“Fuga de Pazuello” da CPI da Covid “é covardia”, diz Janio de Freitas

09/05/2021  Por REDAÇÃO URBS MAGNA

A “clarinada do ‘não me toques’, protetora de militares acusados ou suspeitos de qualquer impropriedade” não irá proteger o ex-ministro da Saúde, escreve o jornalista

General Eduardo Pazuello | Foto: Adriano Machado/Reuters/junho/2020

Janio de Freitas, em sua coluna deste domingo (9), na Folha de S. Paulo, avalia como covardia a “clarinada do ‘não me toques’, protetora de militares acusados ou suspeitos de qualquer impropriedade” não irá proteger o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que teve o seu depoimento à CPI da Covid adiado sob a alegação de que havia mantido contato com pessoas que testaram positivo para o coronavírus.

Leia a seguir:

Fuga do general Eduardo Pazuello é covardia – Mesma covardia que o impediu de repelir ordens contrárias ao dever do cargo e à vida de milhares – “Se a balbúrdia na CPI da Covid continuar como nas primeiras sessões de interrogatórios e proposições, pode-se esperar que traga contribuição importante, apesar de não se pressentir qual seja. O tumulto dá a medida da fragilidade e do medo bolsonaristas diante da cobrança por sua associação à voracidade letal da pandemia.

Mas a clarinada do “não me toques”, protetora de militares acusados ou suspeitos de qualquer impropriedade, não resolverá o caso Pazuello. Militares valendo-se do Exército para fugir da responsabilidade por seus atos, convenhamos, até parece parte da concepção de ética militar. Os generais que mantiveram a ditadura de Getúlio, os do golpe de 64, do golpe de 68, os oficiais da tortura e dos assassinatos, os do Riocentro, esses e muitos outros construíram a praxe.

Nisso há distinção. Os escapismos que recaem na reputação do Exército cabem, antes de tudo, à corporação, à oficialidade, não à instituição. É a deseducação cívica em atos. A fuga de Eduardo Pazuello vai além: não vem da arrogância infundada, ou de uso do Exército para se imaginar acobertado por conveniência da instituição. É covardia, a mesma covardia que o impediu de repelir ordens contrárias ao bom senso, ao dever do cargo e à vida de milhares”.