Wyllys diz que cuspiria em Bolsonaro ‘de novo’ por voto que humilhou Dilma

30/08/2021  Por REDAÇÃO URBS MAGNA
Wyllys diz que cuspiria em Bolsonaro ‘de novo’ por voto que humilhou Dilma

“Não bastava humilhar publicamente e tirar o mandato eleito pelo povo, mas [o voto de Bolsonaro] implicava em reacender traumas terríveis dela

Em exílio fora do Brasil, o jornalista e político recém-filiado ao PT Jean Wyllys relembrou hoje o episódio em que cuspiu no então deputado e agora presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a votação pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016. Ele disse que paga “um preço altíssimo” pela reação até hoje, mas que não se arrepende e afirma que faria de novo.

Claro que faria novamente naquelas circunstâncias. Esse gesto ganha significado maior e é mais compreendido hoje do que naquele momento. Só lembro que cometi esse ato porque tem imagens, entrei em um tipo de transe.

Para Jean, o processo que retirou Dilma da presidência foi um “espetáculo para humilhar uma mulher” e a noite da votação final foi um episódio “grotesco”. “Não bastava humilhar publicamente e tirar o mandato eleito pelo povo, mas [o voto de Bolsonaro] implicava em reacender traumas terríveis dela, uma pessoa que nunca foi torturada pode nem ter ideia do que é isso e dessas feridas dentro de nós”, disse ele no UOL Entrevista, conduzido pela apresentadora Fabíola Cidral e com os colunistas Leonardo Sakamoto e Maria Carolina Trevisan.

Jean disse que sua reação aconteceu logo após Bolsonaro dedicar seu voto ao torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna), órgão de repressão da ditadura. Para ele, o impeachment foi um “espetáculo montado para humilhar uma mulher, a primeira presidenta, transmitido em cadeia nacional”.

“Aquilo foi tão indigno, eu tremia de ódio e raiva. Quando fui votar em sequência [após Bolsonaro], fui votar em uma chuva de insultos. Como um país se prestava a essa vergonha? Que parlamento era aquele? Como eu tinha sido eleito e ia votar sob uma chuva de xingamentos homofóbicos? Quando voltei ao meu lugar, esse sujeito [Bolsonaro] fez um insulto homofóbico, que não vou reproduzir, e aí nessa hora entrei em um transe e cuspi na cara dele. Meu gesto foi o maior de dignidade da minha noite”, afirmou.

Defenderia essa mulher [Dilma] de novo, porque a defesa dela é a minha. Nós, LGBTs, e mulheres somos as grandes vítimas daquela bancada.

Wyllys, que hoje mora na Espanha, disse que só considera voltar para o Brasil quando o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) estiver “derrotado de vez”.