O general David Petraeus diz que o Afeganistão não vivia uma semana com tantos ataques dos rebeldes desde a invasão do país em 2001. "E os números vão aumentar, porque agora vamos persegui-los nos seus esconderijos, como temos de fazer", adianta o chefe do comando militar dos EUA no Médio Oriente e Ásia Central, numa altura em que é atribuída às suas tropas a responsabilidade pela morte de mais civis no leste afegão.
Na semana em que tomou posse o novo comandante militar norte-americano no Afeganistão, que leva carta branca de Obama para empreender uma nova fase da guerra, o responsável pela região quis sublinhar os 400 ataques rebeldes na semana passada, oito vezes mais que no início de 2004.
Stanley McChrystal, o general escolhido por Obama para implementar o reforço da guerra no Afeganistão já seleccionou cerca 400 oficiais e soldados para com ele trabalharem entre os EUA e Cabul. Antes de aterrar em Cabul, McChrystal vem à Europa recolher apoios para o renovado esforço de guerra. Do lado português, o ministro da Defesa diz que o país "está num processo de decisão no sentido de reforçar de uma forma significativa a sua presença no Afeganistão". Nuno Severiano Teixeira lembra que Cavaco Silva convocou para a próxima semana "um Conselho de Estado para debater esta matéria".
O Senado norte-americano deu luz verde na quarta-feira à nomeação do general, depois de garantido o apoio dos republicanos. Mas o nome de McChrystal está também associado a fortes suspeitas de violação dos direitos humanos. A maior parte do seu currículo de 33 anos de militar ao serviço encontra-se classificada como confidencial. Mas sabe-se que entre 2003 e 2008 foi o comandante das Operações Especiais Conjuntas, que o New York Times descreve como "uma unidade de elite tão clandestina que o Pentágono demorou vários anos a reconhecer a sua existência". O mesmo jornal confirma que Stanley McChrystal comandou pessoalmente no Iraque muitas operações que tinham como objectivo localizar e matar suspeitos de terrorismo.
Ao dizer que a sua estratégia para a guerra afegã tem como objectivo diminuir as baixas entre os civis, as primeiras palavras de McChrystal à imprensa internacional serviram para tentar acalmar a relação cada vez mais tensa entre militares e a população, que cada vez mais se sente um alvo das tropas de ocupação.
Sò esta semana, os militares das tropas da NATO no Afeganistão já admitiram a morte de seis civis na província de Kunar, após um acidente rodoviário envolvendo um veículo militar que acabou em troca de tiros. Noutro incidente na mesma região, os tiros disparados pelos soldados norte-americanos terão morto dois civis afegãos, ainda segundo a NATO.
Mas é um terceiro acontecimento desta semana que está a incendiar os ânimos da opinião pública afegã. Na capital da província de Kunar, perto da fronteira com o Paquistão, os soldados norte-americanos são acusados de terem lançado uma granada sobre dezenas de pessoas que se aproximavam para ver as manobras de remoção dum grande veículo militar que tinha embatido num prédio.
O resultado foi a morte de três pessoas e ferimentos em mais 58, entre os quais muitas crianças. Os militares dos EUA negam as acusações de algumas testemunhas e lançaram mesmo um vídeo dessa explosão, em que não se consegue ver quem foi o autor do atentado. Pressionado pelo escândalo, o presidente afegão Hamid Karzai prometeu investigar o sucedido.
A guerra no Afeganistão já alastrou há muito para as montanhas do Paquistão e desde o fim de Abril o exército paquistanês tem em marcha uma ofensiva nas zonas de fronteira. Desde então, reconhece a morte de 1429 rebeldes e 126 soldados. Só nos combates das últimas 24 horas, o Paquistão anunciou ter morto 52 combatentes talibã, para além de registar a morte de 12 soldados nesses confrontos.
Fonte:Esquerda.net
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