A
quem FHC pensa que engana com sua conversa de virgem num lupanar?
Apoiar a brutalidade de Joaquim Barbosa --primeiro verbalmente, agora
num artigo -- foi uma das coisas mais baixas que FHC fez em sua vida
política.
Octogenário,
vivido, inteligente, FHC não tem o direito de achar que alguém possa
acreditar, como ele disse, que a Constituição foi defendida com as
prisões.
Ora,
FHC comprou a Constituição em 1997 para poder se reeleger. Como contou à
Folha na época um certo “Senhor X” – que até os mortos do cemitério de
Brasília sabiam tratar-se do deputado Narciso Mendes, do Acre – sacolas
com 200 mil reais (530 mil, em dinheiro de hoje) foram distribuídas a
parlamentares para que a Constituição fosse alterada.
Os
detalhes oscilam entre a comédia e a tragédia, como contou Mendes. Os
parlamentarem tinham recebido um cheque, como garantia. Comprovado o
voto, os cheques foram rasgados e trocados por sacolas cheias de
dinheiro, como numa cena de Breaking Bad, a grande série em que um
professor de química com os dias contados vira um traficante de
metanfetamina para garantir o futuro da família.
E sendo isso de conhecimento amplo, geral e irrestrito FHC defende, aspas, a Constituição que ele comprou há 16 anos?
FHC,
no fim de sua jornada, lamentavelmente vai se tornando parecido com o
sinistro Carlos Lacerda, o homem – ou o Corvo, como era conhecido --
que esteve por trás da morte de Getúlio e da deposição de Jango.
FHC,
em nome sabe-se lá do que, se presta hoje a fazer o jogo de uma direita
predadora que, à míngua histórica de votos, faz uso indecente de
“campanhas contra a corrupção” para derrubar administrações populares.
É, numa palavra, o antipovo.
Sêneca,
numa de suas passagens mais inspiradas, disse o seguinte: “Quando
lembro de certas coisas que disse, tenho inveja dos mudos”.
É uma passagem que se aplica perfeitamente a FHC.
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