Gilmar e Cunha pioram o sistema político
Bepe Damasco, Blog do Pepe
É simples : se aprovada pela Congresso Nacional, as novas regras seriam constitucionalizadas, tornando sem sentido a decisão do Supremo sobre as doações empresariais. Por isso, Gilmar continuará sentado em cima do processo até que a questão se defina no Congresso.
Dane-se se os eleitores não lhe conferiram essa prerrogativa. O negócio é se antecipar à campanha dos movimentos sociais, CNBB, OAB e partidos de esquerda, aprovando qualquer porcaria. Afinal, vai que ganhe corpo o movimento por uma reforma genuína. Vai que o povo se dê conta de que o financiamento empresarial está por trás dos esquemas de corrupção na política
Aliás, não custa repetir : faz pura demagogia quem se diz indignado com os desvios de dinheiro público, mas é contra o financiamento público das campanhas. O cartel da mídia, parte expressiva do PMDB e a totalidade dos parlamentares do PSDB, DEM e PPS defendem a manutenção do financiamento empresarial. Mal conseguem, contudo, disfarçar as razões pelas quais se batem pelas regras atuais : se a montanha de dinheiro das empresas parar de irrigar as campanhas, o beneficiado será o PT, partido mais organizado e enraizado na sociedade.
Nessa comissão, já há uma maioria favorável ao "Distritão". Se aprovado, esse modelo teria o condão de substituir os deputados federais por uma espécie de vereadores de luxo. Os estados seriam divididos em grandes circunscrições, e um número limitado de candidatos só poderia concorrer às vagas existentes dentro dessas circunscrições.
Também são majoritários na comissão especial os deputados contrários ao financiamento público e ao voto em lista pré-ordenada, instrumento importante para o fortalecimento dos partidos e, consequentemente, da democracia. Nem mesmo o sistema misto, por meio do qual o eleitor votaria duas vezes, na lista partidária e no candidato do partido escolhido, eles aceitam.
Cabe à sociedade reforçar a mobilização pela Constituinte exclusiva e pressionar contra o que se trama na Câmara. Não é possível que o Brasil dê passos atrás no seu sistema político, num período de sua história em que as reformas democráticas e populares são fundamentais para o avanço do país. E a reforma política é, sem dúvida, a mãe de todas as reformas."
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