domingo, 29 de janeiro de 2017

PETROBRAS - Os sipaios do petróleo.

Os sipaios do petróleo

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No Estadão, a confirmação daquilo que já vinha sendo destacado aqui: o governo golpista está numa louca corrida para entregar o pré-sal, sem piedade.
E mais rápido do que estava sendo pensado: quer quatro leilões ainda este ano, dois deles da mais rica província descoberta neste século no planeta.
No primeiro primeiro, o natural seria que das quatro áreas unitizadas (agregadas a campos já licitados, que mostraram ultrapassar o perímetro da concessão, três ficariam com a Petrobras. Carcará, Tartaruga Verde, Sapinhoá. A outra, Gato do Mato – cuja concessão, anterior à Lei da Partilha, pertence à Shell (80%) e à francesa Total (20%) – ainda era  objeto de discussões jurídicas, porque a área em torno do campo pertence à União e sua concessão deveria seguir as novas regras.
Mas isso seria o natural. Porque a Petrobras vendeu Carcará à norueguesa Statoil  e Tartaruga Verde à australiana Karoon, negócio que ainda está bloqueado pela Justiça mas, se conhecemos bem como é nosso poder judiciário, será liberado.
Dá para entender, portanto, porque estes campos entraram logo na lista das vendas da direção entreguista implantada na Petrobras.
É possível que o descaramento não chegue à entrega da área ao Sul de Sapinhoá (antes, conhecida como Sul de Guará). É que Sapinhoá é o segundo maior campo de petróleo do pré-sal, produzindo um quinto de todo o petróleo e gás da região, com cerca de 260 mil barris de óleo equivalente, em apenas 10 poços, ligados aos navios Cidade de Ilhabela e Cidade de São Paulo.
Mas o pior ainda está por vir, com a decisão de licitar novas áreas do pré-sal,  onde desde o início já não vigorará a obrigatoriedade de 30% ficarem com a Petrobras e que ela os opere. Fazer isso com os preços do petróleo ainda deprimidos em relação a seus valores históricos – e com a nossa petroleira sob uma polítrica de encolher-se, ao invés de expandir-se – é simplesmente um ato de traição nacional.
É aquilo que o Papa Francisco, semana passada, chamou de sipaios – nome dos indianos que serviam às tropas coloniais inglesas:
Há  aqueles que  se prestam a isso. Em nosso país [a Argentina], temos uma palavra para descreve -los : os sipaios. É  uma palavra clássica, que está em idioma nacional. O sipaio  é aquele que vende o país à potência estrangeira que pode lhe dar mais lucro. E na  história argentina, por exemplo, há sempre algum político sipaio . Ou alguma postura política sipaia .
Na Argentina, “cipayo” é o mesmo que traidor e vende-pátria.
Temos mesmo sipaios por aqui.

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