quarta-feira, 14 de maio de 2014

POLÍTICA - Pesquisas eleitorais e a Bovespa.


Concordo com o Pedro. É muita forçação de barra querer correlacionar pesquisas com especulação.

 

 As pesquisas eleitorais e as ações da Bovespa

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Pedro do Coutto
Na edição da Folha de São Paulo de 12 de maio, Daniele Brant e Anderson Figo publicaram ampla matéria de análise colocando em questão o fato das ações de empresas estatais como Petrobras, Banco do Brasil e Eletrobrás terem registrado altas na Bovespa a partir do momento em que a presidente Dilma Rousseff, diante das pesquisas do Datafolha e do IBOPE, teve reduzida sua vantagem sobre Aécio Neves e Eduardo Campos nas intenções de voto para a sucessão presidencial de outubro.
A matéria está muito bem escrita, mas francamente não vejo relação direta alguma entre uma coisa e outra. O fenômeno deve ter outra explicação, muito mais no campo da especulação financeira do que no plano político. É só observar os números. O Datafolha, inclusive, acentuou na sexta-feira passada haver dúvida quanto à realização de um segundo turno. E, se houver, será entre Dilma e Aécio Neves. Afinal de contas, Rousseff mantém 37 pontos contra 20 de Neves e apenas 11% de Eduardo Campos.
Eduardo Campos, como se constata, possui em torno de si menos de um terço das tendências em favor da atual presidente da República e praticamente a metade do que o levantamento apontou para Aécio. Não tem a menor chance, em minha opinião. E na observação da totalidade do eleitorado Dilma estará no segundo turno. Logo, somente Aécio Neves tem chance de enfrentá-la, não apenas no início de outubro, mas nas urnas do último domingo daquele mês conforme estabelece a lei eleitoral.
FAVORITISMO
Além disso, todas as simulações envolvendo a hipótese de um segundo turno assinalam o favoritismo da atual chefe do Executivo. Não estou afirmando que ela já se encontra reeleita, apenas sustento não existirem motivos lógicos que conduzam ao raciocínio de que as ações das estatais subiram porque ela desceu. Para tal era preciso que Aécio Neves apresentasse uma condição de vitória mais concreta. No momento, inclusive, como a própria Folha publicou, ele tenta firmar uma aliança com José Serra para fazer do ex-governador de São Paulo o candidato a vice em sua chapa. Além disso, quais as mudanças na política econômico-financeira, com antecedência de quase um ano, que poderia destacar uma tendência à revalorização do patrimônio das empresas estatais? Tendência a se refletir, é importante lembrar, na valorização dos papeis no mercado mobiliário produzindo não só seu aumento, mas também incentivando sua liquidez.
Se não se sabe sequer se haverá segundo turno e se Aécio seria capaz de vencê-lo, o que não é provável, muito menos pode-se ter, desde já, os nomes dos futuros ministros da Fazenda e presidente do Banco Central. Assim, a mim parece que a evolução das ações da Petrobras, apesar da crise que a envolve, do Banco do Brasil e da Eletrobrás são uma decorrência de lances especulativo, como é natural nas Bolsas de Valores, e não em consequência de tendências eleitorais ainda não absolutamente claras apontando para uma mudança na estrutura do poder. Entretanto, tal mudança poderá ocorrer. É importante acentuar que, se reeleita, Dilma Rousseff passará a depender muito menos da influência de Lula do que depende hoje na estrada das urnas. Sem lógica, na vida, não se vai a lugar algum.

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