A “generosidade” seletiva do coração de Sérgio Moro
O procurador Carlos Santos Lima, aquele “tio” de barbeta dos jovens integrantes da “Força Tarefa”, em evidente tom de deboche, diz que Sérgio Moro absolveu Cláudia Cruz por ter “um coração generoso“.
Antes fosse, Doutor, porque generosidade é virtude, não defeito e traço dos bons, não dos vis.
Mas Sérgio Moro não tem porque ser generoso com Cláudia Cruz em grau mais elevado do que em relação à generosidade que todo ser humano deve merecer. A dose poderia ser maior se ela fosse uma mulher pobre, desvalida, que roubou ovos de Páscoa para seus filho e está impiedosamente presa, cadeia confirmada por outro Legis Uber Alles como o Doutor Carlos.
Também, com certeza, um coração generoso teria, quando da morte de Marisa Letícia, com muito mais razão, usado a previsão legal de proclamar a absolvição primaria da falecida. Tal mínima generosidade faltou aos procuradores e faltou a ele, Moro.
Não sendo, portanto, a generosidade natural ao coração de Moro, certamente será possível explicar sua decisão por um de duas outras razões.
Uma, que não se poderia admitir num juiz, a de atender aos desejos de que Eduardo Cunha se mantenha “calmo” e distante da “deduração premiada” que os senhores tornaram regra na Lava Jato. Embora, deve-se registrar, a de Cunha os senhores jamais demonstraram desejar, não é?
Como esta alternativa é impensável, resta a segunda: não havia provas – embora haja abundante convicção – de que Cláudia Cruz ao menos era consciente “usufrutária” das rapinagens do marido e que Moro, não tendo a procuradoria trazido as provas, teve de absolvê-la, talvez até com amargor e não generosidade no coração.
Porque, certamente o senhor ainda não se esqueceu daqueles velhos e empoeirados princípios de Direito, é preciso prova de autoria e materialidade do crime, para que se condene na esfera penal, onde não basta o livre convencimento do julgador.
Quanto ao mais, não se preocupe, Doutor. Não há generosidade no coração de um homem que mantém pessoas encarceradas por meses a fio ou até mais de ano, até que – quebrados na alma – soletrem os versos que vossas excelências têm como música: lu-la-sa-bia/lu-la-sa-bia.
Já se demonstrou aqui que, por muito mais razões do que com Cláudia Cruz, não há elementos para condenar Lula, mesmo sem generosidade no coração. Mas ele será condenado por corações e mentes transtornadas pelo ódio, que almejam a destruição de um herói popular como a única, a magna, a distinguida razão de suas existências medíocres.
Resta o pequeno consolo de ver os mastins que vocês criaram e açularam, agora, avançando a dentadas sobre o “Mestre”. Porque de generosidade humana vocês nada conhecem, mas sobre ferocidade de bestas dão lições.
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