Os E s p i n h o s d o M a n d a c a r ú |
240 parlamentares lançam a Frente em Defesa da Petrobras; denunciados José Serra e a venda de ações a preço de banana em NY
Em defesa da Petrobras
Muitos
brasileiros talvez ainda não perceberam, mas está em curso uma campanha
diuturna para atacar a Petrobras, sua imagem e suas atividades. A
pretexto de combater à corrupção, essa investida tem como pano de fundo a
redução da empresa na sua capacidade de exploração dos recursos do
pré-sal.
A
virulência dos ataques à estatal, aumentaram na medida em que ficou
claro o tamanho da reserva do pré-sal, e aumentaram exponencialmente
quando o modelo de exploração colocou a Petrobras no centro dessa
atividade.
Tenho
defendido no parlamento o rigor na apuração das denúncias de corrupção e
a punição dos envolvidos, independente de coloração partidária.
Não
se pode criminalizar a empresa pelo comportamento de alguns, assim como
não se pode tratar diferentemente quem tiver cometido crimes.
Não
podemos deixar de lado a gênese dos problemas, mas também não podemos
ser ingênuos: há poderosos interesses contrariados pelo crescimento da
Petrobras.
Submersa
por toneladas de notícias e artigos críticos, este ano vimos a
Petrobras se tornar a maior produtora de petróleo do mundo.
No
terceiro trimestre do ano passado, a empresa se tornou a maior
produtora de petróleo do mundo, entre as empresas de capital aberto, com
uma média de 2,2 milhões de barris/dia.
A
Petrobras tornou-se a maior produtora de petróleo entre as empresas de
capital aberto no mundo, após superar a norte-americana ExxonMobil.
A
Petrobras também foi a empresa que mais aumentou a sua produção de
óleo, tanto em termos percentuais quanto absolutos, em 2014 até
setembro.
No
entanto, a cada conquista, os ataques se tornam mais fortes, agressivos
e virulentos. Trata-se de um ataque sistemático que, ao invés de
esclarecer, lança indiscriminadamente a suspeita sobre a empresa, seus
contratos e seus 86 mil trabalhadores dedicados e honestos.
Longe
de ser uma empresa em ruínas, no ano de 2014, a Petrobras acumulou os
seguintes resultados: a produção de petróleo e gás alcançou a marca
histórica de 2,670 milhões de barris equivalentes/dia (no Brasil e
exterior); o Pré-Sal produziu em média 666 mil barris de petróleo/dia; a
produção de gás natural alcançou 84,5 milhões de metros cúbicos/dia; a
capacidade de processamento de óleo aumentou em 500 mil barris/dia, com a
operação de quatro novas unidades; a produção de etanol pela Petrobras
Biocombustíveis cresceu 17%, para 1,3 bilhão de litros.
Não
se debate, nem se leva em conta a venda, a preço vil, de 108 milhões de
ações da estatal na Bolsa de Nova York, em agosto de 2000, pelo governo
do PSDB.
Aquela
operação reduziu de 62% para 32% a participação da União no capital
social da Petrobras e submeteu a empresa aos interesses de investidores
estrangeiros sem compromisso com os objetivos nacionais. Mais grave
ainda: abriu mão da soberania nacional sobre a Petrobras.
O
valor de mercado da Petrobras, que era de 15 bilhões de dólares em
2002, é hoje de 110 bilhões de dólares, apesar dos ataques
especulativos. É a maior empresa da América Latina.
Segundo
manifesto da FUP (Federação Única dos Petroleiros), a participação do
setor de óleo e gás no PIB do País, que era de apenas 2% em 2000, hoje é
de 13%. A indústria naval brasileira, que havia sido sucateada, emprega
hoje 80 mil trabalhadores. Além dos trabalhadores da Petrobras, o setor
de óleo e gás emprega mais de 1 milhão de pessoas no Brasil.
Por
fim, não há espaço para acobertar mal feitos. Mas também não há nenhuma
dúvida de que o desenvolvimento de nosso país passa pelo fortalecimento
da Petrobras, pela garantia do sistema de partilha, do Fundo Social,
pelo papel estratégico da Petrobras na exploração do Pré-Sal e pela
preservação do setor nacional de Óleo e Gás e da Engenharia brasileira.
*VANESSA GRAZZIOTIN é senadora do Amazonas pelo PCdoB
No
dia 5 de fevereiro, 15 anos depois da tentativa do Governo FHC de
alterar o nome da Petrobras para Petrobrax, com o objetivo de unificar a
marca e facilitar seu processo de internacionalização, uma nova
investida contra a integralidade da companhia surge no Senado.
O
Senador José Serra, valendo-se da crise e turbulência resultante da
operação Lava-Jato, recoloca a velha política privatista e antinacional.
Segundo o Senador:
Os
argumentos apresentados demonstram o completo desconhecimento da
realidade da indústria petrolífera mundial e de suas tendências. Por
diversos motivos, merece resposta a proposta de vender os ativos de
refino e distribuição para fazer caixa e financiar a produção de óleo
como solução às presentes dificuldades da Petrobras.
Desconsidera-se
por completo a natureza e especificidade desta indústria, e não se
trata de uma indústria qualquer. Não por acaso, em quase todos os
países, a maior empresa é sempre uma petroleira.
No
Brasil, esta indústria representa 15% dos investimentos e 10% do PIB.
Por fim, petróleo é energia e base da química moderna: sem eles, não há
soberania para um país do tamanho do Brasil.
O
Senador desconhece conceitos técnicos básicos desta indústria, como o
“custo de transação”, ou que o valor, para ser gerado, necessita ser
extraído e realizado, daí por que a integração é imprescindível para uma
grande petroleira.
Durante
a década de 90, o objetivo foi “enxugar” a Petrobras, para, em seguida,
vendê-la ao melhor preço. Foi o pior momento da estatal em sua
história, iniciado na curta Presidência de ColIor e concluído pelo
Presidente FHC ao longo de seus dois mandatos.
Além dos baixos indicadores de extração, produção e refino, registraram-se também três resultados profundamente negativos:
Entre
as dez maiores empresas petroleiras de capital aberto, somente uma
optou por se separar do refino e venda de derivados para se concentrar
em E&P (exploração e produção) nos últimos 10 anos. Todas as demais
são integradas, assim como as maiores empresas do setor controladas pelo
Estado.
As
majors, supermajors e grandes estatais produzem do poço de petróleo à
bomba de gasolina. Apenas as independentes norte-americanas e as médias
empresas petroleiras, espalhadas pelas diversas bacias sedimentares
produtoras no mundo, não dispõem de meios para refinar o que produzem;
justamente porque não têm caixa para fazê-lo. Será que todas elas estão
erradas e só a ConocoPhillips acertou?
A
despeito da notória incapacidade dos economistas para prever o preço do
petróleo, o capital petrolífero não costuma errar suas estratégias e
seus cenários. Esso, Shell, Total e BP são empresas centenárias;
sobreviveram a várias crises.
Pemex,
Aramco, PetroChina, Statoil, Ecopetrol e Petrobras, pelo lado das
estatais, em pouco mais de meio século, apoiadas em uma crescente
capacidade de refino e distribuição, içaram-se como as maiores
competidoras, num oligopólio antes dominado pelas Sete Irmãs.
Embora
incapazes de saber qual será o preço futuro, todas elas entenderam que o
preço do petróleo é cíclico; na verdade, profundamente cíclico.
Para
sobreviver aos ciclos e, a despeito deles, continuar a crescer, o
capital se aproveita de outra especificidade da indústria: não se
abastece carro com petróleo. Depois de achado e extraído, é preciso
transportá-lo, refiná-lo, armazenar seus derivados e distribuí-los, para
somente depois ter seu uso final.
A
cada etapa, gera-se valor, e é a coordenação de uma série complexa de
atividades diferentes que permite a transformação do mineral num fluxo
quase contínuo. É a integração das partes que permite à petroleira se
apropriar do valor gerado ao longo de toda a cadeia de produção. E o
somatório final não é pequeno.
Ajudadas
pelo aumento de preço, como na última década, jamais as petroleiras
lucraram tanto, e não foi diferente para as estatais.
A
integração do poço à bomba, além disso, permite proteger-se durante as
baixas. As petroleiras apreenderam muito cedo que, quando o petróleo
está com preço vil, elas ganham na venda de seus derivados (que são
muitos) e na sua transformação química. Não é a toa que todas as grandes
empresas do setor têm refinarias, meios de transporte e distribuição
próprios.
Além
disso, Esso, Chevron, Shell, BP e Total dispõem de importantes plantas
petroquímicas. O mesmo acontece entre as grandes estatais e, em
particular, na China e no Próximo Oriente.
É
fácil entender a lógica da petroleira: a perda a montante será
compensada pelo ganho a jusante. Em particular, com matéria-prima
barata, o refino e a petroquímica geram enormes lucros.
Basta
ver o que aconteceu nos últimos anos nos EEUU: um quarto de seu
crescimento se deveu ao barateamento do gás natural e excesso de
condensado decorrente.
O
movimento de queda nos preços do petróleo já era sentido pelas grandes
petroleiras. A reestruturação em curso será profunda, e, como nas baixas
anteriores, o resultado será uma maior concentração, com o
desaparecimento dos competidores mais fracos e menores.
Aquele
capital petrolífero, que depende apenas da produção de um ou dois
campos, que está na fronteira da tecnologia, que produz não
convencionalmente, ou que não tem como valorizar seu petróleo, seja
sendo refinando-o, seja transformando-o em produtos de base para a
petroquímica, será o primeiro a ser afetado. E estejam certos de que os
oportunistas e as empresas gigantes saberão aproveitar a ocasião de
liquidação dos ativos para fortalecer suas posições.
Uma
onda de fusões e aquisições se avizinha, e, pelo visto, querem que a
Petrobras esteja do lado das vendedoras e perdedoras. Os vencedores
serão sempre os mesmos: aqueles que, há mais de um século, são capazes
de desenhar uma estratégia contracorrente e avançar em tempos de crise.
Desfazer-se
do refino e distribuição, a esta altura, seria um erro estratégico
primário, como foi visto. Seria também entregar um ativo construído
depois de mais de meio século a um preço necessariamente baixo.
Pior,
seria permitir que, por vias tortas, o capital externo — o único que
teria condição de adquirir as instalações — assumisse ativos que fazem a
Petrobras ser a maior distribuidora de combustíveis automotivos do
País, fornecedora da quarta (ou quinta) maior frota de veículos no mundo
e sexta maior petroquímica. E o País ainda importa dois terços dos
fertilizantes que utiliza em sua agricultura.
A
Petrobras, mesmo sob fogo cerrado, acumulou em 2014 êxitos
operacionais: a produção de petróleo e gás alcançou a marca histórica de
2,670 milhões de barris equivalentes/dia; o pré-sal produziu em média
666 mil barris de petróleo/dia; a capacidade de processamento de óleo
aumentou em 500 mil barris/dia; a produção de etanol etanol cresceu 17%,
para 1,3 bilhão de litros. Em setembro de 2014, a Petrobras tornou-se a
maior produtora mundial de petróleo entre as empresas de capital
aberto, superando a ExxonMobil (Esso).
Restringir-se
à exportação de óleo bruto e não valorizar a crescente produção é um
retrocesso histórico, um absurdo em termos de política industrial e um
crime ao patrimônio nacional.
Do
pau-brasil ao café, passando pelo ouro, pelo açúcar e pela borracha, o
Brasil sempre esteve condenado à periferia, exportando produtos com
baixo valor agregado.
Na
condição de um “quase” Estado extrativo-exportador por cinco séculos,
esteve submetido aos sucessivos ciclos econômicos em razão da inação de
suas elites.
O
petróleo é a oportunidade de se mudar positivamente a história
econômica do Brasil, mas, pelo visto, parte da elite (por
desconhecimento, ou má-fé) atua intensamente para desmantelar a
Petrobras e não permitir que o desenvolvimento nacional.
Em defesa da Petrobras e da sua integralidade!
PS do Viomundo: Pedimos
a nossos leitores que disseminem este texto nas redes sociais. São os
argumentos dos quais todos precisamos para defender a Petrobras dos
vendilhões.
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