“Quando o povo vai para a rua pedir a saída de Bolsonaro, é porque ele é pior do que o vírus”, diz jornalista

30/05/2021  Por REDAÇÃO URBS MAGNA
“Quando o povo vai para a rua pedir a saída de Bolsonaro, é porque ele é pior do que o vírus”, diz jornalista

“Com vacina para todos, as manifestações seriam ainda maiores”, apesar de presentes em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal. Ainda assim, a conscientização sobre o distanciamento manteve grande parte em casa

Todos os estados e o Distrito Federal registraram manifestações contra o governo Bolsonaro neste sábado (29). Os grupos pediram vacina contra a Covid-19, o retorno do auxílio emergencial, além do impeachment do presidente, mas outra parte, maioria, ficou em casa conscienciosos de que o melhor seria manter o distanciamento social como medida de prevenção contra a covid. Mas se o povo foi “para a rua pedir a saída de Bolsonaro, é porque ele é pior do que o vírus“, disse uma jornalista.

Difícil contabilizar o saldo [das pessoas presentes nas ruas], mas a conta é certamente negativa para o governo”, escreveu Mariliz Pereira Jorge na Folha deste domingo. “Mesmo com pandemia e sem vacina, o volume de gente nas principais capitais do país deveria ser suficiente para acender o alerta vermelho – e isso não é uma analogia – na Presidência”, escreve.

O único estado a registrar oposição às manifestações pacíficas foi Pernambuco, onde em sua capital, Recife, a Polícia Militar atirou balas de borracha e gás lacrimogêneo contra os participantes. A vereadora Liana Cirne (PT) chegou a ser agredida com spray de pimenta e a manifestação foi encerrada mais cedo, por volta das 13h.

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), disse que o comandante e demais policiais militares envolvidos na agressão à vereadora foram afastados das funções e serão investigados. Mais cedo, a vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos (PCdoB), afirmou que a ação da PM não foi autorizada pelo governo do estado.

Diferentemente dos manifestantes pró-Bolsonaro, que não têm medo de se aglomerar, de se infectar e de morrer, a maioria das pessoas que saiu de casa preferia não estar nas ruas protestando por conta do risco, diz Mariliz.

“A rejeição ao presidente, já demonstrada pelas últimas pesquisas e pelos panelaços, começa a ganhar as ruas, mesmo que timidamente. E o dia de hoje [sábado] pode ter sido o ponto da virada em que a falta de vacina, que impede opositores de se manifestar, seja também a razão que fará com que cada vez mais gente perca o medo de enfrentar a pandemia para derrubar o presidente”, diz em seu texto.

Se grande parte da população já estivesse vacinada e pudesse exercer seus direitos políticos sem medo, qual o tamanho das manifestações deste sábado?