sábado, 27 de maio de 2017

POLÍTICA - revista Piauí entrevista o líder do Revoltados online.


Quebrado e no ostracismo, dono do Revoltados Online quer ser deputado



A revista Piauí fez um perfil do que sobrou de Marcello Reis, dono do Revoltados Online:

empresário paulista Marcello Reis cultiva o peculiar hábito de dar um Google em si mesmo. Ele costuma ir atrás de imagens e notícias que remontam à uma época recente – quando alcançou notoriedade e fez barulho nas redes sociais como porta-voz de uma causa que – segundo ele – justificaria sua existência: o impeachment de Dilma Rousseff e a varredura do Partido dos Trabalhadores da vida política nacional.
(…)
Sem explicação, aviso prévio ou sinal de fumaça, o Facebook simplesmente apagou da rede sua página de 2 milhões de seguidores e mais de 100 000 postagens. O exército digital virou uma armada Brancaleone sem voz. O argumento lacônico era que a página havia desrespeitado as regras da rede social. Incrédulo, Reis caiu no choro. Ligou a câmera e, aos prantos, reclamou de censura em um vídeo postado horas depois em seu perfil pessoal e no YouTube. “Isso é uma puta sacanagem, a gente não tá vivendo numa ditadura…”, reclamava, de olhos marejados e rosto vermelho.
O vídeo viralizou entre blogs de esquerda, que malharam Reis e o transformaram no bebê chorão da extrema direita. Ele correu atrás de um advogado e começou o processo para tentar entender o que tinha feito de errado e como poderia ter a página (e os fãs) de volta. A tréplica do Facebook foi direta: “Nossas regras proíbem conteúdos como discurso de ódio e homofobia.” Quando o impeachment foi aprovado, Reis estava de fora da festa. “Imagina você montar uma empresa e, depois de dez anos, quando chegar pra trabalhar, ver que ela não existe mais? Foi exatamente isso que aconteceu”, disse.
Assim, do mesmo jeito que surgiu, o Revoltados On Line desapareceu. E Reis também. Desde então, passou a viver quase recluso. Ele justifica o comportamento citando perseguições políticas que evita detalhar. A última vez em que se meteu num protesto, em fevereiro passado, levou a pior.
Tomava cerveja com dois amigos no Charme, um bar na Avenida Paulista, quando quatro homens com camisa do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, acampados na região, o provocaram enquanto iam ao banheiro. “Sua cabeça tá a prêmio”, teria dito um dos acampados, que o reconheceu. Alguns goles depois, Reis pediu para um amigo segurar sua bicicleta e o outro, skatista, para filmar. Aproximou-se do acampamento do grupo e, em tom de desafio, perguntou: “Alguém conhece o Boulos? Se eu quiser falar com bandido, falo com ele, o Boulos, o chefe de vocês”, referiu-se a Guilherme Boulos, principal liderança do MTST. Na mesma hora, ele chutou uma barraca do acampamento. A resposta foi imediata: aplicaram-lhe uma surra de socos e pontapés. Abatido, o líder do Revoltados On Line foi ao chão. “Meu joelho tá fodido até hoje”, disse, mostrando a perna. “Pra andar tá um sufoco.”
(…)
A ressurreição tem um objetivo: Reis ainda sonha ser deputado. Ele quer concorrer a um cargo federal em 2018. “Estou analisando qual partido é o menos pior”, disse. “É bem difícil entrar nessa questão. Mas vejo que é uma necessidade. Se eu não entrar, eles continuarão do jeito que estão.”
Sua plataforma é anti-imigração. Ele disse ser contra a nova lei, aprovada em maio por todos os partidos, que passa a tratar imigrantes em solo nacional com direitos alinhados às recomendações da ONU e muito similar aos brasileiros natos. “Isso abrirá as fronteiras e os terroristas virão para cá para ficar perto dos Estados Unidos”, alardeou, em referência ao Estado Islâmico. “Primeiro vão entrar disfarçados lá pro lado do Nordeste. Lá pra cima. E aí terá resistência, claro, mas alguns cabeças estão querendo que se implante isso. Já tentaram implantar sistemas parecidos como o bolivarianismo e não conseguiram. Agora a situação é pior. Sou completamente contra essa lei.” No dia em que Reis conversou comigo, ele havia pedido para marcarmos a entrevista para algumas horas antes do combinado. Depois do nosso papo, ele participaria de um ato contra a Nova Lei de Imigração. O problema foi que, como ele perceberia pouco tempo depois, o evento tinha acontecido na noite anterior.

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