quarta-feira, 1 de junho de 2022

Brasil de Fato

 

 
Brasil de Fato
 
Quando o assunto da semana é o “tororó” da Anitta
 
Quarta-feira, 1º de junho de 2022
 
 
Existe a possibilidade de você não ter visto nada sobre como a Anitta, sem fazer nada, incomodou sertanejos bolsonaristas, mas a probabilidade é baixa. Isso porque desde o fim de semana a internet não fala de outra coisa (ok, fala de Stranger Things, futebol e mais um ou outro tema, mas deu pra entender).
 
Pra quem perdeu o fio da meada e já não sabe mais o que aconteceu, o resumo é que um cantor sertanejo resolveu criticar a Anitta em um show, misturando a tatuagem que a cantora tinha feito um ano antes na sua região íntima com a Lei Rouanet, que não tinha nada a ver com o assunto. Só que quem tem telhado de vidro deveria cuidar melhor dele. O de Zé Neto quebrou, e junto com ele o de Gusttavo Lima, outro cantor sertanejo que entrou na história uns dias depois quando inventou de criticar o comunismo em um show.
 
Neto criticou a Rouanet, uma lei de fomento à cultura cheia de mecanismos de controle, enquanto recebia R$ 400 mil da prefeitura de Sorriso (MT), de 92 mil habitantes, por um show. Achou ruim? Pois piora.
 
Dono de um avião de R$ 250 milhões e de um barco que comprou por R$ 25 milhões do cantor Roberto Carlos, Gusttavo Lima tinha um contrato de R$ 800 mil assinado para um show no município de Magé (RJ), de OITO mil habitantes. O Ministério Público abriu investigação, o show foi suspenso e agora os sertanejos bolsonaristas viraram vitrine. Aqui você consegue ler todos os detalhes dessa história.
 
Mas a síntese é: Anitta, mais uma vez, fez mais pelo Brasil que Bolsonaro.
 
Mas tenho que ser honesta com você, colocamos o “tororó” da Anitta no assunto deste e-mail por dois motivos: primeiro porque o tema é, sim, importante e simbólico dessa forma de agir bolsonarista, mas também pra fazer você clicar e abrir este e-mail. Isso porque temos mais coisas importantes pra falar.
 
Bolsonaro usa privatizações para reconquistar apoio de ricos na campanha eleitoral
 
Um dos assuntos das eleições deste ano é o futuro de empresas como Correios, Serpro e Petrobras. Bolsonaro foi eleito prometendo privatizar o que desse, mas (felizmente) não teve força política para isso. Agora, com popularidade em queda, ele tenta usar a mesma cartada mais uma vez para ver se consegue manter a elite econômica ao seu lado.
 
Paulo Guedes foi ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, e prometeu explicitamente: se o presidente Jair Bolsonaro for reeleito, a Petrobras será privatizada. A economista Juliane Furno explica os motivos de o presidente trazer o assunto à tona neste momento: “Bolsonaro está com problemas no mercado. Uma das formas de ele ainda se fazer viável politicamente é entregando mais, convencendo esse setor [o mercado] de que ele ainda deve ser uma aposta”.
 
Mas a tática de Bolsonaro é arriscada, segundo a economista Simone Deos, da Unicamp. Ela disse que, com o preço da gasolina em alta justamente por conta de uma política pró-mercado da Petrobras, dificilmente uma grande quantidade de eleitores concordaria com a privatização. Clique aqui para entender mais sobre essa estratégia.
 
Mas o fato é que o futuro das estatais depende, em grande parte, do resultado das eleições de outubro. O aumento do combustível, da conta de luz e a falta de recursos para políticas públicas colocaram as empresas estatais no centro do debate eleitoral. Afinal, para resolver esses problemas, é melhor vender as companhias controladas pelo governo ou mantê-las para tentar usá-las como solução?
 
Os principais pré-candidatos têm posições divergentes sobre o assunto. O repórter Vinicius Konchinski destrincha esses posicionamentos aqui.
 

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