REUTERS mostra a estratégia da Arábia Saudita, aliada dos EUA,
de usar o petróleo para atingir a Rússia e o Irã, ambos sofrendo
sanções econômicas da ONU e ambos fortemente dependentes do petróleo.
A Arábia Saudita, regida por sunitas, é
inimiga mortal do Irã, controlado por xiitas, e quer reduzir a
influência dos aiatolás na região.
Da leitura das análises acima, conclui-se facilmente que os EUA estão por trás da tática, visando dois objetivos:
1) Vergar o governo russo, ou mesmo
derrubar sua principal liderança, Putin, que venceu uma guerra fria (ou
nem tão fria assim) na Ucrânia, motivo pelo qual sofre sanções; apoiou a
Síria; e fornece tecnologia nuclear ao Irã.
2) Derrubar o regime iraniano, cuja economia, já fragilizada pelas sanções, depende mais do que nunca de preços
do petróleo acima de US$ 100. Os EUA são inimigos mortais do Irã, por
constituírem o último produtor de petróleo no oriente médio não alinhado
ao império, e com planos de desenvolver tecnologia nuclear.
A Petrobrás é uma vítima colateral do processo (ou nem tão colateral assim, como veremos a seguir).
Sua situação agrava-se, naturalmente, pelos bombardeios internos causados pela operação Lava Jato.
Os EUA vivem uma situação
energética temporariamente confortável, por causa da nova tecnologia que
lhe permite explorar o petróleo de xisto. E também porque a economia
americana, ainda deficitária em petróleo, não perde com a queda nos
preços do combustível. Ao contrário, a medida ajuda a baixar o custo de vida dos americanos.
Sem contar a possibilidade,
algo conspiratória, dos EUA também estarem interessados em baixar a bola
do governo brasileiro, que acaba de realizar três grandes operações
militares: a compra
dos caças suecos, num processo que transferirá tecnologia para o Brasil
produzir seus próprios caças; o avanço da construção do nosso primeiro
submarino nuclear; e o lançamento bem sucedido de um satélite em
conjunto com a China.
A nova direita americana, paranoica e
aberta aos delírios do Tea Party, deve temer que um governo forte e
nacionalista no Brasil possa enveredar-se em aventuras “bolivarianas”.
Debilitar a Petrobrás, e, por consequência, o poder de fogo do governo
recém-eleito, viria bem a calhar ao Tio Sam. Até porque facilitaria a
introdução de argumentos em prol da privatização do pré-sal.
Não podemos esquecer que a NSA espionou a Petrobrás e a presidenta Dilma.
Com uma operação assim, os EUA matam três coelhos com uma só porrada.
A economia brasileira, todavia, não é, nem de longe, tão dependente do petróleo como Rússia ou Irã.
A queda no preço do barril apenas leva a Petrobrás a postergar investimentos, enxugar custos, estabelecer prioridades, aguardando a poeira assentar, e as coisas se normalizarem.
Como o Brasil, assim como os EUA, ainda consome mais do que produz, a queda nos preços do petróleo ajuda a derrubar a inflação.
A Petrobrás, por sua vez, tem a vantagem de ser a principal revendedora de refinados no país, um negócio que se beneficia dos preços baixos do barril.
*
Conclusão: a queda no preço do petróleo
e, por consequência, no valor das ações da Petrobrás, tem motivos
geopolíticos muito mais profundos do que um escândalo de corrupção, o
qual está sendo investigado e punido.
A Petrobrás resistirá, e sairá da crise ainda mais forte, porque mais enxuta e mais experiente.
A economia brasileira, por sua vez, enfrentará a crise com relativa facilidade, em virtude de sua enorme diversificação.
A guerra entre Obama e Putin nos afeta, claro, mas a economia brasileira saberá se ajustar rapidamente às novas variáveis.
(Miguel do Rosário / ocafezinho)
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