Janot abrirá inquérito contra Aécio? Duvido!
Por Altamiro Borges
Sem muito alarde, a mídia privada noticiou na sexta-feira (31) que a
Procuradoria-Geral da República analisará, após o recesso do Judiciário, se vai
pedir a abertura de inquérito contra os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Renan
Calheiros (PMDB-AL) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Em sua delação premiada,
Carlos Alexandre de Souza Rocha, o "entregador de dinheiro" do doleiro Alberto
Youssef, garantiu que repassou diretamente R$ 300 mil ao grão-tucano e R$ 1
milhão ao presidente do Senado. Quanto ao senador do Amapá, que trocou o PSOL
pela Rede de Marina, ele disse "ter ouvido" do seu chefe mafioso que o
parlamentar recebeu R$ 200 mil, mas que não efetuou a entrega do dinheiro.
Os três denunciados negam o recebimento da propina. A
assessoria do cambaleante Aécio Neves classificou a citação do seu nome na
delação premiada de "absurda e irresponsável". Já o senador Randolfe Rodrigues
partiu para o ataque, afirmando que "alguns porcos querem levar todos para o
chiqueiro deles". E o presidente do Senado, Renan Calheiros - que já é alvo de
inquérito sob suspeita de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras
investigado pela Operação Lava-Jato -, disse que as declarações de Souza Rocha
"são de uma inconsistência absoluta".
Se depender da mídia tucana, o grão-tucano logo estará novamente livre e
solto - sem inquérito, sem investigação e, muito menos, sem condenação ou
prisão. A delação do "entregador de dinheiro" de Alberto Youssef contra o
cambaleante foi abafada nos jornais, revistas e emissoras de rádio e tevê. A
Folha tucana optou por colocar uma nota de rodapé na sua capa e chegou a deletar
a denúncia do seu site de notícias - que só voltou após a chiadeira na internet.
Já as desculpas do presidente nacional do PSDB têm recebido generosos espaços na
imprensa oposicionista. Quanto a Renan Calheiros - que virou o inimigo número um
dos "calunistas", como Merval Pereira, por se contrapor ao impeachment de Dilma
- e a Randolfe Rodrigues, eles que se cuidem para evitar a satanização
midiática.
Já se depender do procurador-geral Rodrigo Janot, a situação do senador
mineiro-carioca também não é tão preocupante. Aécio Neves já havia sido citado
pelo próprio Alberto Youssef em sua delação premiada, mas o PGR não abriu
inquérito por considerar que os indícios "eram fracos". Parece que nada pega
contra o tucano golpista - aeroporto construído com dinheiro público na fazenda
do seu tio-avo em Cláudio (MG); uso de aeronaves oficiais para conduzir seus
parentes e amigos (inclusive barões da mídia e celebridades globais);
publicidade governamental em rádios da família; ou a Lista de Furnas. Rodrigo
Janot, tão chegado aos holofotes midiáticos, evita tocar no cambaleante! Será
que agora ele mudará de atitude. A conferir após o fim do recesso do Judiciário,
em fevereiro!
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