PIB dos Estados Unidos tem a maior queda trimestral em 5 anos
A economia dos EUA contraiu a um ritmo muito maior que o estimado previamente no primeiro trimestre para registar o seu pior desempenho em cinco anos.
Marco Antonio Moreno (*)
O Departamento de Comércio indicou quarta-feira que o produto interno bruto caiu a uma taxa anual de -2,9 por cento, em lugar de -1,0 por cento como tinha sido informado em maio, e de 0,1 por cento estimado em abril.
Conquanto se tenha apontado que os problemas da economia derivam de um inverno excecionalmente frio e de uma seca de longa data que assola Estados como Texas ou Califórnia, onde se recupera a água dos duches e sanitários para voltar a usar, a magnitude da queda sugere muitos outros fatores para além dos relacionados com o clima.
Os Estados Unidos enfrentam o que temos chamado de uma estagnação de longo prazo, pela debilidade do seu setor industrial, pelas enormes bolsas de desemprego e pela existência maioritária do chamado "trabalho precário", fantasmas que também existem na Europa com os débeis sinais de crescimento e a nula recuperação do emprego. Ainda que os governos digam o contrário e lancem números otimistas, o emprego nunca mais voltará aos níveis existentes de antes da crise de 2008.
Para os Estados Unidos, o crescimento baixou 3 pontos percentuais desde a primeira estimativa que o governo fez em abril, quando sustentou que a economia teria uma expansão de 0,1 por cento. A diferença entre a segunda e a terceira estimativa foi a maior nos registos que remontam a 1976. Os dados do PIB conhecidos nesta quarta-feira baseiam-se nos registos mais completos disponíveis e diferenciam-se dos anteriores fundamentalmente nos dados do consumo. Como assinalámos anteriormente, o investimento privado teve uma queda de 11,7 por cento e o PIB tinha sido impulsionado pelos dados do consumo privado. Tinha-se estimado anteriormente que o consumo teria uma subida de 3,1 por cento, mas estabeleceu-se agora em 1 por cento. Se entendemos que o consumo representa 70 por cento do PIB dos Estados Unidos, podemos compreender por que a queda do PIB foi tão demolidora.
Os efeitos das alterações climáticas
Estima-se que o mau tempo pôde provocar a redução do crescimento até -1,5 por cento no primeiro trimestre. Os efeitos das alterações climáticas, que os Estados Unidos sempre negaram, começam a passar a fatura. A procura de transporte, maquinaria, computadores e produtos eletrónicos, sofreu uma queda de 17 por cento. Os pedidos destes produtos, que vão desde torradeiras de pão a aeronaves e que estão destinados a durar três anos ou mais, caíram pela primeira vez em três meses. Por sua vez, as exportações reduziram-se numa taxa de 8,9 por cento, em lugar de um ritmo de 6,0 por cento, o que resulta num défice comercial que cortou 1,53 pontos percentuais ao crescimento do PIB. O débil crescimento das exportações está relacionado com as gélidas temperaturas durante o inverno.
Estes dados deitam por terra a recuperação dos Estados Unidos e da economia global. A economia encontra-se repleta de bolhas especulativas e os leitores não devem surpreender-se que até o BCE e Wolfgang Schauble comecem a falar de novas bolhas imobiliárias à beira de estoirar, como já o fez o Fundo Monetário Internacional seguindo o que temos apontado em numerosos artigos.
A economia global encontra-se nas proximidades de um círculo vicioso e será sacudida por um novo tsunami financeiro que desta vez não poderá contar com os apoios dos governos e das instituições que deveriam vigiar a estabilidade do sistema. Todas as instituições monetário-financeiras como o FMI, o Banco Mundial ou os bancos centrais não têm feito mais que cuidar dos interesses da banca, saqueando as poupanças e a riqueza dos contribuintes, expropriando o direito ao trabalho, esgotando os recursos do planeta e transferindo riqueza dos mais pobres para os mais ricos. A economia aproxima-se de uma nova recaída e os dados desta quarta-feira podem ser o começo do declive.
(*) Artigo de Marco Antonio Moreno, publicado em El Blog Salmón. Tradução de Carlos Santos para esquerda.net
Conquanto se tenha apontado que os problemas da economia derivam de um inverno excecionalmente frio e de uma seca de longa data que assola Estados como Texas ou Califórnia, onde se recupera a água dos duches e sanitários para voltar a usar, a magnitude da queda sugere muitos outros fatores para além dos relacionados com o clima.
Os Estados Unidos enfrentam o que temos chamado de uma estagnação de longo prazo, pela debilidade do seu setor industrial, pelas enormes bolsas de desemprego e pela existência maioritária do chamado "trabalho precário", fantasmas que também existem na Europa com os débeis sinais de crescimento e a nula recuperação do emprego. Ainda que os governos digam o contrário e lancem números otimistas, o emprego nunca mais voltará aos níveis existentes de antes da crise de 2008.
Para os Estados Unidos, o crescimento baixou 3 pontos percentuais desde a primeira estimativa que o governo fez em abril, quando sustentou que a economia teria uma expansão de 0,1 por cento. A diferença entre a segunda e a terceira estimativa foi a maior nos registos que remontam a 1976. Os dados do PIB conhecidos nesta quarta-feira baseiam-se nos registos mais completos disponíveis e diferenciam-se dos anteriores fundamentalmente nos dados do consumo. Como assinalámos anteriormente, o investimento privado teve uma queda de 11,7 por cento e o PIB tinha sido impulsionado pelos dados do consumo privado. Tinha-se estimado anteriormente que o consumo teria uma subida de 3,1 por cento, mas estabeleceu-se agora em 1 por cento. Se entendemos que o consumo representa 70 por cento do PIB dos Estados Unidos, podemos compreender por que a queda do PIB foi tão demolidora.
Os efeitos das alterações climáticas
Estima-se que o mau tempo pôde provocar a redução do crescimento até -1,5 por cento no primeiro trimestre. Os efeitos das alterações climáticas, que os Estados Unidos sempre negaram, começam a passar a fatura. A procura de transporte, maquinaria, computadores e produtos eletrónicos, sofreu uma queda de 17 por cento. Os pedidos destes produtos, que vão desde torradeiras de pão a aeronaves e que estão destinados a durar três anos ou mais, caíram pela primeira vez em três meses. Por sua vez, as exportações reduziram-se numa taxa de 8,9 por cento, em lugar de um ritmo de 6,0 por cento, o que resulta num défice comercial que cortou 1,53 pontos percentuais ao crescimento do PIB. O débil crescimento das exportações está relacionado com as gélidas temperaturas durante o inverno.
Estes dados deitam por terra a recuperação dos Estados Unidos e da economia global. A economia encontra-se repleta de bolhas especulativas e os leitores não devem surpreender-se que até o BCE e Wolfgang Schauble comecem a falar de novas bolhas imobiliárias à beira de estoirar, como já o fez o Fundo Monetário Internacional seguindo o que temos apontado em numerosos artigos.
A economia global encontra-se nas proximidades de um círculo vicioso e será sacudida por um novo tsunami financeiro que desta vez não poderá contar com os apoios dos governos e das instituições que deveriam vigiar a estabilidade do sistema. Todas as instituições monetário-financeiras como o FMI, o Banco Mundial ou os bancos centrais não têm feito mais que cuidar dos interesses da banca, saqueando as poupanças e a riqueza dos contribuintes, expropriando o direito ao trabalho, esgotando os recursos do planeta e transferindo riqueza dos mais pobres para os mais ricos. A economia aproxima-se de uma nova recaída e os dados desta quarta-feira podem ser o começo do declive.
(*) Artigo de Marco Antonio Moreno, publicado em El Blog Salmón. Tradução de Carlos Santos para esquerda.net
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