Como vivi a "Revolução" de 64: Um bonito cartaz. Uma mentira.
Você recebeu um cartaz assim na sua escola, nos anos pós golpe?
Cópias deste foram distribuídas por toda minha pequenina cidade, naquela época. Durante toda minha adolescência eu o tive colado na parede de meu quarto, junto às fotos dos Beatles e Chico Buarque, meus favoritos lá e ainda agora. Só ouvíamos notícias boas a respeito do novo momento da nação. Nas igrejas, nos colégios, nos clubes, todos acreditavam na mensagem.
Lá, só chegavam notícias pelo rádio e apenas as notícias que nos queriam dar.
Nos fundos da pequena igreja que frequentávamos haviam fardos e mais fardos de algo como ração, enviados pela Aliança pelo Progresso. Digo algo como ração, por que estes fardos nunca eram abertos, não havia interesse neles, ali ninguém passava fome ou algo assim. O pastor era americano e sempre afirmava que o seu país era muito amigo do Brasil. Passado três anos do golpe, ele retornou aos EUA.
Bem, somente sete anos depois, ao me mudar para um grande centro e entrar para a Universidade, comecei a ouvir rumores do que significava, realmente, esta “revolução”. Mas, eram ecos bem difusos, devido à censura e à minha parcial alienação, comum nos jovens dos anos 70 que, em paralelo com a situação do país, enfrentavam suas lutas particulares, em consequência das mudanças de valores nos costumes, no dilema da escolha da profissão, na Você recebeu um cartaz assim na sua escola, nos anos pós golpe?
Cópias deste foram distribuídas por toda minha pequenina cidade, naquela época. Durante toda minha adolescência eu o tive colado na parede de meu quarto, junto às fotos dos Beatles e Chico Buarque, meus favoritos lá e ainda agora. Só ouvíamos notícias boas a respeito do novo momento da nação. Nas igrejas, nos colégios, nos clubes, todos acreditavam na mensagem.
Lá, só chegavam notícias pelo rádio e apenas as notícias que nos queriam dar.
Nos fundos da pequena igreja que frequentávamos haviam fardos e mais fardos de algo como ração, enviados pela Aliança pelo Progresso. Digo algo como ração, por que estes fardos nunca eram abertos, não havia interesse neles, ali ninguém passava fome ou algo assim. O pastor era americano e sempre afirmava que o seu país era muito amigo do Brasil. Passado três anos do golpe, ele retornou aos EUA.
Bem, somente sete anos depois, ao me mudar para um grande centro e entrar para a Universidade, comecei a ouvir rumores do que significava, realmente, esta “revolução”. Mas, eram ecos bem difusos, devido à censura e à minha parcial alienação, comum nos jovens dos anos 70 que, em paralelo com a situação do país, enfrentavam suas lutas particulares, em consequência das mudanças de valores nos costumes, no dilema da escolha da profissão, na busca do amor ideal e tudo o mais que é resultado deste quadro.
Ou seja: enquanto eu vivia minha adolescência, de forma calma, cercada pelos meus familiares, contemplando o belo cartaz na parede do meu quarto, ao som de The Beatles, A Banda, Carolina, Não chore ainda não... outras tantas crianças e adolescentes como eu, estavam tendo seus pais perseguidos, encarcerados, assassinados!
Enquanto eu vivia a minha vida de jovem universitária, repleta de alegres descobertas, aflições das dúvidas, aventuras nas escaladas das montanhas (nossos programas preferidos), passeios de “Maria Fumaça” nos finais de semana... enquanto tudo isso acontecia, outras tantas moças, moços e adultos estavam sendo massacrados, aviltados, assassinados!
Dobrei o cartaz tão bonito quanto mentiroso e guardei-o. Nunca quis destruí-lo. Significa muito para mim. Faz parte da minha história e da triste história do meu país. Mas, por outro lado, a história do meu país não é triste; por ter sido, e ainda ser, uma história de luta, onde o sangue correu, a dor cresceu, a saudade dos heróis destemidos que se foram, sempre vai dilacerar o peito, mas somos um povo que jamais se curvou. A estrada da luta ainda é longa e cheia de pedras que, com certeza, vão nos ferir, mas temos que permitir que nossos pés sejam calejados, e ainda assim prosseguir, menos por nós mesmos e mais pelas próximas gerações e pela memória dos heróis que hoje ilustram minha página, representando todos os demais cujos retratos não cabem aqui, mas estão em nossas memórias e corações.
Cópias deste foram distribuídas por toda minha pequenina cidade, naquela época. Durante toda minha adolescência eu o tive colado na parede de meu quarto, junto às fotos dos Beatles e Chico Buarque, meus favoritos lá e ainda agora. Só ouvíamos notícias boas a respeito do novo momento da nação. Nas igrejas, nos colégios, nos clubes, todos acreditavam na mensagem.
Lá, só chegavam notícias pelo rádio e apenas as notícias que nos queriam dar.
Nos fundos da pequena igreja que frequentávamos haviam fardos e mais fardos de algo como ração, enviados pela Aliança pelo Progresso. Digo algo como ração, por que estes fardos nunca eram abertos, não havia interesse neles, ali ninguém passava fome ou algo assim. O pastor era americano e sempre afirmava que o seu país era muito amigo do Brasil. Passado três anos do golpe, ele retornou aos EUA.
Bem, somente sete anos depois, ao me mudar para um grande centro e entrar para a Universidade, comecei a ouvir rumores do que significava, realmente, esta “revolução”. Mas, eram ecos bem difusos, devido à censura e à minha parcial alienação, comum nos jovens dos anos 70 que, em paralelo com a situação do país, enfrentavam suas lutas particulares, em consequência das mudanças de valores nos costumes, no dilema da escolha da profissão, na Você recebeu um cartaz assim na sua escola, nos anos pós golpe?
Cópias deste foram distribuídas por toda minha pequenina cidade, naquela época. Durante toda minha adolescência eu o tive colado na parede de meu quarto, junto às fotos dos Beatles e Chico Buarque, meus favoritos lá e ainda agora. Só ouvíamos notícias boas a respeito do novo momento da nação. Nas igrejas, nos colégios, nos clubes, todos acreditavam na mensagem.
Lá, só chegavam notícias pelo rádio e apenas as notícias que nos queriam dar.
Nos fundos da pequena igreja que frequentávamos haviam fardos e mais fardos de algo como ração, enviados pela Aliança pelo Progresso. Digo algo como ração, por que estes fardos nunca eram abertos, não havia interesse neles, ali ninguém passava fome ou algo assim. O pastor era americano e sempre afirmava que o seu país era muito amigo do Brasil. Passado três anos do golpe, ele retornou aos EUA.
Bem, somente sete anos depois, ao me mudar para um grande centro e entrar para a Universidade, comecei a ouvir rumores do que significava, realmente, esta “revolução”. Mas, eram ecos bem difusos, devido à censura e à minha parcial alienação, comum nos jovens dos anos 70 que, em paralelo com a situação do país, enfrentavam suas lutas particulares, em consequência das mudanças de valores nos costumes, no dilema da escolha da profissão, na busca do amor ideal e tudo o mais que é resultado deste quadro.
Ou seja: enquanto eu vivia minha adolescência, de forma calma, cercada pelos meus familiares, contemplando o belo cartaz na parede do meu quarto, ao som de The Beatles, A Banda, Carolina, Não chore ainda não... outras tantas crianças e adolescentes como eu, estavam tendo seus pais perseguidos, encarcerados, assassinados!
Enquanto eu vivia a minha vida de jovem universitária, repleta de alegres descobertas, aflições das dúvidas, aventuras nas escaladas das montanhas (nossos programas preferidos), passeios de “Maria Fumaça” nos finais de semana... enquanto tudo isso acontecia, outras tantas moças, moços e adultos estavam sendo massacrados, aviltados, assassinados!
Dobrei o cartaz tão bonito quanto mentiroso e guardei-o. Nunca quis destruí-lo. Significa muito para mim. Faz parte da minha história e da triste história do meu país. Mas, por outro lado, a história do meu país não é triste; por ter sido, e ainda ser, uma história de luta, onde o sangue correu, a dor cresceu, a saudade dos heróis destemidos que se foram, sempre vai dilacerar o peito, mas somos um povo que jamais se curvou. A estrada da luta ainda é longa e cheia de pedras que, com certeza, vão nos ferir, mas temos que permitir que nossos pés sejam calejados, e ainda assim prosseguir, menos por nós mesmos e mais pelas próximas gerações e pela memória dos heróis que hoje ilustram minha página, representando todos os demais cujos retratos não cabem aqui, mas estão em nossas memórias e corações.
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