A VOZ VIVA DO MORTO
“quem tem boca vaia”. Roma
Por Lelê Teles*, especial para o Viomundo
O Necrarca desfila pelas ruas romanas sob forte chuva de vaias.
O antivax brasileiro, desmascarado, teve o disparate de levar para uma importante conferência internacional o ilustre/desconhecido vereador do Ridjanêro que, não por acaso, é seu filho.
O cabeçudo abandonou mais uma vez o Gabinete do Ócio na Câmara Municipal fluminense para participar da boca-livre nas estranjas.
Grana nossa.
No estranho séquito, também figuram figuras como Paulo Guedes, o Chicago Bull, uma espécie de gado bípede com pedigree.
Guedes se vende como um Houdini, mas é, em verdade, um daqueles mágicos de rua que, enquanto te distraem com um ilusionismo barato, tipo um crescimento em V, mete a mão na sua carteira enquanto você não vê.
O curioso é que ninguém sentiu falta do destrambelhado Ernesto Araújo, o eterno puxa-saco, outrora conhecido como o Palhaço do Itamaraty, o diplomata de cascos lustrados que, uma vez em terras estrangeiras, passava a dar coices e emitir relinchos, papagaiando um certo Olavo de Carvalho.
Ventila-se nas redes antissociais que, na capital italiana, os franciscanos trataram de fechar as portas das igrejas para que o Necrarca não as emporcalhem com seus sapatos imundos.
Do alto de um telhado, nos arredores do Vaticano, Ilze Scamparini fofoca que o Papa já disse que não quer conversa com o Senhor da Morte.
Guga Chacra, arrepiado como um porco espinho, tuíta que o prefeito romano manda desligar as fontes públicas cada vez que o Maldito ameaça passar por alguma praça.
Jamil Chade, por sua vez, mostra o Necrarca a perambular pelo salão nobre, repleto de figurões, como um mero figurante.
Tudo indica que o Inepto foi à Itália de mãos vazias e voltará de mãos abanando.
Assim o fez quando foi aos Esteites com um bando de gulosos negacionistas e acabou sendo enxotado para uma calçada, onde lhe serviram pizzas frias ao sereno.
E como se esquecer daquela viagem de ácido a Israel, quando o antivax encheu um boing com especialistas em porra nenhuma e foi à terra de Abraão em busca de um milagroso spray anticoronga?
Mas é como diz o ditado que nunca foi dito: “de nada adianta viajar para as estranjas, tentando fugir de um problema, quando você é o problema”.
Quando retornar à Pátria Armada, o Necrarca terá que enfrentar a realidade.
Dizem que a sombra de Bebiano anda a rondar a Casa de Vidro.
E parece que o fantasma tem a chave do armário onde o Necrarca esconde os esqueletos.
Trata-se de uma assombração moderna e assombrosa que, pela primeira vez na história, ao invés de aparecer oculta por um lençol branco, surgirá numa aparição fônica, em áudios de whatsapp.
Bebiano faleceu, mas sua voz segue viva no aplicativo.
Foi ele quem estranhou a presença de Carluxo em Juiz de Fora, na ocasião em que Adélio Bispo golpeou o bucho do candidato com o que parece ser uma daquelas facas cenográficas que, ao tocar o corpo do ator, ao invés de adentrar-lhe as entranhas, recua, entrando em si mesma.
O que sabia Bebiano que nós ainda não sabemos?
Não é mesmo curioso que um cultuador da morte acabe por ser delatado por um defunto?
BolsoCaro já foi acusado de ecocídio, quando permitiu que o Menino da Porteira deixasse a boiada passar por cima de biomas, cuspindo fogo nas matas e florestas, vomitando mercúrio nos rios e contaminando o ar com seu charuto radioativo.
Chamado de BolsoNero por tacar fogo no Cerrado, no Pantanal e na Amazônia, acaba de ser denunciado no Tribunal Penal Internacional por genocídio e crimes contra a humanidade.
Ainda pesam contra o inominável os crimes de charlatanismo e curandeirismo.
Necrófilo, tarado pela morte, o Necrarca chegou ao poder simulando uma arma com os dedos, ameaçando metralhar a petralhada e lamentando que o exército deveria ter matado pelo menos uns 30 mil patrícios.
Um de seus filhos exibe em uma camiseta a foto do terrível Brilhante Ustra, o outro já foi associado à gangue que assassinou a vereadora Marielle Franco.
Acusam a família de ter ligação com as milícias, que são grupos armados de achacadores que cometem homicídios e barbarizam os subúrbios e favelas cariocas.
Adriano da Nóbrega, um ex-capitão do Bope e chefe de milícia, assassinado em fevereiro na Bahia, já recebeu homenagens de um dos filhos do Presida.
Por onde anda, o Necrarca exala o fétido odor da morte.
Sob seu governo, mais de meio milhão de pessoas morreram de covid, milhões sobrevivem com a falta de emprego e de alimentos, muitos buscam comida comida nas latas de lixo; outros, roem ossos na porta dos açougues, como cachorros de rua.
Enquanto isso, o Necrarca gargalha, come churrasco e enfia uma filha em uma escola militar, burlando o processo seletivo.
Bolsonaro é aquela boneca de jardineira alaranjada que canta “batatinha frita” e se regozija com o som dos tiros e o cheiro de sangue que exala dos corpos sem vida.
Cruel, mata mesmo os que ainda vivem.
Ao ser empossado, disse a CPI, seu gabinete de ódio logo se empenhou em assassinar reputações, promovendo a morte simbólica dos desafetos do estafeta do capeta.
Uma vez presidente, o militar reformado tratou de liberar a venda de armas para os cidadãos de bens se mataram uns aos outros, meterem chumbo em suas esposas, em indígenas e em qualquer um que cometa uma barbeirada no trânsito.
Olho por olho, dente por dente.
Precisamos, desesperadamente, ouvir a voz de Bebiano.
Um morto, senhoras e senhores, parece que um morto é que nos livrará do Senhor da Morte.
Pois que seja no próximo dia 2 de novembro, o dia dos finados, que a voz de Bebiano se faça ouvir.
E a vida volte a sorrir por essas paragens.
Saravá.