sexta-feira, 31 de maio de 2019

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MÍDIA - A velha mídia está moribunda.


A velha mídia está moribunda, viva a nova mídia.

Os gestores de marketing, comunicação social, publicitários e assessores de imprensa precisam se libertar dos velhos paradigmas. O ecossistema da comunicação, do jornalismo e da formação de opinião já mudou.

Evilazio Gonzaga(*)
Estive em São Paulo visitando diversos portais que estão sendo pioneiros na configuração de uma nova etapa da mídia brasileira de notícias. Há várias iniciativas ocorrendo no Brasil e no mundo, a exemplo do The Intercept, que tem como editor o jornalista Glenn Greenwald, laureado com o Prêmio Pulitzer – o mais importante prêmio do jornalismo internacional outorgado a pessoas que realizem trabalhos de excelência na área do jornalismo, literatura e composição musical. É administrado pela Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque.
O Intercept atinge milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil a experiência estimulou o surgimento de diversas experiências digitais no jornalismo, que estão alcançando um impressionante sucesso. Os dez portais mais importantes, Brasil247, DCM, Nocaute, Revista Fórum, Carta Capital, Viomundo, O Tijolaço, Conversaafiada e a edição brasileira do El Pais, entre outros, atingem mais de 70 milhões de pessoas.
Para efeito de comparação, o principal jornal do país, a Folha de S. Paulo, que já foi consumido por mais de um milhão de pessoas, hoje não chega a 70 mil leitores diários em sua versão impressa. O mesmo ocorre com o jornalismo das redes de televisão. A audiência do jornalismo televisivo cai constantemente e as redes giram sua programação para o entretenimento – mesmo assim sem obter uma substancial recuperação de audiência, cada vez mais atraída por canais como o Netflix ou HBO Plus, Amazon e outros.

Qual a razão de tamanho sucesso dos portais jornalísticos, em tão pouco tempo?

São várias. A primeira é uma tendência mundial, que leva os usuários a optarem pelas novas tecnologias, muito mais acessíveis e práticas do que os mecanismos de comunicação tradicionais que se tornam obsoletos. Os meios digitais permitem às pessoas o acesso ao conteúdo onde estiverem, no horário que preferem, no ritmo mais adequado às suas vidas e em um pequeno aparelho celular todas as opções de mídia estão disponíveis: músicas, vídeos, textos, fotos, ou qualquer registro possível.
Além disso, existe a possibilidade de interconectividade. O usuário, que antes era um mero indivíduo perdido e insignificante na multidão, agora pode se conectar com seu jornalista, comentarista ou programa preferido e emitir a sua opinião. O efeito disso não tem comparação com as arcaicas cartas à redação ou os telefonemas para os programas de rádio ou TV, que pela limitação de espaço e tempo eram obrigados a selecionar apenas umas pouquíssimas amostras.
Essa tendência mundial foi acelerada no Brasil, pelos problemas políticos que atingiram o país. O consumidor de notícias padrão é um indivíduo com boa formação cultural e humanista. Mesmo que seja um profissional de atividades técnicas, como um mecânico, um engenheiro, um médico ou um mestre de obras, o consumidor de notícias típico possui interesses que vão além do seu cotidiano, exige um grau maior de profundidade nas informações que acessa, tem mais bagagem de cultura geral, é influenciado pelo iluminismo, tende a ser humanista, aceita o multiculturalismo, se considera um democrata, rejeita as soluções autoritárias e despreza a violência. Essas pessoas tendem a gostar de matérias mais complexas, textos analíticos, procuram compreender o que há por trás das notícias e se esforçam para relacionar as informações que recebem com o mundo em que vivem.
A mídia brasileira, desde que passou a seguir a fórmula do fenômeno efêmero do US Today nos Estados Unidos, abandonou o jornalismo de matérias mais aprofundadas. A regra do limite de 20 linhas do US Today passou a ser o padrão seguido pela quase totalidade dos veículos nacionais, inclusive os especializados em economia, como o Valor Econômico. Reportagens de folego, que procuram dissecar os acontecimentos, passaram a ser raridade na mídia brasileira.
Isso levou o leitor típico de jornalismo a procurar outras fontes de informação.

O golpe mais forte no jornalismo tradicional, no entanto foi no âmbito político. O leitor típico de jornalismo, descrito acima, pode ser colocado no leque de cores da política no amplo espectro, que vai do centro liberal à esquerda.

A mídia brasileira, desprezando seu consumidor – o que é um erro grave no marketing – passou a assumir uma posição francamente de direita, principalmente a partir de 2013. De lá, para cá todos os veículos da mídia tradicional foram radicalizando as suas posições, com objetivos claramente políticos. No processo, cometeram heresias suicidas para o produto que vendem (informação) e chegaram a divulgar notícias falsas – batizadas com o neologismo de fakenews.
O posicionamento político parcial, extremamente evidente da mídia tradicional, foi considerado uma traição aos consumidores típicos de jornalismo. Trair a confiança dos consumidores é o maior erro que uma marca pode cometer, de acordo com qualquer manual de marketing.
Os três efeitos combinados no Brasil – a tendência mundial, a desqualificação do produto jornalístico, além do descolamento do perfil comportamental e de valores dos consumidores de notícias – levaram quem lê de fato a procurar alternativas, que foram encontradas nos novos portais digitais independentes.
Essa tendência foi reforçada pelo fato de que os melhores jornalistas, pensadores, formuladores, colunistas e líderes de opinião do país estão hoje atuando nos novos portais digitais e não na mídia tradicional, que por questões políticas e de economia afastou as referencias do pensamento brasileiro dos seus quadros.
Assim, na mídia digital hoje são encontrados jornalistas do calibre de Mino Carta, Fernando Morais, Luiz Carlos Azenha, Luís Nassif, Kiko Nogueira, Pepe Escobar, Tereza Cruvinel, Hildegard Angel, Ricardo Kotscho, Leonardo Attuch, Helena Chagas, Paulo Henrique Amorim, Brian Mier,  Fernando Brito, Florestan Fernandes Filho, Juca Kfouri, Xico Sá, José Trajano, Lúcia Helena Issa e outros, que compõem o que há de melhor no jornalismo brasileiro, de longe. A mídia tradicional não tem em suas equipes nada que se compare aos jornalistas, que atualmente atuam no meio digital.
Além dessa seleção de jornalistas, os meios digitais também são os espaços onde atual os pensadores e pesquisadores mais renomados do país, alguns merecedores de admiração mundial, como Celso Amorim, Jesse de Souza, Eduardo Moreira, Marilena Chauí, Márcia Tiburi, Djamila Ribeiro, Leo Avritzer, Pedro Dallari, Ivana Jinkings, Raduan Nassar, Paulo Coelho, Emir Sader, Christian Dunker, Tata Amaral, Carol Proner, Luiz Carlos Bresser Pereira, Samuel Pinheiro Guimarães, Laura Carvalho, Leonardo Yarochewsky, Paulo Sérgio Pinheiro e muitos outros líderes de opinião no Brasil.
Esta verdadeira seleção do que há de melhor no pensamento brasileiro faz com que os novos portais da nova mídia digital sejam um excelente produto para quem quer consumir jornalismo. Em termos de marketing empresarial, os novos portais estão construindo uma vantagem competitiva insuperável, com relação aos seus concorrentes da velha mídia tradicional, porque somente esses veículos oferecem o que o verdadeiro consumidor de notícias demanda: notícias, abordadas com profundidade, qualidade, seriedade e um grau de isenção maior.
Há pesquisas indicando que os hábitos já mudaram. Há alguns anos um cidadão consumidor de notícias começava o dia lendo seu jornal preferido no café da manhã. Hoje, antes de chegar à mesa do café, ele já acessou vários sites de notícias e não compra ou assina mais jornais.
Na medida em que essa nova mídia, que já é uma realidade, se consolidar economicamente, seus veículos irão dominar o mercado editorial de jornalismo no Brasil, levando à provável extinção as empresas antigas que se perderam a confiança do consumidor – e confiança é uma coisa que as marcas não recuperam.
Portanto, os gestores mais atentos de marketing precisam se libertar dos paradigmas antigos, que estão sendo superados, a fim de voltar os seus olhares para aonde está o presente e o futuro da comunicação no Brasil: os portais independentes digitais, onde estão os melhores produtores de conteúdo do país.
(*)Evilazio Gonzaga é jornalista, publicitário, especialista em marketing e empresário de comunicação.    

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quarta-feira, 29 de maio de 2019

ARROZ E FEIJÃO NO TAPA

"O É da Coisa" com Reinaldo Azevedo - 29/05/2019

POLÍTICA - Visita do Chico e do Martinho da Vila ao Chico.


O dia em que eu e o Chico visitamos o Lula, por Martinho da Vila

Site reproduz texto do novo livro do sambista, Crônicas de um Ano Atípico, sobre a visita que fez ao ex-presidente na prisão

MARTINHO DA VILA NA SUPERINTENDÊNCIA DA PF EM CURITIBA. FOTO: RICARDO STUCKERT
Da Redação
29 de maio de 2019, 16h42
   

Amigo é para estas coisas (agosto de 2018)
Por Martinho da Vila*

Visitar amigo que está hospitalizado ou recluso é um grande sofrimento. Foi triste ver o Arlindo Cruz no hospital. Veio à mente a imagem da Rosinha de Valença, violonista preferida. Ela ficou doze anos em coma.
A Beth Carvalho está acamada, volta e meia conversamos por telefone.
Nestes casos, um posicionamento é só comparecer quando muito aguardado e com certeza de que a visita vai proporcionar alguma alegria a quem está enfermo, mas fica a sensação de impotência por não poder fazer nada e causa um abalo por muitos e muitos dias. O mesmo acontece com visita a presidiários. Melhor é mandar uma mensagem.
Falamos sobre a detenção domiciliar que os advogados poderiam conseguir e ele disse “não troco a minha dignidade pela liberdade.” E falou que não deseja sair da prisão enquanto não apresentarem uma prova contra ele
Ao saber que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava no aguardo a uma visita, o contato com um dos advogados dele foi por telefone:
– Alô!
– Bom dia Dr. Ferreira!
– Bom dia! Sua voz é inconfundível.
– Não nos conhecemos pessoalmente, mas algumas vezes nos falamos e a sua também já é familiar. Somos da nobre Família Ferreira. (O nome do sambista é Martinho José Ferreira, e Lula o trata por Ferreira.)
– Nobre e imensa.
– Muito grande mesmo… E importante. Temos o Procópio ator, a Bibi atriz, o Ferreira poeta…
– E o Virgulino Lampião. Pertencemos a uma das maiores famílias do Brasil, só perdemos para os Silva.
– Por falar neles, como vai o nosso?
– Está bem. Apenas um pouco irritado pelas ordens ou desordens dos juízes e desembargadores. Num mesmo dia mandaram soltar, prender, soltar de novo, prender novamente… Agora está calmo, aguardando a sua visita.

A CAPA DO LIVRO DE MARTINHO
Esta conversa ocorreu no meado do mês passado. O Dr. Manoel Caetano Ferreira perguntou se seria possível ir visitá-lo na quinta-feira, dia 3 deste agosto. Lamentavelmente não poderia, por causa de compromissos artísticos em Juazeiro e Petrolina. Porém aconteceu que a Lídia Costa, responsável pela agenda profissional, alguns dias após informou sobre o cancelamento dos shows. Imediatamente:
– Alô meu xará Ferreira! Soube agorinha que não vou mais viajar e posso ir ver o Silva Presidente.
– Há um problema. A Dona Cléo pode ir, mas não poderá entrar. Já agendei com o Chico Buarque e só são permitidas duas pessoas. A Carol ia com ele, também não vai. Posso agendar você e o Chico. Sua esposa poderá ficar esperando em uma sala confortável, a do Chefe da Polícia Federal, em companhia da Gleisi Hoffmann.
– Um momento, por favor, vou falar com ela.
Alguns fãs, raivosos, criticaram a ação da visita. Ficaram sem resposta. Iria responder, educadamente, dizendo que não se abandona um amigo na adversidade, mas foi melhor o silêncio
Um tanto frustrada, Cléo concordou. Viajou comigo, comprou umas flores para o Lula e eu, finalmente, pude rever o Seu Inácio. Cheguei bastante apreensivo, devagar, devagarinho, calculando que ele estaria de “teto baixo”. A prisão provoca um estado depressivo, difícil de ser contornado. Que nada! Cruzamos os olhares e abriu um sorrisão.
– Alô Seu Ferreira! Até que enfim, hein!
– Oi Seu Da Silva!
Saudou, e abraçamo-nos efusivamente. Ao receber as flores, inquiriu galhofando:
– A tua mulher ainda é aquela gaúcha de São Borja que eu conheci em Belo Horizonte no lançamento de um livro seu?
– Ela mesma. É sua admiradora, tipo fã. Evangélica sem fanatismo, ora por você quase todos os dias, vai a manifestações pela sua liberdade com uma camisa que tem a inscrição “Lula ladrão, roubou meu coração”.
O sério Chico Buarque sorriu.
Sem falar muito, o Chico menos ainda, ficamos os três conversando aleatoriamente sobre futebol, música e literatura. O Lula tem pouca escolaridade, mas é bastante culto porque lê muito. Ele é o brasileiro que tem mais títulos de Doutor Honoris Causa outorgados por universidades daqui e do exterior e está, de fato e de direito, em prisão especial, com banheiro próprio, televisão… Falamos sobre a detenção domiciliar que os advogados conseguiriam se ele abrisse mão da candidatura e ele disse “não troco a minha dignidade pela liberdade.” E falou que não deseja sair da prisão enquanto não apresentarem uma prova contra ele.
O que mais o sensibiliza é a vigília que centenas de pessoas fazem dia e noite próximo ao lugar onde ele está. De manhã ele ouve:
– Bom dia, Presidente Lula!
A frase é repetida também ao anoitecer, por muitas vozes:
– Boa noite, amigo Lula!
Quase no final da visita o Dr. Rocha, um amigo antigo que também é um dos advogados, entrou na sala com o Dr. Ferreira e a Gleisi Hoffmann. Notamos que eles tinham assuntos reservados para tratar, nos despedimos e saímos.
No caminho até a sala onde me aguardava a Cléo, paramos várias vezes para fotos com policiais federais simpáticos. Antes de partirmos, a Cléo pediu ao Chico para posar em uma fotografia conosco, chamou o delegado-chefe, entregou-lhe o seu iPhone e ele, gentilmente, tirou.

CHICO, CLÉO E MARTINHO. FOTO: REPRODUÇÃO FACEBOOK
A foto viralizou.
Alguns fãs, raivosos, criticaram a ação da visita. Ficaram sem resposta. Iria responder, educadamente, dizendo que não se abandona um amigo na adversidade, mas foi melhor o silêncio, pois não deu margens para tréplicas.

Fernando Haddad: ataque não é apenas contra a Educação

Ciro Gomes, Maria do Rosario, Freixo, Zaccone e Áureo no Congresso de Po...

É o maior estadista do nosso tempo

É o maior estadista do nosso tempo

Coleta Regular de Testemunhos - C020 - Rita Sipahi

POLÍTICA - "Carta a um jovem brasileiro".


Cerqueira Leite: do que não se pode falar e do que não cansaremos de dizer

“O tempo não é uma medida. Um ano não conta, dez anos não representam nada. Ser artista não significa contar, é crescer como a árvore que não apressa a sua seiva e resiste, serena, aos grandes ventos da primavera, sem temer que o verão possa não vir. O verão há de vir. Mas só vem para aqueles que sabem esperar, tão sossegados como se tivessem na frente a eternidade.”
Não sei se é a este texto do poeta Rainier Maria Rilke a que se refere, em seu artigo de hoje na Folha, o professor Rogério Cezar de Cerqueira Leite, aos 87 anos um das glórias da ciência nacional, um engenheiro e físico que é “pai” de algumas das mais importantes linhas de pesquisa de física atômica do Brasil e de algumas delas, no mundo.
Se não é, expressam a amargura e a esperança com que a geração dele – e a minha, que já vai pelo outono – gostaríamos de dizer aos jovens do que aprendemos e que já não nos permitem ensinar.
Mas teimamos, como faz o velho professor, em sua comovente

Carta a um jovem brasileiro

Rogério Cezar de Cerqueira Leite
Eu gostaria de escrever-lhe uma carta sobre poesia, embora sem o talento do alemão Rainer Maria Rilke, sobre a importância da literatura, das artes, do conhecimento; enfim, sobre tudo o que enriquece a humanidade. Mas eis que nossos líderes agridem tudo que alicerça a cultura de um povo, tal seja a filosofia, a sociologia, a história.
Eu queria escrever-lhe sobre a dádiva da natureza ao brasileiro, sobre as nossas matas, os nossos rios, a nossa fauna e a nossa rica e bela biodiversidade. Pois bem, nossos dirigentes não apenas corrompem as providências para amenizar as inexoráveis e trágicas consequências do aquecimento global como também incentivam o desmatamento e a poluição da atmosfera.
Eu queria falar-lhe, jovem brasileiro, da dignidade do trabalho e da necessidade de conhecimento para enfrentar a dinâmica implacável do progresso tecnológico. Entretanto, esse novo governo asfixia nossas universidades com cortes de verbas e obtusa perseguição.
Eu queria falar-lhe de ciência e tecnologia, da consequente industrialização do nosso país e dos benefícios sociais e econômicos que adviriam de investimentos em pesquisas. Mas esses nossos governantes continuam a desindustrialização começada nos governos Collor e FHC, cortando recursos para ciência, tecnologia e formação pós-graduada, sem o que não haverá industrialização possível já em futuro próximo.
Eu queria escrever-lhe sobre o valor da cidadania, da liberdade, sobre a decência do homem de bem. Porém, “esses arremedos de déspotas” que presidem sobre esta nação liberam a posse de armas, cooptam e protegem milicianos, homenageiam extorsionários e torturadores, estimulam a violência.
Eu gostaria de poder falar-lhe sobre nosso país, sobre nossa história, nossa arte, nossos escritores, nossa música, nossas conquistas. Mas não posso. Nosso país se curva aos interesses imperialistas dos EUA.
Eu queria falar-lhe do ideal de justiça, da solidariedade. Contudo, só vejo ostentação, narcisismo. Juízes vivendo em palácios “nababescos”, servidos a lagostas, pagas com o suor do trabalhador brasileiro. O que um juiz do Supremo come de lagosta e bebe de vinho importado, diariamente em uma única refeição, equivale ao que come por mês uma família que vive com salário mínimo. E, ao contrário de suas excelências, o cidadão brasileiro paga por suas refeições. Eu pensava em conversarmos sobre seu futuro, seus sonhos. E olho para nossos congressistas, supostos guardiões da cidadania e de seu porvir. E só ostentam escandalosa cupidez.
Confesso que eu queria inculcar-lhe, jovem brasileiro, uma certa compulsão por justiça social, um certo interesse pelo próximo e pelo distante, um pouco de civilidade enfim. Mas seria um esforço perdido, tendo em vista a dominação intelectual e ideológica desse governo por um farsante, obsceno e fascista, uma espécie de Rasputin de bordel.
Eu gostaria de encontrar alguma palavra de alento para apaziguá-lo. Eu não queria ser cínico ou parecer desalentado, derrotado. Seria talvez bom se eu pudesse fingir, mentir um pouco. Mas não. Só posso pedir-lhe que me perdoe, e a todos aqueles das gerações que precederam a sua, pelo que lhe subtraíram e talvez também pelo que lhe ensinaram.

POLÍTICA - Carta do Papa ao Lula.


A carta do Papa a Lula: “Não desanime”

POR  · 29/05/2019
A carta do Papa Francisco a Lula, divulgada hoje por Monica Bergamo, na Folha, não é apenas gentil e piedosa, mas reveladora do quanto a situação anômala do Brasil repercute pelo mundo.
Ela é cheia de referências sutis de encorajamento do Pontífice ao ex-presidente, não apenas ao valorizar suas opiniões sobre a situação brasileira – o que fez numa carta a Francisco, há dois meses – que, diz o Papa, “me será de grande utilidade”, mas, a pretexto da Páscoa, convidar Lula a sentir a “alegria serena e profunda de quem acredita que, no final, o bem vencerá o mal, a verdade vencerá a mentira e a Salvação vencerá a condenação”.
Até quando consola Lula pelas perdas que sofreu – a mulher, Marisa, o irmão e o neto – o Papa manda mensagens: “quero lhe manifestar minha proximidade espiritual e lhe encorajar pedindo para não desanimar e continuar confiando em Deus”.
Lá de Roma, Francisco percebe o que alguns aqui não vêem: Lula não está preso por seus defeitos ou eventuais comportamentos pessoais – nunca provados -, mas pela referência que é para o povo brasileiro.
O martírio, do ponto de vista cristão não é “ser santo”, é preferir morrer a renunciar naquilo em que acredita.
Por Esmael Morais

Repercussão de carta para Lula faz Papa Francisco “bombar” no Twitter

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Publicado em 29/05/2019

A notícia da carta enviada pelo Papa Francisco ao ex-presidente Lula fez o Pontífice subir aos trending topics do Twitter. São portais de notícias, blogs, personalidades e lideranças políticas junto com milhares de internautas repercutindo as palavras de apoio do Papa ao principal preso político do mundo.



Na carta, Francisco pede que Lula não desanime e nem perca a fé em Deus. Francisco ainda lembra que, ao final, “o bem vencerá o mal, a verdade vencerá a mentira e a Salvação vencerá a condenação”.

OS ATOS PRÓ-BOLSONARO ACENTUARAM AINDA MAIS AS DIVISÕES INTERNAS

terça-feira, 28 de maio de 2019

"Não sou moleque": Marco Antonio Villa é afastado da Jovem Pan pelo fasc...

"Não sou moleque": Marco Antonio Villa é afastado da Jovem Pan pelo fasc...

POLÍTICA - Bolsonaro insiste em jogar para várias plateias ao mesmo tempo.

Jair Bolsonaro dá a Codevasf com uma mão e tira o Coaf com a outra. Por Helena Chagas

 
Davi Alcolumbre, Jair Bolsonaro, Rodrigo Maia, Onyx Lorenzoni. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
PUBLICADO NO PORTAL OS DIVERGENTES
Prisioneiro do próprio discurso, o presidente Jair Bolsonaro tem cada vez mais dificuldades para conciliar atos e palavras. Ao mesmo tempo em que festeja os movimentos que foram às ruas contra o Centrão, deixa correr nos bastidores a negociação que deverá dar o comando da Codevasf ao líder do PP, Arthur Lira (AL), até ontem um dos mais hostis integrantes do grupo em relação ao governo. Não por acaso, Lira vem amenizando o tom – afinal, a Codevasf é o sonho de consumo de qualquer político nordestino.
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Mas os bolsonaristas não foram às ruas no domingo marchar contra os fisiológicos do Centrão, sob os aplausos presidenciais? Pois é. Nesta manhã, Bolsonaro chamou para um café institucionais alguns dos alvos das manifestações dominicais, os presieentes da Câmara, Rodrigo Maia, do Senado, Davi Alcolumbre, e do STF, Dias Toffoli. Será que, entre um pãozinho com leite condensado e outro, ele perguntou a Maia o que achou dos ‘pixulecos” exibidos nas manifestações-que-suspostamente-não-eram-do-governo-mas-acabaram-sendo depois que deram certo? Saia justa.
Difícil mesmo será explicar, na narrativa governista, como o Coaf voltou ao Ministério da Justiça mas inviabilizou a reforma administrativa de Bolsonaro – se isso vier a acontecer hoje na votação da medida provisória 870 no Senado. O Planalto tratou de repetir, ontem, que a ordem de Bolsonaro a seus aliados era manter o Coaf onde está, na Economia, para que não se corra o risco de ver a medida ‘caducar”, ou seja, perder a validade e fazer a Esplanada retornar ao modelito de 29 ministérios – o que seria, acima de tudo, um vexame.
Só que nas ruas os bolsominios reivindicaram o Coaf, e as forças contrárias à suposta orientação do Planalto estão na própria Esplanada. O ministro da Justiça, Sergio Moro, continua cabalando votos de senadores para recuperar o Coaf. O lider do governo, Major Olimpio, também trabalha para isso. Onde está o governo, afinal?
Tudo indica que em lugar nenhum, ao menos enquanto Bolsonaro, com comportamento de biruta de aeroporto, insistir em jogar para várias platéias ao mesmo tempo.