Dinheiro público sustenta barões da mídia
Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
O que é pensar com cabeça tumultuada?
Considere o texto do jornalista Fernando Rodrigues, do UOL, sobre as despesas de estatais com publicidade, por exemplo.
Rodrigues gasta um artigo inteiro para analisar 17 milhões de reais de publicidade oficial que foram dar, em 2013, em sites que não pertencem às grandes empresas jornalísticas, como o 247, o Conversa Afiada e o GGN.
(O DCM não está na lista.)
E Rodrigues consegue ignorar coisas como os mais de 5 bilhões que caíram no colo da Globo entre 2002 e 2013. Isso com audiências sempre cadentes na tevê.
Não notou também a Abril. Mesmo com um jornalismo sempre destrutivo e desonesto em seu carro-chefe, a Veja, as estatais colocaram 500 milhões de reais em anúncios no período.
Fernando Rodrigues olhou o tostão e ignorou o milhão, ou bilhão, para usar a célebre expressão de Jânio Quadros.
O que levou Rodrigues a uma análise tão parcial?
Uma hipótese é que ele simplesmente não tenha enxergado o problema.
Outra hipótese é que ele tenha levado em conta sua carreira. Ele pode ter sentido que liquidaria suas chances de trabalhar na Globo – Globonews e CBN abrigam vários jornalistas com o mesmo perfil – se escrevesse o que tinha que ser escrito.
Pode ter pensado que mesmo no UOL as coisas poderiam se complicar, dado que os donos, os Frias, são sócios dos Marinhos no Valor Econômico.
Como quer que seja, ele foi nos pequenos e ignorou os grandes – os tubarões, como a eles se referiu Mujica ao falar da Lei de Meios que começa a ser discutida no Uruguai.
Publicidade oficial é uma discussão complexa, sem dúvida. Nos países mais avançados, ela se concentra em campanhas de claro interesse público.
No Brasil, em todas as esferas – federal, estadual e municipal – a propaganda oficial serviu, desde a ditadura militar, para enriquecer os donos das empresas em troca de cobertura favorável.
O apogeu disso se deu com a Globo na ditadura. Roberto Marinho transformou um pequeno jornal numa grande empresa comandada pela TV Globo graças às mamatas que lhe foram dadas em troca de apoiar o regime.
Não foi apenas propaganda copiosa, mas empréstimos em bancos oficiais e outros favores – sempre com o dinheiro público.
Com o PT houve uma mudança unilateral.
As estatais continuaram a anunciar intensamente nas grandes empresas de jornalismo.
Só que estas – que sempre deram em troca cobertura amistosa – passaram a atacar cada vez mais ferozmente a mão que as abastecia.
Nada disso foi notado por Fernando Rodrigues, e seria uma surpresa se fosse diferente.
Considere o texto do jornalista Fernando Rodrigues, do UOL, sobre as despesas de estatais com publicidade, por exemplo.
Rodrigues gasta um artigo inteiro para analisar 17 milhões de reais de publicidade oficial que foram dar, em 2013, em sites que não pertencem às grandes empresas jornalísticas, como o 247, o Conversa Afiada e o GGN.
(O DCM não está na lista.)
E Rodrigues consegue ignorar coisas como os mais de 5 bilhões que caíram no colo da Globo entre 2002 e 2013. Isso com audiências sempre cadentes na tevê.
Não notou também a Abril. Mesmo com um jornalismo sempre destrutivo e desonesto em seu carro-chefe, a Veja, as estatais colocaram 500 milhões de reais em anúncios no período.
Fernando Rodrigues olhou o tostão e ignorou o milhão, ou bilhão, para usar a célebre expressão de Jânio Quadros.
O que levou Rodrigues a uma análise tão parcial?
Uma hipótese é que ele simplesmente não tenha enxergado o problema.
Outra hipótese é que ele tenha levado em conta sua carreira. Ele pode ter sentido que liquidaria suas chances de trabalhar na Globo – Globonews e CBN abrigam vários jornalistas com o mesmo perfil – se escrevesse o que tinha que ser escrito.
Pode ter pensado que mesmo no UOL as coisas poderiam se complicar, dado que os donos, os Frias, são sócios dos Marinhos no Valor Econômico.
Como quer que seja, ele foi nos pequenos e ignorou os grandes – os tubarões, como a eles se referiu Mujica ao falar da Lei de Meios que começa a ser discutida no Uruguai.
Publicidade oficial é uma discussão complexa, sem dúvida. Nos países mais avançados, ela se concentra em campanhas de claro interesse público.
No Brasil, em todas as esferas – federal, estadual e municipal – a propaganda oficial serviu, desde a ditadura militar, para enriquecer os donos das empresas em troca de cobertura favorável.
O apogeu disso se deu com a Globo na ditadura. Roberto Marinho transformou um pequeno jornal numa grande empresa comandada pela TV Globo graças às mamatas que lhe foram dadas em troca de apoiar o regime.
Não foi apenas propaganda copiosa, mas empréstimos em bancos oficiais e outros favores – sempre com o dinheiro público.
Com o PT houve uma mudança unilateral.
As estatais continuaram a anunciar intensamente nas grandes empresas de jornalismo.
Só que estas – que sempre deram em troca cobertura amistosa – passaram a atacar cada vez mais ferozmente a mão que as abastecia.
Nada disso foi notado por Fernando Rodrigues, e seria uma surpresa se fosse diferente.
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