segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

POLÍTICA - Marcelo e Emílio Odebrecht romperam em função da delação.

UOL confirma que delação fez Marcelo e Emílio Odebrecht romperem

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Como se afirmou aqui, ontem, a delação de Marcelo Odebrecht (e de outros executivos do grupo) foi uma imposição de seu pai e dono de fato da empresa, Emílio. Extensa reportagem do UOL, conduzida pelos repórteres Flávio Costa, Leandro Prazeres e Vinicius Konchinski conta em detalhes esta história obscura.
A história de traição, negócios e “salvação do dinheiro” da Lava Jato encontra, agora, o lado mais infame: o conflito num clã familiar poderoso, com o velho general tomando o comando do jovem comandante para salvar o que lhe for possível do império empresarial.
E os desdobramentos que isso trará: para Emílio, com as delações a as multas bilionárias encerrando a história policial e restando á frente a liquidação dos negócios de forma mais vantajosa. Para Marcelo, depois de 19 meses na prisão, mais um ano de cadeia e o exílio eterno dos negócios da empresa que tanto quis comandar.
Não é preciso ser um grande estrategista para entender que, para Marcelo, as únicas e poucas esperanças de ter melhor sorte e sair da armadilha de coação em que foi posto em Curitiba é entregar todos os que possuem foro privilegiado e passar seu destino para as mãos do STF. Leia-se, então, como se disse ontem, todos os homens do governo Michel Temer, inclusive o próprio, a quem Emílio Odebrecht, em nome dos negócios, preferiria poupar.
Leia a reportagem:

Delação causa rompimento entre Marcelo e Emílio Odebrecht

Flávio Costa, Leandro Prazeres e Vinicius Konchinski 
O acordo de delação premiada da Odebrecht causou o rompimento das relações entre o ex-presidente e herdeiro do grupo empresarial, Marcelo Odebrecht, e seu pai, Emílio, presidente do Conselho de Administração do conglomerado. A informação foi confirmada ao UOL por cinco pessoas ligadas à Operação Lava Jato ou à Odebrecht, sob a condição de terem suas identidades preservadas.
“Marcelo sente-se injustiçado. Ele se vê como um bode expiatório. Acha que pagará o preço mais alto entre todos os envolvidos na Lava Jato também porque seu pai aceitou delatá-lo”, afirmou ao UOL um funcionário de alto escalão da Odebrecht.
“Marcelo pagava mesmo propina e, de certa forma, desafiava as autoridades que poderiam o incriminar. Emílio, por sua vez, era mais conservador. Cometeu e sabia de ilegalidades, mas era mais contido”, acrescentou.
Colaborar com os investigadores foi uma derrota pessoal de Marcelo e uma vitória de seu pai, além de abrir a crise de relacionamento entre os dois protagonistas do clã baiano de origem germânica. Nos primeiros meses após sua prisão –ocorrida em junho de 2015, durante a 14ª fase da operação–, o executivo insistia em negar as acusações e rejeitava aderir a um acordo. Emílio, por sua vez, decidiu rapidamente pela delação como forma de preservar a empresa.

Grupo de Emilio versus grupo de Marcelo

Na primeira visita que fez a Marcelo na prisão em Curitiba, em setembro de 2015, Emílio o sugeriu que optasse por delatar, hipótese repelida pelo filho, como revelou a revista “Piauí”. Marcelo está detido na carceragem da sede da Polícia Federal em Curitiba. “Em determinado momento, ele reclamou de que o pai não aparecia para visita-lo”, disse um investigador da Lava Jato.
“Este assunto [a delação] estremeceu a relação entre ambos. Havia dois grupos na empresa: o de Marcelo, que não queria a delação de jeito nenhum, e o de Emílio, que achava a delação a melhor saída”, disse um membro do Conselho de Administração da Odebrecht. “Venceu a tese de Emílio.”
A descoberta pela Polícia Federal do setor de “operações estruturadas”, responsável pela sistematização do pagamento de propinas, em março de 2016, e a crise financeira que atingiu o grupo aumentaram a pressão sobre Marcelo.
Emílio tomou a iniciativa de procurar um acordo com as autoridades. Em maio de 2016, a empresa firmou o termo de confidencialidade, o que deu início às negociações para as delações premiadas, que estão a um passo de serem homologadas pela presidente do STF, ministra Carmen Lúcia. Todos os 77 delatores ligados à empresa ratificaram seus depoimentos à Justiça até sexta-feira.

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