Teori Zavaski, ministro do Supremo Tribunal Federal, manda soltar os presos da operação "Lava Jato". Uma torrente de críticas.
Teori atende aos argumentos do juiz federal Sergio Moro, muda de opinião e decide manter as prisões. Uma torrente de críticas.
Quem hoje critica Teori porque mandou soltar, aplaudia quando o ministro Gilmar Mendes mandava soltar Daniel Dantas.
Quem criticou Gilmar Mendes por mandar soltar Dantas, hoje acha bacana Teori mandar soltar presos.
O juiz Moro era criticado por quem queria Dantas solto. Hoje é aplaudido pelos que o criticavam. Que agora torcem pela manutenção das prisões.
A lógica binária segue conquistando adeptos. Ou é isso ou é aquilo. E ai de quem crê em muito mais, ou em muito menos.
Entre os que usam viseira, uns vibram com cada ponto a mais na inflação, pregam o nãovaitercopa e por tudo avacalham o Brasil.
Fazem de conta que o país é só o que conseguem enxergar; mesmo que não enxerguem quase nada. O que presta são "eles". O que não presta são os "outros".
Assim fazem porque capturados pela retórica do ódio que alimenta a expectativa de poder.
Outros são a favor da Copa e temem alta na inflação. Mas, sem muito segredo, torcem para que falte água, cada vez mais, e siga a violência em São Paulo.
(Como é, a violência, no Brasil todo.)
O fazem por crer que assim comprovarão suas teses. E porque prisioneiros da mesma retórica do ódio.
Mas há, claro, dezenas e dezenas de milhões de brasileiros que ainda querem crer em algo. Só não sabem em que ou em quem.
Porque na briga pelo poder os binários apontam os erros, e apenas os erros, de todos. E todos dizem que todos são ladrões.
Parece não sobrar nada e nem ninguém. E assim falta, e faltará autoridade.
A polícia faz greve… linchamentos se espalham…sindicatos autofágicos param a maior cidade do país… valem o "primeiro o meu" e o vale-tudo nas manchetes.
Nas ruas, e no ar, violência. E perplexidade. A retórica do ódio avança e corrói as instituições.