terça-feira, 23 de dezembro de 2014

PETRÓLEO - Cotações em queda.


A queda de braço suicida do preço do petróleo

Autor: Fernando Brito
breakeven
Ontem, escrevi aqui sobre a pressão que o bloco liderado pela Arábia Saudita (além dela, os Emirados Árabes Unidos, o Qatar e o Kuwait) estão jogando sobre a indústria do shale oil nos Estados Unidos.
custo shaleO preço de extração do shale, dependendo da região onde é extraído tem a variação mostrada pelo gráfico ao lado, numa média de 60 a 61 dólares, aos quais se deve acrescer os custos iniciais de extração: aquisição de terras ou licenças de extração, estudos sísmicos e outros. Isso soma entre cinco e dez dólares ao custo por barril.
Hoje, mostro alguns dados sobre a capacidade dos sauditas (e dos países do Norte da África e do Oriente Médio) de suportarem essa baixa de preços forçada – porque eles  se recusam a fechar as torneiras da Opep e fazer os preços subirem .
O gráfico lá em cima exibe os preços mínimos do petróleo  necessários para garantir aos países equilíbrio em suas contas internas e externas.
Que não é a mesma coisa que o limite (breakeven) dos custos de extração, bem mais baixo ( no caso da Arábia Saudita, em torno de US$ 20 por barril), que pode fazer frente, claro, ao mesmo limite da indústria de petróleo de xisto americana.
É o que representa na renda estatal e na balança comercial de países que, em sua maioria, dependem de tudo importado, do frango aos automóveis. E que têm uma conta de despesas militares (compreensivelmente, dada a permanente crise regional)  estratosférica.
A Arábia Saudita está confiando no fôlego de suas reservas que, com a temporada de preços altos do petróleo, saltaram de US$ 160 bilhões, em 2010, para perto de US$ 280 bilhões, hoje.
Tem “gordura para queimar”, sim, mas não é essa a situação de outros países importantes da região.
E comanda um “bloco”  que possui 20% da produção de petróleo no mundo, o dobro da Rússia que produz perto de 10 milhões de barris diários.
Muito poder numa área do mundo que , até as pedras sabem, já não tem qualquer equilíbrio.
E todos ali, bem próximo a uma Rússia que vê, não sem razão, na queda abrupta do petróleo a maior e mais dolorosa represália norte-americana à crise da Ucrânia.
Como tenho insistido aqui – é obvio que com o tempero da crise de credibilidade que sofreu pelas falcatruas – o problema da Petrobras passa muito longe, a milhares de quilômetros,  dos seus detratores locais.
Eles são apenas chacais que seguem animais feridos.
O problema da Petrobras é o problema do petróleo.
É o problema do mundo.

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