Os interesses internacionais por trás da crise na Petrobrás
Fonte: Pragmatismo Político
Autor: Eduardo Maretti
A
queda do preço das ações da Petrobras e fatos que se originam em
entidades do chamado mercado, como a perda de grau de investimento, em
24 de fevereiro, ou a exclusão do índice Dow Jones de sustentabilidade,
como na última semana, fazem parte de uma estratégia deliberada de
ataque à estatal brasileira, com motivações político-econômicas
internacionais. A avaliação é do professor da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP), consultor da ONU e economista Ladislau
Dowbor.
“Essas
coisas têm que ser vistas num plano geopolítico. Fazem parte da mesma
guerra que levou à invasão do Oriente Médio, às tentativas de
desestabilização do governo da Venezuela, outra grande fonte de
petróleo. No nosso caso, é o pré-sal que desperta interesse
internacional”, diz Dowbor. “A Petrobras está num processo de pressão
internacional que se apoia em forças locais.”
O
preço das ações preferenciais da Petrobras caiu 52%, considerando o
preço em real convertido em dólar, na comparação entre o que valia em 19
de março de 2014 e um ano depois, 19 de março de 2015. “Não tem nada de
incorreto nessa conta. O que é incorreto é achar que isso significa o
que realmente a Petrobras está perdendo em valor”, afirma Dowbor.
O
professor vê ingenuidade na crença largamente alimentada pela imprensa
tradicional de que é apenas o mercado ou seus mecanismos que promovem
fatos como a queda do preço do petróleo, que em junho de 2014 custava
US$ 115 o barril e hoje está em US$ 54. Em artigo que publicou em seu
blog, Dowbor afirma: “A visão que temos, em grande parte devida aos
comentários desinformados ou interessados da imprensa econômica, é que
as flutuações de preços da commodities resultam das variações da oferta e
da demanda”.
“Não
são mecanismos de mercado que fazem cair o preço para a metade. Isso
tem que ser visto pela área política, e não pela econômica. É um sistema
especulativo planetário. É a mesma coisa que aconteceu com a degradação
do grau de investimento (da Petrobras, em fevereiro). Faz parte de um
ataque”, completou à Rede Brasil Atual.
A
conta do economista se baseia no fato real de que as reservas do
pré-sal não se desvalorizaram e o estoque de petróleo continua sendo o
mesmo. “Se, com todo o ataque, conseguirem mudar a situação política do
país, com a troca de presidente ou o que seja, e conseguirem privatizar a
Petrobras, as ações vão explodir e quem tiver comprado na baixa vai
ganhar. São os mesmos especuladores. O ataque é esse, é um ataque
nacional e internacional. Estão fazendo isso com a Argentina, com a
Venezuela, com os países que não se dobraram aos interesses do
‘mercado’.”
O
secretário de Relações Internacionais da Federação Única dos
Petroleiros (FUP), João Antônio de Moraes, analisa da mesma forma os
fatos gerados por entidades vinculadas ao mercado ou que refletem seus
índices. “O Brasil está sob um cerco de ataques. A Petrobras, como maior
agente econômico do país, está neste contexto. É uma ação internacional
muito bem montada que busca abalar o Brasil.”
Moraes
acredita que o governo brasileiro teria como, no mínimo, minimizar os
efeitos dos ataques. Para ele, o país deveria se aproveitar do momento
em que as ações da Petrobras estão baixas e comprar papeis da companhia.
“Essa medida teria dois efeitos: aumentaria o controle do povo sobre a
empresa, tão estratégica, e ajudaria a derrubar a tática deles de
prejudicá-la.”
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