domingo, 14 de outubro de 2018

POLÍTICA - Campanha do Haddad tem que partir para cima.

O QUE A CAMPANHA DE HADDAD ESTÁ ESPERANDO PARA DESMONTAR O “MITO”?

Semanas atrás, circulou na internet vídeo mostrando um batalhão de milicianos sem camisa e com calças camufladas, marchando na orla de Copacabana, aos gritos de “Mito!Mito!Mito!” como se fosse a coisa mais normal do mundo.
No começo dos anos 30 na Alemanha, de onde vieram meus pais, também não prestaram muita atenção em cenas assustadoras como essas, que não vi registradas na imprensa.
De onde, afinal, vem esse “Mito”, carregado nos ombros dos seus seguidores?
Faltam agora só duas semanas e dois debates, na Record e na Globo, para a campanha acabar.
Os outros três debates, na Band, na Rede TV! e na Gazeta, já foram cancelados porque Bolsonaro deu WO.
O que os responsáveis pela campanha de Fernando Haddad e o próprio candidato ainda estão esperando para sair da defensiva e partir para cima de Jair Bolsonaro, mostrando quem é esse “Mito”, o candidato militar que foi expulso da Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais (ESAO) e punido com 15 dias de cadeia, por insubordinação, antes de largar a farda para virar político profissional?
É por isso, para não ser desmascarado, e não só pelo seu colossal e assustador despreparo, que o capitão aposentado aos 32 anos foge dos debates como o diabo da cruz.
Mantido na bolha desde que sofreu a facada há mais de um mês, Bolsonaro virou um candidato fantasma, que não põe a cara nas ruas, e só aparece nas redes sociais e nas “entrevistas” das emissoras amigas, agora disputando a sua simpatia diante da expectativa de poder.
Basta uma rápida pesquisa na internet, digitando Bolsonaro-Veja-bombas-atentado, para encontrar farto material sobre a verdadeira história deste militar aloprado que foi acusado de preparar um plano para explodir bombas em unidades militares do Rio e no sistema de abastecimento de água da cidade.
Reportagem do portal Diário do Centro do Mundo (DCM), assinada por Kiko Nogueira, revela que a autora da denúncia na revista Veja, em 1987, Cássia Maria, foi ameaçada de morte pelo capitão quando se preparava para depôr no caso. Relata Kiko Nogueira:
“Ele fez um gesto com as mãos, como se estivesse disparando uma arma contra ela. `Você vai se dar mal, disse-lhe.
Cássia passou a precisar de proteção policial. A história foi registrada pela revista e pelo Jornal do Brasil. Trinta e um anos depois, esse sujeito é líder nas pesquisas eleitorais, com basicamente os mesmos métodos”.
Por que não vão atrás desta repórter e colocam seu depoimento no programa de televisão? Afinal, a revista Veja pode ser acusada de tudo, menos de ser petista.
“Sem o menor constrangimento, Bolsonaro deu uma detalhada explicação sobre como construir uma bomba-relógio”, escreveu Cassia Maria em sua reportagem, que foi ilustrada por um croquis desenhado de próprio punho pelo então militar da ativa. Mais adiante, a repórter dá detalhes:
“O explosivo seria o trinitrotolueno, o TNT, a popular dinamite. O plano dos oficiais foi feito para que não houvesse vítimas. A intenção era demonstrar a insatisfação com os salários e criar problemas para o ministro Leônidas Pires Gonçalves. De acordo com Bolsonaro, se algum dia o ministro do Exército resolvesse articular um golpe militar, `ele é que acabaria golpeado por sua própria tropa, que se recusaria a obedecê-lo´”
Imaginem agora este homem com o poder nas mãos, no comando do governo e das Forças Armadas, três décadas depois. Será que seus milhões de eleitores já atentaram para isso?
Já passaram pelo Supremo Tribunal Federal 11 inquéritos, ações penais, mandados de injunção e petições sobre o deputado federal Jair Bolsonaro, mas nenhum foi mais explosivo e preocupante para suas pretensões políticas do que o julgamento do dia 16 de junho de 1988 no Superior Tribunal Militar, como registra o DCM.
Está tudo lá nos autos, é só pesquisar. Por 9 votos a 4, o STM considerou-o inocente, mesmo depois de uma comissão interna do Exército, chamada de Conselho de Justificação, tê-lo excluído do quadro da ESAO e de suas explicações não terem sido consideradas satisfatórias.
Diante deste farto material sobre o candidato adversário, que não tem currículo, mas um alentado prontuário policial-militar, de que adianta Haddad continuar perdendo tempo ao explicar os erros do PT na Petrobras ou apresentando candidamente suas propostas de governo, diante das ameaças à jovem e fragilizada democracia brasileira?
Tudo que já se falou sobre Bolsonaro até agora é fichinha perto do que representa este material que pode ser encontrado nos autos dos seus processos.
Basta ligar para meia dúzia de jornalistas que eles podem dar mais detalhes. É só querer, ou deixar tudo como está, no modo soneca, esperando um milagre para impedir o pior.
Diante de profissionais forjados na ditadura, com amplos apoios de forças daqui e de fora, sem limites éticos para alcançar seus objetivos, não dá para levar a campanha na flauta.
É isto que está em jogo, e o tempo que nos resta é cada vez menor.
Vida que segue.

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