segunda-feira, 30 de junho de 2014

COPA DO MUNDO - Mudaram para "não vai ter hexa".

Ricardo Kotscho, Balaio do Kotscho

"Eles não esquecem, não perdoam e não aprendem. E não desistem. Para a nossa mídia familiar e os coxinhas tucanos da elite que vão aos estádios da Copa, como mostra a Folha deste domingo, o Brasil simplesmente não pode dar certo, nem dentro nem fora do campo.

Sem
jogarnenhuma maravilha, a seleção brasileira vinha fazendo sua melhor partida até aqui, contra o Chile, neste sábado, no Mineirão, até marcar o primeiro gol. Parecia até que seria fácil a classificação para as quartas de final. De repente, numa bobeada grotesca de Hulk, que deu de presente o gol de empate para La Roja, até então assustada em campo, mudou tudo. A nossa torcida chique silenciou, a seleção de Felipão se perdeu, e os chilenos tomaram conta da festa.
Nas praias do Nordeste, os bugueiros (não confundir com blogueiros) costumam perguntar ao turista se prefere fazer os passeios pelas dunas com emoção ou sem emoção. Para nós, ninguém perguntou nada, mas a teimosia do nosso técnico em não mexer no time quando as coisas não estão dando certo, mantendo dois laterais que não marcam nem atacam, e deixam avenidas às suas costas, um meio de campo sem criatividade e o cone Fred estático no meio do ataque, fez do jogo um sofrimento sem fim até a cobrança do último pênalti.

Vejam como é a vida: pois foi esta mesma teimosia mostrada por Felipão ao manter Julio César no gol, contra a vontade de 10 entre 10 comentaristas e torcedores, porém, que acabou sendo o principal responsável pelo Brasil garantir a vaga para a próxima fase. Em lugar de Neymar, que joga numa solidão danada, o herói desta vez foi Julio César, o goleiro crucificado pela nossa eliminação no jogo contra a Holanda, na Copa de 2010.

Quem poderia imaginar uma reviravolta dessas? Só conheci uma pessoa, além de Felipão, que defendeu Julio César antes e durante o jogo, a minha amiga Ana Paula Padrão, com quem assisti ao jogo ao lado de outros amigos aqui no bar da esquina. Até o Sebastian, meu primo alemão que vive nos Estados Unidos e está adorando o Brasil, acabou sofrendo junto, cada vez que errávamos mais um passe e o time simplesmente não conseguia chegar ao gol do Chile. "Eu não disse?" comemorou a Ana Paula ao ver Julio César fazer uma defesa impossível e depois defender dois pênaltis.

Se já não era muito grande a confiança na conquista de mais um título porque esta Copa revelou ótimas seleções, como a da Colômbia, que estão jogando um futebol melhor do que o nosso no momento, agora a urubuzada da imprensa deitou e rolou diante das dificuldades que encontramos, depois de muita emoção, para seguir em frente na Copa. E tem graça futebol sem surpresas e emoções?

Após passar o ano inteiro jogando no "Não vai ter Copa" e batendo pesado no governo, que seria incapaz de organizar um evento como esse sem colocar em risco os torcedores nativos e as seleções visitantes, além dos cofres públicos, eles acabaram se rendendo à grande festa em que se transformou esta Copa no Brasil, e até já estão fazendo autocríticas envergonhadas sobre o erro das suas previsões apocalíticas. Agora, com a maior cara de pau, simplesmente colocam a culpa na "imprensa estrangeira", como se não tivessem sido eles próprios que alimentaram o noticiário negativo desde que o Brasil foi escolhido, sete anos atrás, para sediar a Copa.

Como se dissessem, tudo bem, a Copa é um sucesso, mas vocês vão ver a ressaca que virá depois, agora jogam tudo nas fragilidades da nossa seleção, mudando o discurso para "Não vai ter hexa". Felipão pode até ter um estalo e acertar o time para o próximo jogo que eles vão continuar torcendo contra e anunciando o fim do mundo. Se fora de campo tudo está funcionando muito bem, então dentro do campo tem que dar tudo errado.

Ganhar ou não o hexa pode depender de mil coisas, inclusive da sorte na cobrança de pênaltis e das virtudes de adversários cada vez mais fortes daqui para a frente. Como disse um amuado Felipão na véspera do jogo, se perdermos, não vai ser nenhuma tragédia, e a vida vai seguir em frente. Só uma certeza eu tenho: para quem jogou tudo no caos para desgastar o governo e ficou até com vergonha do Brasil, no entanto, esta Copa já foi perdida. Eles parecem ter nascido para perder.

Que venha a Colômbia!"

COPA DO MUNDO - A elite nos estádios.

Tijolaço 

"A enquete realizada pela Folha, ontem, e publicada na edição de hoje do jornal, faz um retrato do que significa o tal “padrão Fifa”.

Ou do que tem sido o mundo.

Tudo é ótimo, fantástico, maravilhoso, sensacional.
Para poucos.

Os 60 por cento com
rendasuperior a dez salários mínimos no estádio são apenas 3% dos brasileiros na “vida real”.  Quase a metade deles, os que ganham acima de 20 salários-mínimos, não chegam a 1% dos brasileiros. Os números estão ao lado, se você duvidar.

Os negros, mulatos, os pardos só são maioria, entre os de camisa amarela, dentro das quatro linhas.
Nada mais do improviso, das arquibancadas de concreto, da multidão se espremendo numa festa de gritos e suores, nem do picolé que vinha rolando de mão em mão degraus acima ou abaixo, enquanto os trocados seguiam o caminho inverso (quando não era o pobre do sorveteiro quem vinha junto) daquele Mineirão de 150 mil lugares ou do Maracanã de 200 mil almas em transe.
Por maior que seja a saudade daqueles tempos que eu ainda tive a sorte de viver, o Brasil tornou-se uma sociedade de massas gigantescas e seria simples banzo pretender que tudo fosse como era.

Até porque aquele “Maracanã” inclusivo era mais uma atitude mental do que real,  porque o Brasil era, muito mais que hoje, um país de pouca ou nenhuma
oportunidade para a imensa maioria, ainda que muitos tenham conseguido ascender nos anos 40 e 50, embora se tenham tomado, em 64, as devidas providências contra a petulância da patuleia de querer ter parte do seu país, mesmo na antiga geral.

A realidade é que a televisão é, agora, o Maracanã universal.
O nosso povo tem ódio ou raiva, sequer, de não poder estar ali, em massa.

Um pouco de frustração, talvez, por não estar, aos gritos e paixões, transformando em feras esportivas os nossos jogadores, com a força do atavismo que Nélson Rodrigues definiu como o de se atirar à bola como quem se atira a um prato de comida.

Sérgio Porto, o Stanislau Ponte Preta, escreveu uma vez que não acredita em patriotismo do sujeito que só pensa em si. Nós temos uma elite que não tem fome, mas é “fominha”.

Por acaso algum deles recusou a oportunidade de estar ali com a lenga-lenga que, em lugar de Copa, poderiam ter feito uns 20 hospitais e uma centena de escolas, um nada neste país continental?

O povão não é recalcado, é sofrido.  E sabe transformar este sofrimento em força e alegria.

Está se lixando para o Neymar ganhar uma fortuna, desde que jogue bola como um moleque feliz.

Triste, em tudo isso, é que aquela parcela da elite – ou uma parte dela, sejamos justos – não entende que são as imensas massas deste país que lhe permitem viver os privilégios que tem de estar ali – e também não há nada de errado em estarem – fruindo a delícia de viver este momento de congraçamento mundial.

Se podemos amar os holandeses, os croatas, os costarriquenhos, até os argentinos, porque não podemos amar os brasileiros pobres e dar a eles o mesmo carinho e atenção que damos à Torre de Babel que nos visita?
Por que é que tanta gente rica, ou bem remediada, odeia quem lhe deu a chance de estar ali, olhando de perto, pertinho, aquilo que bilhões só vêem por uma tela?

Será assim tão difícil entender que é o povo brasileiro quem lhe trouxe a Copa, assim como é o povo brasileiro quem produz a riqueza de que fruem e que sua miopia acha que brota do nada, apenas por sua “capacidade inata”?
Quem acha que este país é “tudo de ruim” não pode mesmo gostar dele o suficiente para entender que é da massa que vem a força de qualquer grupo seleto, não o contrário.

Inclusive a que empurra os onze em campo.

O que talvez explique 20% de chilenos terem, em alguns momentos, gritado mais que 80% de brasileiros.

E porque 80% dos brasileiros que têm muito pouco, ao contrário deles, sejam capazes de dar, dar, dar a seu país muito mais do que recebem dele."

POLÍTICA - Dilma: "povo deu lição de moral no "não vai ter Copa".

Dilma: “povo deu lição de moral no 'não vai ter Copa'”




"Em evento no Rio, onde discursou após visita inaugural a hospital em Saquarema, presidente disse que "estamos de fato fazendo a Copa das Copas" e que "os estádios estão aí para todo mundo ver"; "Nesse processo tem um grande vencedor, o povo brasileiro, que deu uma lição de moral nessa questão do não vai ter Copa", afirmou Dilma Rousseff, cutucando os críticos do Mundial na imprensa; "Demos uma goleada nos pessimistas, naqueles que anunciavam que seria um caos", ressaltou; por fim, presidente, que torce fervorosamente pela Seleção Brasileira, pediu "que no campo tenhamos o que nós merecemos: uma vitória justa"

Brasil 247

O sucesso da Copa do Mundo no Brasil tem dado uma "goleada nos pessimistas", que acreditavam que o evento "seria um caos". A declaração foi feita pela presidente Dilma Rousseff, na tarde desta segunda-feira 30, durante visita inaugural ao Hospital Estadual dos Lagos, localizado no município de Saquarema, no Região dos Lagos, no Rio de Janeiro.

Em seu discurso, Dilma disse que "estamos de fato fazendo a Copa das Copas" e que "os estádios estão aí para todo mundo ver", ao contrário do que previram alguns veículos de comunicação. "Nesse processo tem um grande vencedor, o povo brasileiro, que deu uma lição de moral nessa questão do 'não vai ter Copa'", ressaltou a presidente, sobre o movimento que mostrou um forte mau humor em relação à competição.

"Demos uma goleada nos pessimistas, naqueles que anunciavam que seria um caos", celebrou a petista, que pediu, por fim, "que no campo tenhamos o que nós merecemos, uma vitória justa". Pesquisa realizada pelo portal Uol, do grupo Folha, aponta que 35% dos jornalistas estrangeiros dizem que essa é a melhor Copa já vista (leia
aqui). Dilma é uma torcedora fervorosa da Seleção Brasileira. A cada jogo, tem publicado no Twitter mensagens parabenizando os jogadores e o técnico, Luiz Felipe Scolari.

Dilma participou do evento no Rio com o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), que na semana passada abriu o palanque para o também candidato a presidente Aécio Neves, do PSDB, e com o ministro da Saúde, Arthur Chioro. O novo hospital será referência regional em trauma ortopédico e maternidade de alto risco e beneficiará a população por meio da Central Estadual de Regulação. Foram investidos R$ 46 milhões na unidade de atendimento 100% SUS."

POLÍTICA - O vice de Aécio não acrescenta nada.

Aécio, a época do “café-com-leite” passou faz tempo…


Fernando Brito, Tijolaço 

"O PSDB é mesmo um partido da República Velha.

Não é senão o Partido Republicano Paulista, meu deus!

A escolha de Aloysio Nunes Ferreira soma, literalmente, só uma coisa à candidatura de Aécio.

O que ela já tinha: São Paulo.

Ou seja, acrescenta zero, ou perto disso.

Michel Temer é paulista, mas é o PMDB, ou parte dele.

Nunes Ferreira é apenas uma declaração de servidão ao tucanato paulista.

Tucanato paulista, aliás, vem a ser quase um pleonasmo.

É uma declaração de amor às oligarquias locais, que de alguma forma, desde a eleição de Lula, têm de ser compor com uma política nacional de desenvolvimento, uma visão de Nação que supera a simples convivência federativa de poderes e grupos dominantes locais, embora não hesite em se aliar a eles pelo
projeto nacional que sustenta.

E, dentre todas, nada mais resistente, renitente e insolente que a oligarquia paulista, para quem a ideia de um país desenvolvido de forma equilibrada e inclusiva é a inaceitável proclamação de igualdade entre os brasileiros.

Certo que, assim como um sinal de submissão mental de Aécio – para quem, em tese, seria muito mais vantajoso eleitoralmente ter um candidato nordestino ou mesmo uma mulher, como Ellen Gracie -, esta opção marca certo temor de não “emplacar São Paulo”, embora a dupla Skaf -Kassab coloque uma cunha no conservadorismo bandeirante.

Quando Serra escolheu Índio da Costa o fez porque, afinal, Serra era São Paulo, e São Paulo não precisava de nada mais.

Agora, quando escolhe Aloysio, é o nada que vai buscar São Paulo, porque precisa, desesperadamente, dele."

POLÍTICA - Ação de Aécio contra Lei da Copa.

Ação de Aécio contra a Lei da Copa será julgada amanhã, e com voto de Barbosa

Jornal GGN - Aécio Neves (PSDB) entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal pedindo a alteração da Lei Geral da Copa quanto à liberdade de expressão e manifestações, no dia 9 de junho. No dia seguinte, o relator ministro Gilmar Mendes acatou à agilidade de julgar e no dia 13 solicitou, em despacho, manifestação do Procurador Geral da República e da Advocacia Geral da União, que representa a defesa de Dilma Rousseff. Uma semana depois, o pedido de vista foi enviado à AGU e, mais cinco dias depois, à PGR. Antes de Joaquim Barbosa se aposentar, ele terá mais um dia para votar o caso, que foi colocado em pauta por Gilmar Mendes para ser julgado amanhã (01).
Barbosa estará no Plenário para finalizar o julgamento da resolução de define o tamanho das bancadas dos estados e do Distrito Federal na Câmara para as eleições deste ano. A ação já foi julgada inconstitucional pela maioria, mas ainda será retomada com voto do ministro.
A Ação Direta de Inconstitucionalidade 5136 foi protocolada em nome do PSDB, partido do candidato à presidência. Entre as discordâncias do partido, está o parágrafo 1º do artigo 28 da lei, que veda “portar ou ostentar de cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, de caráter racista, xenófobo ou que estimulem outras formas de discriminação”, e restringe “o direito constitucional ao livre exercício da manifestação e plena liberdade de expressão”.
A defesa de Aécio argumenta que o artigo abre para interpretações distintas entre autoridades. Usou como exemplo a lista de itens proibidos pela lei, como as roupas de “tema ideológico” ou que “prejudiquem a reputação do evento”.
A ação pede que o §1º do art. 28 da lei seja anulado. E está no primeiro ítem da agenda a ser julgada pela Suprema Corte amanhã.
Paulo César Amorim Alves, em sua monografia "O tempo como ferramenta de decisão no STF", pela Sociedade Brasileira de Direito Público, conta que dentre as ADINs que ele catalogou para a pesquisa – amostragem de 180 processos entre 1990 e 1998, limitando-se aos dois primeiros governos plenamente democráticos do país – chegou à conclusão de que "a média do STF para julgamento de uma ADIN é de cinquenta e oito meses – quatro anos e dez meses".
Se comparada à média, a ADI de Aécio Neves está adiantada. Se seguir a agenda do Plenário e ter votação finalizada amanhã, somará 3 semanas.
Para que fosse atendida rapidamente, a defesa usou dois argumentos: de que a Copa já estava começando, e de que os filhos gêmeos do então representante do requerimento – o candidato – recém nasceram.

POLÍTICA - O maior inimigo dos tucanos.


Maior inimigo dos tucanos é um outro tucano

Ricardo Kotscho, Balaio do Kotscho

"Em tempo (atualizado às 13h30):
Aécio Neves confirmou, após reunião da Executiva Nacional do PSDB, em Brasília, o nome do senador Aloysio Nunes Ferreira como candidato a vice na sua chapa.

***

Parece sina. A cada eleição presidencial, a história se repete: os tucanos não conseguem se entender para escolher o nome do vice e ficam discutindo a relação até o último segundo. Depois de promover um grande suspense na semana passada, anunciando uma possível surpresa que poderia ser "até uma mulher", Aécio Neves passou esta madrugada de domingo para segunda-feira acertando com o ex-presidente FHC e o governador Geraldo Alckmin quem deveria ser seu companheiro de chapa.

O nome ainda não havia sido anunciado até o meio-dia de hoje, quando comecei a escrever, mas tudo leva a crer que os três se fixaram mesmo numa chapa puro-sangue, com o senador paulista Aloysio Nunes Ferreira de vice, o primeiro nome que havia sido cogitado quando se consolidou a candidatura de Aécio e começou a disputa pela vaga.

Mais uma vez, como aconteceu em campanhas passadas, no epicentro do imbróglio apareceu o ex-governador paulista José Serra, duas vezes derrotado como candidato presidencial do PSDB, após superar Aécio Neves nas disputas internas. Bem que Serra gostaria de ser de novo o presidenciável tucano, mas logo desistiu, ainda no ano passado, ao se convencer de que ficou em franca minoria no partido.

A partir daí, recomeçou a ciranda de sempre, com as especulações em torno do nome do ex-governador, alimentadas por seus seguidores, até o último momento permitido pelos prazos da Justiça Eleitoral. FHC e Alckmin ainda tentaram fazer dele o vice de Aécio, mas o senador mineiro, seu maior inimigo cordial, não podia nem ouvir
falar nesta possibilidade. Tudo menos isso.

Aécio queria que Serra fosse candidato ao Senado na chapa de Alckmin, e ele até topou, mas surgiram muitas pedras no caminho _ e o eterno candidato a tudo não queria correr o risco de perder mais uma disputa majoritária. Queria ser o candidato único na aliança do PSDB paulista.

O ex-prefeito Gilberto Kassab, que cobiçava ser vice na chapa de Alckmin para levar seu PSD a se unir aos tucanos, embora apoie Dilma na eleição presidencial, perdeu a boquinha quando o governador fechou acordo com o PSB do presidenciável Eduardo Campos, que indicou o deputado federal Márcio França para o lugar. Restava a Kassab a vaga de candidato ao Senado na chapa PSDB-PSD, mas aí quem rodou a baiana foi Serra por não aceitar esta infidelidade do afilhado político que deixou em seu lugar, quando largou a Prefeitura para disputar o governo do Estado. E foi lhe comunicar isso pessoalmente ao interpela-lo no
apartamento do ex-prefeito.

Mágoas passadas são o pano de fundo desta confusão toda no arraial tucano. Na eleição municipal de 2008, Serra apoiou Kassab para prefeito, embora o candidato tucano fosse Alckmin, que ficou de fora do segundo turno. Serra, por sua vez, não se conforma até hoje por não ter recebido o esperado apoio de Aécio em Minas, onde perdeu feio nas duas disputas presidenciais contra Lula e Dilma.

Agora, chegou a hora de Serra se vingar de todos de uma vez, cuidando apenas da sua campanha a deputado federal, a única possibilidade que lhe restou para continuar na política. Resumo da ópera: Gilberto Kassab largou os tucanos e levou seu partido para Paulo Skaf, o principal adversário de Alckmin, e ainda não se sabe quem será o candidato do PSDB de São Paulo ao Senado.
O leitor está achando este todo enredo muito confuso? Pois eu também, mas o PSDB é assim mesmo: o maior inimigo dos tucanos é sempre um outro tucano. Nem precisam de adversários."

MÍDIA - O Globo e os avanços dos governos petistas.

O Globo publica dados sobre avanços dos governos Lula e Dilma



O jornal carioca publicou, no sábado (28), reportagem que reproduz afirmações do ex-presidente Lula, feitas em palestra para dirigentes das Câmaras de Comércio dos países europeus (Eurocâmaras), na última terça-feira (24). O texto tenta desqualificar parte dos dados que Lula apresentou sobre o desenvolvimento econômico e social do país nos últimos anos.



Instituto Lula
  
Além de não alcançar seu objetivo, o jornal acabou publicando uma série de indicadores positivos sobre os doze anos de Governo Democrático Popular – que de outra forma não chegariam ao conhecimento de seus leitores. O leitor do Globo ficou conhecendo pelo menos 13 dados que confirmam os avanços do Brasil nesse período:

1) o salário mínimo teve aumento real de 72% nesse período;

2) o investimento público em educação passou de 4,8% para 6,4% do PIB;

3) o Prouni levou mais de 1,5 milhão de jovens à universidade;

4) a quantidade de brasileiros viajando de avião passou de 37 milhões por ano, para 113 milhões por ano;

5) a produção de automóveis no país dobrou para 3,7 milhões/ano;

6) o fluxo de comércio externo passou de US$ 107 bilhões para US$ 482 bilhões por ano;

7) o PIB per capita saltou de US$ 2,8 mil para US$ 11,7 mil;

8) a população com conta bancária passou de 70 milhões para 125 milhões;

9) as reservas internacionais do país, de US$ 380 bilhões, correspondem a 18 meses de importações, o que fortalece o Brasil num mundo em crise;

10) ao longo da crise mundial o Brasil fez superávit fiscal de 2,58% ao ano, média que nenhum país do G-20 alcançou;

11) os financiamentos do BNDES para a empresas têm inadimplência zero;

12) a dívida pública bruta do país, ao longo da crise, está estabilizada em torno de 57% (embora o jornal discorde desse fato)

13) há 10 anos consecutivos a inflação está dentro das metas estabelecidas pelo governo

O titulo da matéria é “Lula usa dados errados em palestra para empresários”. No esforço para justificar o título, O Globo encontrou dois “deslizes”, numa palestra que durou 90 minutos:

1) em 84% dos acordos sindicais realizados nos últimos anos foram obtidos reajustes acima da inflação, e não em 94%, como disse Lula. Somando acordos que incorporam o resultado da inflação, o índice sobe para 93,2%. No tempo do governo anterior, os sindicatos abriam mão de vantagens, e até do reajuste da inflação, para evitar mais demissões.

2) o Brasil é o terceiro maior exportador de alimentos do mundo, depois da União Europeia e EUA, de acordo com a OMC, e não o segundo, como disse Lula na palestra. O Globo lista separadamente os países da União Europeia por porto, o que faz da pequena Holanda o segundo maior exportador de alimentos do mundo. Ainda vamos chegar lá, porque nossa agricultura é a mais produtiva do mundo e o crédito agrícola passou de R$ 26 bilhões para R$ 156 bilhões em 12 anos.

A reportagem do Globo também cometeu seus “deslizes”, mesmo tendo sido alertada com documentos oficiais apresentados por nossa assessoria:

1) O Brasil foi, sim, o 5º maior destino de investimento externo direto (IED) no mundo em 2013, conforme disse Lula. O dado correto consta do Relatório de Investimento Mundial 2014 da UNCTAD, divulgado em junho. Este relatório corrigiu a previsão anterior do IED no Brasil em 2013, que era de US$ 63 bilhões, quando na realidade foi superior a US$ 64 bilhões. O Globo reproduziu o dado errado, que deixava o Brasil na sétima posição.

2) O ajuste fiscal determinado pelo governo nos anos de 2003 e 2004 alcançou, sim, 4,2% do PIB, conforme Lula afirmou na palestra. Na verdade, foi de 4,3% em 2003 e 4,6% em 2004, de acordo com a metodologia adotada pelo Banco Central naquele período. O Globo adotou a metodologia atual, que exclui do cálculo o resultado das estatais, e acabou contestando uma verdade histórica.

3) O Brasil é, sim, a segunda maior economia entre os países emergentes, depois da China, como disse Lula. O PIB brasileiro em dólares correntes, de acordo com a Base de Dados Mundiais do FMI (junho 2014), é de US$ 2,242 trilhões, superior ao da Rússia (US$ 2,118 trilhões) e ao da Índia (1,870 trilhão). O Globo prefere usar o critério de paridade por poder de compra (PPP), que ajusta os preços internos de cada país, eleva o PIB da Rússia e triplica o da Índia. Mas uma plateia de investidores, como a da Eurocâmaras, não está interessada em comparar o custo da Coca-Cola em cada país: quer saber qual economia é mais forte em moeda internacional, e isso o PPP não informa.

4) A dívida pública bruta do Brasil está, sim, estabilizada em torno de 57% do PIB desde 2006, como afirmou Lula. O Globo tomou como base o indicador de 2010 para afirmar, equivocadamente, que “no governo Dilma a dívida bruta subiu”. O ex-presidente estava se referindo ao período da crise financeira mundial. A dívida bruta era de 56% do PIB em 2006, subiu para 63% em 2009, primeiro ano da crise, e desde então oscila em torno dos atuais 57,2%. Isso é melhor visualizado no gráfico acima.

Todos cometem erros, como bem sabe O Globo. Apesar dos “deslizes” cometidos na reportagem de sábado, é muito importante que O Globo e outros jornais de circulação nacional passem a publicar os dados sobre os avanços sociais e econômicos do Brasil. Dessa forma, seus leitores terão acesso às informações necessárias para compreender como o e por que o Brasil mudou para melhor em 12 anos.

FONTE: Instituto Lula.

POLÍTICA - "Imagina nas eleições".

Articulista fala do inferno da Copa pintado pela mídia e da frase mais inábil da semana



Muito interessante – vocês leitores deste blog do ex-ministro José Dirceu vão concordar com a gente quando virem – o texto de hoje do jornalista Ricardo Melo, publicado na Folha de S.Paulo sob o título “Imagina nas eleições”. Ele fala da cobertura apocalíptica pré-Copa do Mundo feita pela mídia brasileira e da frase campeã de inabilidade política na semana passada, a do candidato tucano ao Palácio do Planalto, senador Aécio Neves (PSDB-MG), a já famosa “me suga, que eu te sugo”.
“Poucas vezes – começa Ricardo Melo neste seu artigo – viu-se tamanha desinformação como antes desta Copa. A previsão era dantesca. Caos nos aeroportos, estádios incompletos, gramados incapazes de abrigar jogos de várzea, tumulto, convulsões sociais, epidemias. Os profetas do caos capricharam: alguns apostaram que as arenas só ficariam prontas após 2030. ”
Conforme lembra o articulista “só faltou pedirem à população que estocasse alimentos em face da catástrofe.Diante de um cenário diametralmente oposto, os mensageiros do apocalipse ensaiam explicações. A principal é a de que a alegria do povo brasileiro suplantou a penca de problemas que estava aí, a olhos vistos, e ninguém queria enxergar. Desculpa esfarrapada.”
“Se com a Copa foi assim, imagine doravante, quando está em jogo o cargo mais importante da República”, adverte o jornalista, preparando o espírito dos brasileiros para a cobertura da campanha eleitoral no período pós-Copa que se avizinha. Nesse item, Ricardo Melo conclui: “Nessa hora, o decisivo é avaliar como está a vida do próprio cidadão e como ela pode ficar se vingar a proposta de cada candidato. O mais difícil, como sempre, é descobrir se estes têm coragem de dizer o que realmente pretendem realizar.”
“Me suga que eu te sugo”
Sobre a frase do senador-candidato do PSDB ao Planalto, Aécio Neves, campeã entre as infelizes que permearam a campanha eleitoral na semana passada, o articulista confessa o que mais o deixou perplexo:”O impressionante é que ele não ficou sequer ruborizado, embora seu partido acoberte pessoas como Robson Marinho, para citar apenas São Paulo, e outros tantos que enriqueceram na base da rapinagem do dinheiro do povo.”
“Bem – conforma-se, aparentemente o articulista, ao repetir a frase de Aécio -, tudo se pode esperar de quem outro dia recomendou a eventuais futuros aliados hoje no governo federal: “Vão sugar um pouco mais. Façam isso mesmo: suguem mais um pouquinho e depois venham para o nosso lado”. De preferência com a mala cheia.”
Vejam, aqui, a íntegra do artigo do Ricardo Melo “Imagina nas eleições”

POLÍTICA - Nada se equipara ao ódio da direita.

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Um vídeo em que uma senhora septuagenária profere insultos copiosos ao comunobolivarianismo do PT me remeteu a um assunto sobre o qual eu queria falar já faz alguns dias.
O tema é o ódio político.
Num artigo, Elio Gaspari disse que o PT não tinha moral para falar em ódio. Elio estava respondendo a Lula, que dissera que o PT, nestas eleições, levaria a esperança a vencer o ódio.
O ponto de Elio é que o PT tem, ele também, um histórico de raiva.
Na internet, o assunto foi intensamente debatido. Gostei de ver meu antigo chefe da Veja e na Exame, Antonio Machado, um dos melhores jornalistas com quem trabalhei, se manifestar.
Não lia nada dele fazia muito tempo. Foi como rever um velho amigo.
Machado contestou Elio, a quem chamou, ironicamente, de Doutor. Foi um contraponto divertido ao fato de que Elio chama Dilma de “Doutora”.
Machado, e aí acho um exagero, quase que igualou Elio a Reinaldo de Azevedo.
Elio não é Azevedo, a começar pela diferença de que é um genuíno jornalista, e dos brilhantes.
É, sim, um colunista de centro. Talvez gostasse de se movimentar um pouco mais para a esquerda, mas ele deve saber que não duraria muito nem na Folha e nem no Globo se fizesse isso.
Barbara Gancia, e é um caso exemplar, fez este movimento. Começou a falar em Casa Grande – um lugar comum que me enfastia, aliás – e logo perdeu a coluna na Folha.
Mas o ponto central sobre o qual eu queria falar é o ódio. Nisso, estou inteiramente com Machado e contra Elio.
Nada, rigorosamente, nada se iguala ao ódio da direita. As raízes são profundas e distantes: ao longo de toda a ditadura militar os brasileiros foram submetidos a constantes propagandas anticomunistas.
O “comunismo ateu” era apresentado, sempre, como a quintessência da maldade, do horror.
No plano internacional, Stálin era o demônio supremo. No plano nacional, este papel era atribuído a nomes como Lamarca e Marighella.
Neste ambiente, surgiram e floresceram entidades como o Comando de Caça ao Comunismo e a Tradição, Família e Propriedade – dedicadas a semear ódio patológico na sociedade.
Com o fim da União Soviética, e do comunismo, o ódio da direita não cessou. Apenas foi remanejado para a esquerda em geral.
Na Venezuela, Chávez foi alvo de campanhas de fúria inacreditável. Até sua mãe era insultada cotidianamente pela mídia e pela direita venezuelana.
No Brasil, o anticomunismo de antes se transformaria em antipetismo.  Mudou o nome, mas não o ódio, ou mesmo sua intensidade.
Em suas manifestações mais vis, a raiva nos últimos anos se traduziu em pragas para que o câncer se abatesse novamente sobre Lula e Dilma.
Não é, ao contrário do que Elio afirmou, um ódio que encontre contrapartida na esquerda.
Não que a esquerda aprecie e admire a direita. Mas não é a mesma coisa. Historicamente, não é. Definitivamente, não é.
Até por questões culturais. Faz parte da cultura da esquerda endereçar o melhor de sua raiva às correntes rivais dentro da própria esquerda.
Marx abominava Bakunin. Os bolcheviques viam os mencheviques como seu maior obstáculo. No Brasil, integrantes do PC e do PC do B mutuamente se abominavam.
No Brasil de hoje, repare como os petistas enxergam grupos de esquerda por trás de protestos e como estes vêem o que chamam, desdenhosamente, de “governistas”.
O ódio da esquerda como que se dispersa. O da direita se concentra.
Nada se compara ao ódio da direita – e meu velho chefe Machado, nisso, não poderia estar mais certo.

PETRÓLEO - Jihadismo e indústria petrolífera.

Jihadismo e indústria petrolífera, por Thierry Meyssan



Enquanto os média ocidentais apresentam o Emirado islâmico no Iraque e no Levante como um grupo de jihadistas recitando o Corão, este iniciou a guerra do petróleo no Iraque. Com a ajuda de Israel, o EIIL cortou o aprovisionamento da Síria e garantiu o roubo do petróleo de Kirkuk pelo governo local do Curdistão. A venda será assegurada pela Aramco, que camuflará este desvio aumentando a produção «saudita».

Para a imprensa atlantista o Emirado islâmico no Iraque e no Levante (EIIL), que acaba de invadir o Norte e o Oeste do Iraque, é um grupo de jihadistas animado pela sua fé, o Corão numa mão e a kalachnikov na outra. Para aqueles que sofreram as exacções deles, nomeadamente na Síria, é um exército privado – composto de mercenários dos quatro cantos do mundo e enquadrado por oficiais norte-americanos, franceses e sauditas— que divide a região, para melhor permitir o seu controlo pelas potências coloniais.

Se concebermos os membros do EIIL como crentes armados, não se consegue imaginar que por trás do seu ataque estão escuros interesses materiais. Mas, se admitirmos que se trata de bandidos manipulando a religião, para dar a ilusão que Alá abençoa os seus crimes, teremos que estar mais atentos.

Ao mesmo tempo que vai vertendo lágrimas de crocodilo pelos milhares de vítimas iraquianas desta ofensiva, a imprensa atlantista alarma-se pelas consequências deste novo conflito sobre o preço do petróleo. Em alguns dias o barril voltou a subir até aos $ 115 US, quer dizer o preço ao nível de setembro de 2013. Os mercados ficaram preocupados aquando dos combates pela refinaria de Baiji, perto de Tikrit. Na realidade esta refinaria só produz para o consumo local, que poderia entrar rápidamente em escassez de carburante e de eletricidade. A alta do petróleo (preço- ndT) não é imputável à interrupção da produção iraquiana, mas sim à perturbação dos fornecimentos. Ela não durará pois, já que os mercados são excedentários

A castanho: a zona invadida pelo EIIL ( mapa As-Safir )
Arábia Saudita anunciou que ia aumentar consideravelmente a sua produção para mitigar a baixa da oferta, consequente à interdição de comercialização pelo EIIL. Mas os especialistas estão cépticos e sublinham que o reino nunca produziu muito mais que 10 milhões de barris por dia.

A imprensa atlantista que nega o apadrinhamento da Otan (ao EIIL-ndT), explica, eruditamente, que o EIIL ficou repentinamente rico ao conquistar poços de petróleo. O que era já o caso no Norte da Síria, mas que ela não tinha notado. Ela esforçara-se por tratar as lutas entre a Frente al-Nosra e o Emirado islâmico como uma rivalidade exacerbada pelo «regime», quando estas visavam o apoderar-se dos poços de petróleo.

Entretanto levanta-se uma questão à qual a imprensa atlantista nunca responde: como podem os terroristas vender petróleo no mercado internacional, tão controlado por Washington? No mês de março os separatistas líbios de Bengazi falharam a tentativa de venda do petróleo que tinham capturado. A marinha de guerra dos E.U. havia interceptado o navio-tanqueMorning Glory e tinha-o reconduzido à Líbia [1].

Se a Frente al-Nosra e o EIIL são capazes de vender petróleo no mercado internacional, é porque a isso são autorizados por Washington e estão ligados a companhias petrolíferas, com escritórios públicos estabelecidos.

O acaso fez com que o congresso mundial anual das companhias petrolíferas se realizasse, de 15 a 19 junho, em Moscovo (Moscou-Br). Pensava-se que lá se ia falar da Ucrânia, mas tratou-se apenas do Iraque e da Síria. Soube-se que o petróleo roubado pela Frente al-Nosra na Síria é vendido pela Exxon-Mobil (a sociedade dos Rockefeller que reina sobre o Catar), enquanto o do EIIL é explorado pela Aramco (EUA / Arábia Saudita). Lembremos, de passagem, que durante o conflito líbio, a Otan tinha autorizado o Catar (quer dizer a Exxon-Mobil) a vender o petróleo dos «territórios libertados» pela al-Qaida.

Podemos, portanto, ler os combates actuais —tal como todos os do século XX no Próximo-Oriente— como uma guerra entre as companhias petrolíferas. [2] O facto de o EIIL ser financiado pela Aramco basta para explicar que a Arábia Saudita afirme ser capaz de compensar a baixa da produção iraquiana: o reino simplesmente colocará o seu selo sobre os barris roubados para os legalizar. 




















O êxito do EIIL permite-lhe controlar os dois principais oleodutos: de um lado para Banias, e que aprovisiona a Síria, enquanto o outro transporta o crude para o porto turco de Ceyhan. O Emirado Islâmico cortou o primeiro, causando cortes de energia adicionais na Síria, mas, estranhamente, deixa funcionar o segundo

É que este gasoduto é usado pelo governo local, pró-Israelita, do Curdistão, para exportar o petróleo que acaba de roubar em Kirkuk. Ora, tal como expliquei na semana passada [3], o ataque do EIIL é coordenado com o do Curdistão afim de cortar o Iraque em três pequenos estados, de acordo com o mapa da remodelagem do «Próximo-Oriente alargado», estabelecido pelo estado-maior norte-americano em 2001, que o exército dos E.U. não conseguiu impôr em 2003, mas que o senador Joe Biden fez adoptar pelo Congresso em 2007. [4]

O Curdistão iniciou as suas exportações de petróleo, de Kirkuk, via oleoduto controlado pelo EIIL. Em poucos dias foi capaz de carregar dois navios-tanques em Ceyhan, fretados pela Palmali Shipping & Agency JSC, a empresa do bilionário turco-azeri Mubariz Gurbanoğlu. Entretanto, depois que o governo de al-Maliki— que não foi ainda derrubado por Washington— emitiu uma nota denunciando este roubo, nenhuma das companhias trabalhando habitualmente no Curdistão (Chevron, Hess, Total) ousou comprar este petróleo.

Não conseguindo encontrar comprador, o Curdistão declarou-se pronto a vender os seus carregamentos a metade do preço, 57,5 dólares o barril, continuando sempre o seu tráfico. Dois outros navios-tanque estão à carga, sempre com a bênção do EIIL. O facto do tráfico continuar, na ausência de saída, mostra que o Curdistão e o EIIL estão convencidos que conseguirão vender, portanto que o seu tráfico dispõe dos mesmos apoios de Estado: Israel e Arábia Saudita.

A possível divisão de Iraque em três não deixará de refazer as cartas do petróleo. Diante do êxito do EIIL, todas as companhias petrolíferas reduziram o seu pessoal. Alguns muito mais que os outros: é o caso da BP, da Deutsch Shell (a qual emprega o xeique Moaz al-Khatib, o geólogo ex-presidente da Coligação nacional síria), da Türkiye Petrolleri Anonim Ortakligi (TPAO), e das companhias chinesas (Petrochina, Sinopec e CNOOC).

Os perdedores são, portanto, os Britânicos, os Turcos e, sobretudo, os chineses que eram, de longe, os primeiros clientes do Iraque. Os vencedores são os Estados Unidos, Israel e a Arábia Saudita.

Os jogos não têm, pois, nenhuma relação com um combate pelo «verdadeiro Islão»


Tradução

Fonte

[1] «Fuerzas estadounidenses abordan el tanquero “Morning Glory” en el Mediterráneo » («O Pentágono vistoria o “Morning Glory” no Mediterrâneo»-ndT), Red Voltaire , 18 de marzo de 2014.

[2] «Irak, las páginas borradas de la historia» («Iraque, as páginas de história apagadas»-ndT), por Manlio Dinucci, Il Manifesto, Red Voltaire , 19 de junio de 2014.

[3] «Washington relança seu projecto de partição do Iraque», por Thierry Meyssan, Traduction Alva, Al-Watan, Rede Voltaire, 16 de junho de 2014.

[4] «La balcanización de Irak» («A balcanização do Iraque»-ndT), por Manlio Dinucci, Il Manifesto, Red Voltaire , 18 de junio de 2014.

Fonte:Blog O Correio da Elite.

SAÚDE - Mais médicos supera meta.

Dilma: Mais Médicos supera meta e beneficia 50 milhões


Quando a gente trata o problema de saúde lá na base, lá no posto de saúde do bairro, a gente trata as doenças no início. E isso desafoga os hospitais e os serviços de urgência. Com o Mais Médicos, conseguimos reduzir em 21% o número de encaminhamento aos hospitais. Os centros mais especializados de saúde estão cada vez mais atendendo apenas os casos mais graves”, disse a presidente Dilma Rousseff

Ana Cristina Campos, Agência Brasil 
A presidenta Dilma Rousseff disse hoje (30) que o Programa Mais Médicos superou a meta de cobertura e beneficia, atualmente, 50 milhões de pessoas em todo o país. O número inicial estipulado era chegar a 46 milhões de brasileiros. Segundo ela, todos os pedidos de prefeitos por médicos para suas cidades foram atendidos. O Mais Médicos está presente em 3.819 municípios.

São 14.462 médicos (brasileiros e estrangeiros) atuando em postos de saúde no Brasil.

“O Mais Médicos é uma das nossas ações que aumenta a capacidade de atendimento do SUS [Sistema Único de Saúde]. Muitas cidades não tinham sequer um médico. A pessoa que precisasse de atendimento tinha que se deslocar para outra cidade, às vezes, a dezenas e dezenas de quilômetros de distância – de carro, de ônibus e até mesmo de barco, algumas iam a pé.”

No programa semanal Café com a Presidenta, Dilma também comentou pesquisa do Ministério da Saúde que aponta redução de 21% no número de encaminhamentos a hospitais feitos por postos de saúde onde há atuação de profissionais do Mais Médicos.

“Quando a gente trata o problema de saúde lá na base, lá no posto de saúde do bairro, a gente trata as doenças no início. Assim, você consegue controlá-las e até curá-las. E isso desafoga os hospitais e os serviços de urgência. Com o Mais Médicos, conseguimos reduzir em 21% o número de encaminhamento aos hospitais. Os centros mais especializados de saúde estão cada vez mais atendendo apenas os casos mais graves.”

Dilma também destacou que a oferta de vagas em cursos de medicina está aumentando. O programa prevê a criação de 11,5 mil vagas em cursos de graduação de medicina até 2017. Para residência médica, – quando um profissional se especializa em determinada área da medicina, por exemplo, em pediatria, ortopedia, neurologia, cardiologia ou pneumologia e ginecologia – serão criadas mais 12,4 mil vagas até 2018. "Uma coisa importante é que a maior parte dessas vagas está também sendo criada em cidades do interior.

Essa é uma estratégia fundamental para fixar os médicos na própria região onde são formados. Isso faz parte do nosso esforço de descentralizar a graduação e a especialização de médicos, que antes só se formavam nos grandes centros urbanos, em especial nas regiões Sul e Sudeste.”

POLÍTICA - Torcida rica e mal educada.

Vaias ao hino chileno e xingamentos a Dilma mostram torcida rica e mal educada

Torcedoras vaiam durante a execução do hino do Chile, em uma demonstração de incivilidade e grosseria
Correio do Brasil
"Estádios cheios de gente branca, rica e… mal educada. Esta é a realidade que a Copa do Mundo tem mostrado aos países que transmitem os jogos do mundial, até agora. No Itaquerão, em São Paulo, xingamentos pesados à presidenta da República, Dilma Rousseff, e agora, no Mineirão, em Belo Horizonte, vaias ao hino chileno têm sido alvo de críticas tanto na imprensa internacional quanto nas redes sociais.

Neste domingo, o blogueiro Leonardo Sakamoto, um dos mais acessados na internet, questiona: O que leva uma pessoa a vaiar o hino de outro país enquanto ele é executado em um jogo de Copa do Mundo?

“Entendo que, em bando, os seres humanos não raro ficam mais idiotas. Isso é facilmente comprovável, por exemplo, por algumas torcidas organizadas que compensam suas frustrações cotidianas e reafirmam identidades de forma tosca através da violência”.

Leia, na íntegra, o artigo de Sakamoto
Contudo, não são as torcidas organizadas que preenchem as arquibancadas dos estádios de futebol nestes jogos da seleção (aliás, se fossem, ao menos empurrariam o time o tempo inteiro ao invés de ficarem em silêncio, com cara de susto e medo, diante de momentos tensos), mas grupos com maior poder aquisitivo, dado o preço de boa parte dos ingressos.

Renda pode até estar diretamente relacionada à obtenção de escolaridade de melhor qualidade. Mas escolaridade definitivamente não está relacionada com educação. Ou respeito. Ou bom senso. Ou caráter.
E considerando que, provavelmente, muitos dos que vaiaram o hino do Chile quando executado à capela foram os mesmos que, minutos depois, estavam cantando “sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”, posso concluir que o sujeito é guiado pela aversão do estrangeiro característica da xenofobia. Aversão potencializada e exposta pela covarde sensação de segurança por ser maioria e estar em casa.

Vaiar o hino do adversário não é uma brincadeira. Muito menos uma catarse coletiva, uma indignação contra a cantoria à capela do outro. Nem ajuda na partida. Pelo contrário, mostra para o mundo que está assistindo pela TV que nós, brasileiros, podemos ser tão preconceituosos quanto os preconceituosos que, não raro, nos destratam no exterior simplesmente por sermos brasileiros.
Aos vizinhos chilenos, portanto, peço que nos perdoem. Parte de nossos conterrâneos não sabe o que faz."

POLÍTICA - O velho discurso do novo.

O velho discurso do novo

, GGN
"Hannah Arendt, em A Condição Humana, nos diz que a ação e o discurso (proferimento de palavras) são os modos pelos quais os seres humanos se manifestam uns aos outros. A relação entre ação e discurso expressa a revelação – quem a pessoa é. Mas, dado o caráter problemático da ação, sendo ela de natureza imprevisível, mais do que ela, o discurso tem mais afinidade com a revelação. Em sendo a ação humana imprevisível, o futuro também vem sempre recoberto de incertezas e imprevisibilidade. A palavra tem o papel de reduzir essa imprevisibilidade não só porque ela é o elemento que estabelece a confiabilidade entre os seres humanos, mas também porque através dela, é possível fazer promessas em relação ao próprio futuro.

Neste momento em que as três principais candidaturas à presidência da República estão definidas é importante acompanhar a construção dos discursos que as mesmas promovem, seja através dos próprios candidatos, seja através de seus prepostos - os marqueteiros. Os três candidatos – Dilma, Aécio e Eduardo Campos - estão levando em conta um dado importante da conjuntura para definir seus discursos: o anseio de mudança do eleitorado, que estaria acima de 70% de acordo com as pesquisas. Quando na oposição, o PT fez o discurso da mudança e da renovação da política. No poder, mudou e renovou menos do que se esperava. Recentemente, Lula afirmou que “o dinheiro fez do PT um partido convencional”. Dilma continua pregando a mudança precisando defender a continuidade. Resta ver se dará certo.

A História não imputa a Aécio e Campos o Papel de Reformadores Políticos
Aécio Neves e Eduardo Campos buscam trabalhar o anseio de mudança com a afirmação do conceito em seus respectivos discursos. Assim, convém examinar até que ponto tais discursos podem ou não gerar confiabilidade e revelar efetivamente quem os candidatos são. Antes de tudo, cabe dizer que os dois candidatos, principalmente por serem oposicionistas, têm o direito de empunhar o discurso da mudança. Mas é também um direito que assiste qualquer cidadão submeter os discursos ao crivo do debate público e ao exame de seus conteúdos.

À primeira vista parecem existir dois critérios para medir os graus de confiabilidade e de revelação de quem efetivamente são os dois candidatos. O primeiro critério diz respeito ao exame das histórias da vida pública de Aécio e de Campos para perquirir até que ponto elas os credencia para que cada um se apresente como um reformador, um refundador da política brasileira. O segundo critério manda examinar a coerência discursiva de ambos.

Pelo critério do exame das histórias da vida pública de Aécio e de Campos não há nenhuma razão, por mais esforço que se faça, de conceder credenciais que os qualifiquem como reformadores, inovadores ou refundadores da prática política. Geneticamente, ambos são netos da velha tradição política. Como os dois já têm um longo histórico político, sendo que foram governadores por dois mandados consecutivos em seus estados, o exame de suas práticas e de suas realizações também diz que não é possível reputá-los como reformadores e refundadores. Ocorreram esforços pontuais de melhorias em Minas Gerais e em Pernambuco, mas nada que transforme esses dois estados em uma excepcionalidade exemplar a ser seguida pelo resto do Brasil. Os indicadores sociais, econômicos e de violência em alguns casos são melhores e em outros são piores do que os indicadores de outros estados brasileiros. Tanto no governo de Aécio, quanto no de Campos existem denúncias de corrupção. Seus governos articularam alianças com partidos que também se aliam ao PT. Os governos de ambos abrigaram velhas raposas que raspam o tacho e que agora Campos tanto as critica.

Falta Coerência a Aécio e Campos
Aécio e Campos têm se esmerado em pregar a renovação da política e a exigência de novas práticas na vida pública nesta véspera de campanha. Ambos condenam a “política rasteira”, a “política do ódio” e a “política da baixaria”, imputada ao PT. Mas a veracidade e a fidedignidade desse discurso não ultrapassa o umbral do locam em que se realizaram as convenções do PSDB e do PSB.

Acerca dos xingamentos a Dilma, Aécio os validou em declarações e tentou condená-los no Facebook. Na convenção partidária pregou a extirpação do PT no poder pela força de um tsunami. Ataques à corrupção petista foram disparados com fúria por líderes de um partido que tem um largo histórico de denúncias de corrupção que pesam sobre seus ombros. Para um líder que quer renovar a política, a coerência discursiva exige que ele reconheça que a corrupção é uma prática de todos os partidos, inclusive no seu, e que ela é estrutural o Brasil.

Mais do que isto: na última semana, Aécio pregou, sem pudor ou rubor, o oportunismo político, a traição e a falta de fidelidade. Várias reportagens trouxeram a seguinte declaração do candidato tucano acerca de deserções de governistas em favor da sua candidatura: “Muito mais gente já desembarcou e o governo ainda não percebeu. Vão sugar um pouco mais. E eu digo para eles: façam isso mesmo, suguem mais um pouquinho e depois venham para o nosso lado”. Todo discurso de renovação da política desmorona diante de tal pregação e se tal discurso persistir deve ser entendido como manipulação eleitoral. Ao quebrar a autenticidade de seu discurso, Aécio quebra a possibilidade de que se confira confiabilidade e fé na sua palavra.

No discurso da convenção do PSB, Campos fez a seguinte afirmação: “Os que se revezam no poder no Brasil ao longo desses 20 anos pensam e tentam convencer o povo que agora vão fazer diferente. Mas todos nós sabemos que eles já perderam a energia renovadora, pois se entregaram aos encantos, se deixaram dominar pelo cerco das velhas elites, das práticas mofadas, antigas, ultrapassadas, que já não servem”. Qualquer leitor que saiba que Campos foi duas vezes governador, que ocupou vários cargos públicos, inclusive, que foi ministro do governo Lula, há de ficar perplexo ante tal afirmativa. Campos e muitos dos seus pares também estão se revezando no poder nos últimos 20 anos.

Note-se que na nova política de Campos também cabe validar os xingamentos à Dilma na abertura da Copa. Na convenção do PSB, Marina Silva pregou uma campanha “limpa”, sem “eliminar ninguém”. Os convencionais, as bases militantes do PSB e da Rede Sustentabilidade, que irão elevar a política à santidade da pureza, simplesmente entoaram os seguintes cânticos: "A Dilma no governo o povo não quer mais, xô satanás, xô satanás". Isto pode ser válido, é um direito, mas não é nova política. O fato é que nem Campos e nem Aécio representam a chamada nova política. Eles fazem parte da política real que está aí, andam junto com sanguessugas, com velhas raposas, com gente que raspa o tacho. A nova política tem pontas soltas aqui e ali, em vários partidos, nos movimentos sociais. Mas enquanto projeto de governo, ela não existe, não está no verbo em nem na carne. O verbo que vem sendo proferido é incoerente e não merece fé. A carne que poderia ser a encarnação da potência de um novo verbo político não nasceu, não é esperança."

Aldo Fornazieri – Cientista Político e Professor da Escola de Sociologia e Política.

MÍDIA - A COPA DAS COPAS.

Mídia global confirma: Brasil faz Copa das Copas


"Pesquisa realizada com 117 jornalistas de vários países aponta que 38,5% consideram o Mundial de 2014 como o melhor já visto; a Copa na Alemanha, em 2006, é a segunda colocada; levantamento foi realizado pelo portal Uol, do grupo Folha, e divulgado nesta segunda-feira 30; clima de terror promovido pela imprensa brasileira e pela oposição ao governo Dilma, antes do início do evento, teve efeito contrário: depois de dezenas de reportagens mostrando a satisfação dos torcedores estrangeiros, agora é a vez da imprensa

Brasil 247
O mau humor e o clima de terror propagado pela imprensa brasileira – que difundiu as previsões pessimistas para os veículos de comunicação internacionais – e pela oposição ao governo Dilma Rousseff (PT) teve efeito inverso. Pesquisa realizada pelo portal Uol, do grupo Folha, divulgada nesta segunda-feira 30, aponta que boa parte dos jornalistas estrangeiros veem a Copa do Mundo no Brasil como a melhor.

O levantamento foi feito com 117 profissionais de comunicação que estão cobrindo o evento no Brasil. Do total de entrevistados, 38,5% consideram a competição sediada no País como a melhor já vista. Em segundo lugar vem a Copa realizada na Alemanha, em 2006, com 19,7% das respostas, e em terceiro a da África do Sul, em 2010, que recebeu a aprovação de 5,1% dos jornalistas entrevistados.

Na quarta posição vem a Copa sediada nos Estados Unidos, em 1994, quando o Brasil recebeu o título de tetracampeão, seguida por Itália-1990 (com 3,4% dos votos), França-1998 (3,4%), Japão e Coreia-2002 (3,4%), México-1986 (1,7%), México-1970 (1,7%) e Alemanha-1974 (0,9%). Entre os entrevistados, 1,7% não respondeu. Segundo a pesquisa, 16,2% dos profissionais disseram estar cobrindo o primeiro Mundial.

Há cerca de 20 dias, quando a Copa desse ano ainda não havia começado, seria praticamente impossível prever os números que acabam de ser apresentados na mostra, tal a sensação propagada pelos grandes jornais brasileiros de que tudo daria errado. As obras inacabadas, dificuldades nos meios de transporte e até a previsão de uma epidemia de dengue eram destaques nos veículos da imprensa.

Vê-se, porém, que depois da satisfação dos torcedores estrangeiros, que ressaltam com frequência a hospitalidade do povo brasileiro e a satisfação em conhecer o País – como podemos ver agora em reportagens diárias – que os jornalistas estrangeiros também concluíram que tudo não passou de um grande exagero."

MEIO AMBIENTE - Cientistas pedem suspensão imediata do cultivo de transgênicos.

Cientistas pedem suspensão imediata de licenças para o cultivo de transgênicos
Adital
Uma carta aberta assinada por mais de 815 cientistas de 82 nacionalidades está dando a volta ao mundo. O texto comprova, por meio de evidências científicas, os prejuízos causados pelos organismos geneticamente modificados (OGM) à biodiversidade, à segurança alimentar e à saúde humana e animal. Baseados no princípio da precaução, os cientistas pedem a proibição de qualquer tipo de patente de forma de vida e processos vivos, alertando para a necessidade de suspensão imediata da venda e do cultivo dos transgênicos em todo o mundo.
Os cientistas pedem a suspensão das licenças ambientais para cultivos de transgênicos por pelo menos cinco anos para a realização de pesquisas públicas exaustivas, com a justificativa de que as patentes de formas de vida e processos vivos "ameaçam a segurança alimentar, promovem a biopirataria dos conhecimentos indígenas e dos recursos genéticos, violam os direitos humanos básicos e a dignidade, o compromisso da saúde, impedem a pesquisa médica e científica e são contra o bem-estar dos animais”.
Ao contrário do que vem sendo propagado, o cultivo de transgênicos não traz qualquer benefício para agricultores e consumidores; pelo contrário, os cultivos transgênicos exigem o uso de maior quantidade de herbicidas e proporcionam menos rendimento econômico para os agricultores. Uma estatística baseada em 8.200 testes de campo do cultivo transgênico mais popular - a soja - mostrou que a soja transgênica rende 6,7% menos e requer duas a cinco vezes mais herbicidas do que as variedades não modificadas geneticamente, apontam na carta.
Outra grave consequência do cultivo de transgênicos diz respeito ao potencial de transferência horizontal de genes, que inclui a difusão de genes marcadores de resistência a antibióticos, a ponto de tornarem incuráveis algumas doenças infecciosas e promoverem a criação de novos vírus e bactérias causadores de doenças e mutações. Por isso, as atuais técnicas que exploram processos vivos não são consideradas confiáveis, mas sim "incontroláveis e imprevisíveis”.
A carta revela ainda que memorandos secretos da Administração dos Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos deixam claro que foram ignoradas as advertências dos seus próprios cientistas de que a engenharia genética é um novo ponto de partida e introduz novos riscos. Além disso, o primeiro cultivo transgênico liberado para comercialização – o tomate Flavr Savr – não passou nos testes toxicológicos.
O DNA transgênico não é transmitido apenas pela ingestão do alimento geneticamente modificado. Há evidências de que essa transmissão pode acontecer apenas pelo contato com a poeira e o pólen das plantas transmitidas pelo ar durante o trabalho agrícola e o processamento de alimentos, ocasionando sérios riscos para aqueles que manipulam os alimentos geneticamente modificados.
Além dos prejuízos direitos à saúde, o cultivo de transgênicos ampliaria as desigualdades sociais e impediria a expansão de uma agricultura sustentável e garantidora da segurança alimentar. Por outro lado, os cientistas relembram que já foram comprovados em estudos a produtividade e os benefícios sociais e ambientais da agricultura ecológica e familiar, de baixos insumos e completamente sustentável. Esse modelo contribui mais para a ampliação do desenvolvimento econômico, para a conservação da biodiversidade e é apontado como a melhor forma possível de se combater a fome e a pobreza.