Pedro (Malan) Parente des(cons)trói a Petrobras
A Petrobras servia o interesse público. Agora, o mercado (americano)
O ansioso blogueiro recebeu do amigo brizolista Oswaldo Maneschy essa importante análise:
Paulo,
excelente artigo do Paulo Cesar Roberto Lima, ex-engenheiro da Petrobras que, por concurso, tornou-se assessor legislativo da Câmara dos Deputados. Ele trabalhou na lei dos royalties do petroleo, relatada pelo deputado André Figueiredo (PDT-CE) que destinou os recursos para a Educação e a Saúde.
Na segunda-feira (3), os petroleiros ligados ao Sindpetro RJ iniciam às 16 horas uma vigília na sede da Petrobras, na Avenida Chile, no Rio. Os cretinos querem abrir o pre--sal à sanha das petrolíferas internacionais, prejudicando o Brasil e a Petrobras, exatamente no dia da fundação da maior de todas as empresas brasileiras em 1953, por Getúlio Vargas.
Cretinos!
A desintegração da Petrobras
excelente artigo do Paulo Cesar Roberto Lima, ex-engenheiro da Petrobras que, por concurso, tornou-se assessor legislativo da Câmara dos Deputados. Ele trabalhou na lei dos royalties do petroleo, relatada pelo deputado André Figueiredo (PDT-CE) que destinou os recursos para a Educação e a Saúde.
Na segunda-feira (3), os petroleiros ligados ao Sindpetro RJ iniciam às 16 horas uma vigília na sede da Petrobras, na Avenida Chile, no Rio. Os cretinos querem abrir o pre--sal à sanha das petrolíferas internacionais, prejudicando o Brasil e a Petrobras, exatamente no dia da fundação da maior de todas as empresas brasileiras em 1953, por Getúlio Vargas.
Cretinos!
A desintegração da Petrobras
Por Paulo Lima
A criação da Petrobras
como executora do monopólio estatal a partir de 1953, com a aprovação da
Lei nº 2004, representa o principal marco do setor petrolífero
nacional. O período de monopólio foi uma fase marcante na história do
País pelo fato de a Petrobras ter nascido do debate democrático,
atendendo aos anseios da sociedade brasileira.
Nesse período, a Petrobras foi implantada, expandida, integrada e
verticalizada “do poço ao posto”, com grande sucesso. Até o início da
década de 1980, apesar de ter uma produção de petróleo abaixo da sua
demanda, o Brasil se orgulhava de ter uma capacidade de refino superior
às necessidades do País. Foi construído o parque brasileiro de refino,
constituído por 14 refinarias, sendo 12 pertencentes à Petrobras. Além
disso, foram feitos grandes investimentos em petroquímica,
fertilizantes, gasodutos, oleodutos e terminais.
Desde a sua criação, a
história da Petrobras foi marcada por dificuldades, mas também por
perseverança e sucesso. Ao iniciar suas atividades, a empresa dependia,
quase que exclusivamente, da importação de materiais, equipamentos,
serviços e recursos humanos especializados. No entanto, essas
dificuldades serviriam como desafio.
A Petrobras acabou sendo
polo indutor da formação de mão de obra qualificada e de desenvolvimento
de produtos e serviços no território nacional, tornando-se, dessa
maneira, verdadeiro epicentro de progresso tecnológico e produtivo no
Brasil. A indústria petrolífera brasileira acabou sendo grande impulsora
de um projeto de desenvolvimento nacional que tinha como elemento
central as políticas setoriais de substituição de importações e o
enfrentamento à industrialização tardia do País.
Constitucionalmente, a
Petrobras manteve-se como executora do monopólio estatal do petróleo nas
atividades de exploração, produção, refino, transporte e comércio
exterior até a promulgação da Emenda Constitucional nº 9, de 1995, que
alterou o art. 177 da Carta Magna, e da Lei nº 9.478, de 6 de agosto de
1997. A partir desse novo marco legal, a União passou a poder contratar
outras empresas.
O fim do monopólio da
Petrobras não representou o fim da estatal. O estabelecimento da
concorrência a partir do regime de concessão não inibiu as atividades da
integrada e competente estatal, construída ao longo do período do
monopólio. Foi a competência técnica e operacional da Petrobras que
levou à descoberta da província do Pré-Sal em 2006. O principal evento
do setor petrolífero mundial das últimas décadas. A exploração e
produção de petróleo em águas profundas talvez seja a única área na qual
o Brasil detenha a liderança tecnológica mundial.
Com a descoberta do
Pré-Sal, foi introduzido, em 2010, o regime de partilha de produção, nos
termos da Lei nº 12.351, e criada uma nova empresa estatal denominada
Pré-Sal Petróleo S.A. – PPSA. Essa empresa pública, criada por meio da
Lei 12.304, de 2 de agosto de 2010, tem como principal objetivo gerir os
contratos de partilha de produção.
Assim como 1953, o ano de
2016 pode ser considerado um novo marco histórico. Em setembro desse
ano, foi apresentado o Plano de Negócios e Gestão – PNG 2017-2021. O
primeiro plano sob a presidência do Sr. Pedro Parente.
Durante a divulgação do PNG 2017-2021, o Presidente da Petrobras foi
enfático quanto à necessidade de reduzir a relação dívida
líquida/EBITDA, chamada de alavancagem, de 5,3 para 2,5. Para se obter
essa redução, até 2018, prevê-se um grande corte nos investimentos,
enormes amortizações e um questionável plano de desinvestimento.O PNG 2017-2021 prevê que a Petrobras terá uma fonte de recursos de US$ 179 bilhões de 2017 a 2021, assim distribuída:
− geração de caixa operacional, após dividendos: US$ 158 bilhões;
− parcerias e desinvestimentos: US$ 19 bilhões;
− uso do caixa: US$ 2 bilhões.
Essa fonte de recursos terá os seguintes usos:
− investimentos: US$ 74 bilhões;
− amortizações: US$ 73 bilhões;
− despesas financeiras: US$ 35 bilhões.
As parcerias e
desinvestimentos no total de US$ 19 bilhões representam a venda de
ativos, alguns estratégicos para a Petrobras, em um momento em que os
baixos preços do petróleo desvalorizam os ativos do setor.
Usos e fontes de recursos
A privatização da BR
Distribuidora e da Nova Transportadora do Sudeste – NTS, além da venda
de Carcará, significa abrir mão de ativos rentáveis e estratégicos para a
Petrobras e para o País.
Não há necessidade de se
vender esses e outros ativos. Em vez de se gerar recursos de US$ 19
bilhões com vendas, esses recursos deveriam ser oriundos da redução das
amortizações e despesas financeiras, que totalizam o injustificável
valor de US$ 102 bilhões.
O total de amortizações e
despesas financeiras deveria ser reduzido de US$ 102 bilhões para US$ 82
bilhões, sendo preservados os ativos da Petrobras, principalmente
aqueles considerados estratégicos.
O custo de rolagem da
dívida de 8,6% ao ano decorrente dessa redução de US$ 19 bilhões nas
amortizações e despesas financeiras, apesar de alto, é menor que a
rentabilidade de ativos estratégicos como a BR Distribuidora e a NTS.
Ativos esses que foram construídos com esforço e competência ao longo da
história da Petrobras.
Não se tem notícia da
venda de gasodutos e da perda do controle acionário de empresas
distribuidoras de grandes grupos como a Shell, Total, BP e ExxonMobil.As
distribuidoras são fundamentais para as petrolíferas mundiais tanto do
ponto de vista financeiro quanto estratégico. É a partir das
distribuidoras que as empresas mostram sua marca para o público.
Também grande é a redução
nos investimentos da Petrobras. O PNG 2017-2021 prevê investimentos de
apenas US$ 74 bilhões. No período de 2010 a 2014, a Petrobras investiu
US$ 209 bilhões. Ou seja, o investimento previsto no PNG 2017-2021 é
quase três vezes menor que o ocorrido de 2010 a 2014. Os investimentos
da Petrobras deveriam, de fato, ser reduzidos, mas não nessa proporção.
Além de baixos, o PNG
2017-2021 mostra uma concentração dos investimentos na área de
exploração e produção. Dos US$ 74 bilhões a serem investidos, 82% serão
destinados à essa área. Os investimentos em refino serão principalmente
para continuidade operacional. Registre-se, ainda, que as áreas de
petroquímica, energia elétrica, fertilizantes e biocombustíveis
praticamente não existem no novo plano da Petrobras.
Registre-se que a ANP já
previa um grande aumento na dependência de importações de combustíveis
nos próximos anos. As importações totais do Brasil poderiam chegar, em
2025, a 1 milhão de barris de derivados por dia. O quadro de grande
dependência de derivados importados se consolida com o PNG 2017-2021.
O novo plano da Petrobras
indica uma visão financeira e de curto prazo, que sinaliza para a
criação de uma empresa de exploração e produção, com foco nas áreas já
descobertas do Pré-Sal, e a privatização ou venda de participação de
ativos estratégicos.
A própria “Petrobras do
Pré-Sal” que está sendo gestada no PNG 2017-2021 também pode vir a ser
privatizada, uma vez que a empresa já garantiu os direitos relativos às
principais áreas do Pré-Sal e que os sistemas de produção já estarão
instalados. Dessa forma, as extraordinárias jazidas do Pré-Sal e
respectivas instalações podem ser, no futuro, transferidas para outras
empresas.
A empresa estatal
integrada, com participação estratégica em todo o território nacional,
proprietária e operadora de oleodutos, gasodutos, terminais, refinarias,
fábricas de fertilizantes, unidades petroquímicas, plantas de
biocombustíveis e termelétricas está sob risco.
O novo plano da Petrobrás
não se mostra “estratégico” para o Brasil. Ele sinaliza para o fim do
principal projeto nacional, criado em 1953, por iniciativa do então
Presidente Getúlio Vargas, que contou com o apoio de quase todas as
correntes políticas e ideológicas.
A existência da Petrobras
deve ter como base o interesse público, não os interesses do mercado. Se
erros foram cometidos, eles devem ser corrigidos. Erros passados não
devem servir de pretexto para a desintegração da Petrobras.
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