  é consistente  e é assim que a análise técnica do prórpio Datafolha diz que é:
Lula ganhou pontos em todos os segmentos da população. Entre os mais escolarizados, por exemplo, em que ele aparecia com 13% em julho, numericamente abaixo de Marina (18%) e no mesmo patamar de Aécio (12%) e Bolsonaro (13%), o petista agora fica com 17%, numericamente acima de Marina (13%), Bolsonaro (13%) e Aécio (11%). A vantagem do petista é maior em segmentos como o dos mais pobres (30%, ante 15% de Marina e 12% de Aécio), menos escolarizados (34%, e na sequência aparecem Marina, com 13%, e Aécio, 10%) e moradores da região Nordeste (41%, ante 14% de Marina e 10% de Aécio). Essa dinâmica na preferência pelo petista se estende aos demais cenários, com outros adversários na disputa.
Se o que julga ser o racional – embora moldado pela mídia – vai se restabelecendo lentamente, após uma avalanche de traumas que vivemos, no povão, onde o instinto de sobrevivência fala bem mais alto, ele já está falando.
Se irá, numa eleição que nem temos certeza estar garantida, vencer, é outra coisa. Vencer, para o povo é eventual, mas é tão diferente o que esta vitória traz que só por golpes elas t~em sido revertidas.
A perseguição a Lula, que – claro – não vai parar, já passa a ser percebida como algo deliberado e enfadonho e, como se observa nos gráficos, desde que começou a ser indiciado por tudo e qualquer coisa, o efeito foi o inverso de enfraquecê-lo.
E vai cada vez mais ter este sentido, porque na compreensão simples e verdadeira no povão, Lula se associa cada vez mais com um período de estabilidade, prosperidade, conquistas.
Não chega a ser inédito para quem observa nossa trajetória histórica, para embrulho no estômago dos pretensiosos e elitistas.
Como de outra vez, a memória tem uma força irresistível.
Não pense que este é um quadro a ser comemorado, porque , em tese, o que viria pela frente seria mais “puro”, mais “santificado”, menos “junto e misturado” do que antes.
Não. Um processo de retomada democrática do Brasil, para ser viável terá de aceitar muitas companhia às quais, em outras circunstâncias, nós torceríamos o nariz. A quem não quer isso, recomendo a leitura do excelente artigo do professor Igor Fuser, publicado ontem.
No caminho desta possível retomada, está o retrocesso.
A ferocidade que se espalhou nas corporações  é um inimigo muito mais terrível que a corrompida parcela da política convencional, com seu adesismo na alta e  sua traição na baixa. Ela é como a classe média e como aquela bolinha de ar do nível dos pedreiros, procura quem está por cima. Já os ferozes, não, eles usam e abusam dos poderes que têm para destruir.
Mas um povo tem justamente nisso, na sobrevivência, uma imensa força atávica. E la, cedo ou tarde, brota ou rebrota sempre.

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