nsamento único da mídia monopolista
Por Laurindo Lalo Leal Filho, na Rede Brasil Atual:
Chegam a ser constrangedores os raros momentos em que um convidado de um programa de TVfoge da linha oficial da emissora. As expressões dos apresentadores beiram o pânico, a contenção imposta ao entrevistado é evidente e seu nome, com toda certeza, retirado da lista da produção. No entanto esses momentos são raros.
A regra é de que todos rezem pela mesma cartilha. O objetivo é inculcar na população a ideia de que sem implodir os direitos dos trabalhadores, garantidos pela atual Previdência, o país irá à falência. O sucesso dessa estratégia pode ser visto em depoimentos de pessoas, futuras vítimas dessa política, defendendo as pretensas “reformas”. Sou testemunha disso.
Se nos chamados programas de debates, que de debates não têm nada, ainda ocorrem descuidos dos produtores, no noticiário a linha oficial é rigorosamente cumprida. Discordâncias podem resultar em demissões. Seria ingênuo admitir a possibilidade de que esses funcionários das emissoras, sem dúvida escolarizados, não conheçam os inúmeros trabalhos existentes mostrando a falácia da tal reforma. Só que uma referência a eles pode representar o fim do emprego. E isso não ocorre só com a TV. Vale para o rádio e para os meios impressos.
Outro exemplo notável do pensamento único veiculado pela mídia brasileira é a cobertura a respeito da situação da Venezuela. Apesar das sucessivas eleições realizadas nos últimos anos, a mídia brasileira decidiu que lá vigora um regime ditatorial e o presidente da República, eleito democraticamente, é chamado de ditador. Inúmeras horas de transmissão de rádio e TV, páginas e mais páginas de jornais e revistas são usadas para desqualificar o governo e exaltar golpistas que surgem periodicamente, impulsionados por interesses externos.
Há casos extravagantes. Correspondentes baseados em Buenos Aires ou Nova York falam sobre acontecimentos ocorridos em Caracas. Revelam muito mais as suas opiniões e as de seus patrões sobre o que ocorre na Venezuela do que informam. Outro dia foi possível saber o que ocorre naquele país, não através desses correspondentes, mas de uma jornalista entrevistada pela FoxNews. Ela surpreendeu o apresentador revelando fatos até então escamoteados pela emissora estadounidense. Vozes como essa passam longe da mídia brasileira.
Nem nos golpes contra Getúlio Vargas, em 1954, e Jango, em 1964, vimos a mídia tão unida como agora. E desta vez não é para depor um presidente, mas para arruinar um país. Trato da destruição da previdência social, assumida como projeto prioritário do atual governo e encampada sem restrições pelos meios de comunicação.
Chegam a ser constrangedores os raros momentos em que um convidado de um programa de TVfoge da linha oficial da emissora. As expressões dos apresentadores beiram o pânico, a contenção imposta ao entrevistado é evidente e seu nome, com toda certeza, retirado da lista da produção. No entanto esses momentos são raros.
A regra é de que todos rezem pela mesma cartilha. O objetivo é inculcar na população a ideia de que sem implodir os direitos dos trabalhadores, garantidos pela atual Previdência, o país irá à falência. O sucesso dessa estratégia pode ser visto em depoimentos de pessoas, futuras vítimas dessa política, defendendo as pretensas “reformas”. Sou testemunha disso.
Se nos chamados programas de debates, que de debates não têm nada, ainda ocorrem descuidos dos produtores, no noticiário a linha oficial é rigorosamente cumprida. Discordâncias podem resultar em demissões. Seria ingênuo admitir a possibilidade de que esses funcionários das emissoras, sem dúvida escolarizados, não conheçam os inúmeros trabalhos existentes mostrando a falácia da tal reforma. Só que uma referência a eles pode representar o fim do emprego. E isso não ocorre só com a TV. Vale para o rádio e para os meios impressos.
Outro exemplo notável do pensamento único veiculado pela mídia brasileira é a cobertura a respeito da situação da Venezuela. Apesar das sucessivas eleições realizadas nos últimos anos, a mídia brasileira decidiu que lá vigora um regime ditatorial e o presidente da República, eleito democraticamente, é chamado de ditador. Inúmeras horas de transmissão de rádio e TV, páginas e mais páginas de jornais e revistas são usadas para desqualificar o governo e exaltar golpistas que surgem periodicamente, impulsionados por interesses externos.
Há casos extravagantes. Correspondentes baseados em Buenos Aires ou Nova York falam sobre acontecimentos ocorridos em Caracas. Revelam muito mais as suas opiniões e as de seus patrões sobre o que ocorre na Venezuela do que informam. Outro dia foi possível saber o que ocorre naquele país, não através desses correspondentes, mas de uma jornalista entrevistada pela FoxNews. Ela surpreendeu o apresentador revelando fatos até então escamoteados pela emissora estadounidense. Vozes como essa passam longe da mídia brasileira.
Apologia ao crime
Mas o pensamento único não se restringe a esses fatos evidentes. Há questões mais sutis como a da violência, tratada hoje como programa de governo. Na mídia ela aparece como algo intrínseco à sociedade brasileira, quase sempre desvinculada de suas causas estruturais, pobreza, abandono, desigualdade. Na televisão assume ares de espetáculo mórbido capaz de alavancar índices elevados de audiência. Explorada por apresentadores histriônicos incentivadores de mais violência. Não por acaso gestos simulando armas na última campanha eleitoral foram recebidos com naturalidade por parcela considerável da população.
A possibilidade aberta pelo governo ao permitir o porte legal de armas para quase 20 milhões de pessoas decorre desse longo processo de embrutecimento da sociedade através da mídia. Não se trata de um fenômeno recente. Nos primórdios da televisão, O Homem do Sapato Branco, interpretado por Jacinto Figueira Junior, já apelava para o grotesco no trato de supostos pequenos contraventores.
Nas últimas décadas esse tipo de programa espalhou-se pelo país alçando ao estrelato figuras como Ratinho ou Wagner Montes. Personagens semelhantes apareceram em inúmeras cidades brasileiras enraizando a ideia de que a violência necessita de valentões para combatê-la e, claro, de muitas armas.
Se dessa forma a apologia ao crime disfarçada de informação já era um incentivo à barbárie, com o aval do governo os limites da decência se ampliaram. A Rede Bandeirantes deixou de lado qualquer prurido de sensatez e colocou no ar um editorial apoiando o decreto que praticamente libera o porte de armas no país. Fez isso com dupla motivação: adular um governo do qual depende financeiramente para sobrevier e fortalecer o uso da violência para defender os seus próprios interesses, especialmente no campo.
Para reverter o embrutecimento existente na sociedade brasileira, gerado pelo secular processo de escravização de pessoas sequestradas na África, seria necessário um longo programa civilizatório de cunho político-cultural. Nesse sentido a Constituição de 1988 foi um alento. Apontava-se para uma sociedade mais justa e humanizada. Indicava-se um futuro um pouco mais promissor que passou a ser sistematicamente destruído a partir do golpe de 2016. Com o apoio aberto e incondicional da mídia unificada
Mas o pensamento único não se restringe a esses fatos evidentes. Há questões mais sutis como a da violência, tratada hoje como programa de governo. Na mídia ela aparece como algo intrínseco à sociedade brasileira, quase sempre desvinculada de suas causas estruturais, pobreza, abandono, desigualdade. Na televisão assume ares de espetáculo mórbido capaz de alavancar índices elevados de audiência. Explorada por apresentadores histriônicos incentivadores de mais violência. Não por acaso gestos simulando armas na última campanha eleitoral foram recebidos com naturalidade por parcela considerável da população.
A possibilidade aberta pelo governo ao permitir o porte legal de armas para quase 20 milhões de pessoas decorre desse longo processo de embrutecimento da sociedade através da mídia. Não se trata de um fenômeno recente. Nos primórdios da televisão, O Homem do Sapato Branco, interpretado por Jacinto Figueira Junior, já apelava para o grotesco no trato de supostos pequenos contraventores.
Nas últimas décadas esse tipo de programa espalhou-se pelo país alçando ao estrelato figuras como Ratinho ou Wagner Montes. Personagens semelhantes apareceram em inúmeras cidades brasileiras enraizando a ideia de que a violência necessita de valentões para combatê-la e, claro, de muitas armas.
Se dessa forma a apologia ao crime disfarçada de informação já era um incentivo à barbárie, com o aval do governo os limites da decência se ampliaram. A Rede Bandeirantes deixou de lado qualquer prurido de sensatez e colocou no ar um editorial apoiando o decreto que praticamente libera o porte de armas no país. Fez isso com dupla motivação: adular um governo do qual depende financeiramente para sobrevier e fortalecer o uso da violência para defender os seus próprios interesses, especialmente no campo.
Para reverter o embrutecimento existente na sociedade brasileira, gerado pelo secular processo de escravização de pessoas sequestradas na África, seria necessário um longo programa civilizatório de cunho político-cultural. Nesse sentido a Constituição de 1988 foi um alento. Apontava-se para uma sociedade mais justa e humanizada. Indicava-se um futuro um pouco mais promissor que passou a ser sistematicamente destruído a partir do golpe de 2016. Com o apoio aberto e incondicional da mídia unificada
Nenhum comentário:
Postar um comentário