Trump e a diferença entre oposição e golpismo
Donald Trump é algo que dispensa descrições mais aterrorizantes do que ele próprio faz de si mesmo quando fala.
Mas o que está sendo feito com ele é algo que nós, por estas bandas, sabemos muito bem que nome tem.
Trump não teve – e isso é literal – 24 horas sem acusações graves desde sua vitória eleitoral.
Porque foi uma vitória eleitoral, nas regras tortas do federalismo norte-americanos, nunca questionadas pelos adversários.
O que estamos assistindo não é a reação a um presidente “anti-establishment”, como seria Bernie Sanders, mas a reação a ter sido elevado ao cargo alguém do establishment que age como o sistema não gosta de ser percebido.
Que dá ao poder imperial norte-americano a cara que ele tem e quer que não seja vista.
É lógico que não argumento pelo “quanto pior, melhor”.
Mas porque é o complexo midiático o melhor parceiro, lá e cá, do poder imperial.
Ou alguém acha que, salvo exceções, a mídia não seria pró-Trump caso seu adversário não fosse a dócil Hillary?
Como aqui não hesitou em dar espaços a Eduardo Cunha e prestígio a Michel Temer para derrubar Dilma Rousseff.
Lá também, gente como George Soros já diz que vai “derrubar” Trump – “take down President Trump” – porque o desapreço à democracia não espera sequer o primeiro dia útil de seu Governo.
Mas o mundo dos bilhões não se abalou, como seria de se esperar se houvesse mesmo o tamanho rebuliço que apregoam.
Num vídeo no Facebook, Bernie Sanders observa, com exatidão, que, enquanto Trump falava contra o “establishment”, na “ala vip” da solenidade onde fazia isso, sentavam-se “bilionário atrás de bilionário”
Eles se lixam para o retrocesso social que Trump representa, mas dão muito importância a não desmontarem a imagem de “modernidade civilizatória” que o capitalismo financeiro faz questão de manter.
Os dois lados são igualmente aterradores: o autoritarismo de Trump e a “democracia da mídia”, para a qual o voto vale zero.
Ela é o maior poder imperial, o que domina sem “marines”.
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