sexta-feira, 22 de abril de 2016

POLÍTICA - Movimentos sociais e o governo Temer.


Movimentos sociais preparam ofensiva contra possível governo Temer





Considerando improvável uma virada no Senado contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) anunciou uma ofensiva para a próxima semana com objetivo de resistir “ao golpe em curso no país e pela defesa dos direitos e programas sociais, ameaçados em um eventual governo (de Michel) Temer”. O movimento prepara bloqueios de rodovias e avenidas, ocupações e paralisações em dezenas de cidades brasileiras, que poderão ocorrer a qualquer momento durante a semana.

A reportagem é publicada por Rede Brasil Atual - RBA, 20-04-2016.

“Apesar do crescente de manifestações nas ruas, a Câmara se posicionou a favor do impeachment. Acreditamos que o mesmo vai ocorrer no Senado. O que precisa ficar claro é que um governo Temer não vai ter apoio popular e nem vida fácil para aprovar o seu projeto”, explicou o coordenador estadual do MTST em São Paulo, Josué Rocha.

O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Pedro Stédile também avalia que o momento é de mirar no futuro. “Neste momento, temos que barrar o golpe e inviabilizar o governo Temer”, afirmou o líder sem-terra em entrevista ao programa Espaço Público, da TV Brasil. As frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, da qual fazem parte os movimentos sem-terra e sem-teto, reúnem-se hoje para definir as ações do dia 1º de maio e outras mobilizações.

Stédile no entanto, ainda acredita que é possível vencer o impeachment no Senado e espera que isso leve a um governo totalmente diferente no Planalto. “Se nós conseguirmos barrar o impeachment no Senado, na verdade, o governo Dilma de 2014 e 2015 acabou. Nós teremos um outro governo, coordenado pelo Lula, que até nos movimentos populares, nós brincamos que vai ser o Lula 3, porque ele que vai ter que coordenar, e vai ter que reformar o ministério, e vai ter que adotar uma outra política econômica”.

Ele descartou a inclusão da proposta de novas eleições gerais na pauta de reivindicações do movimento. “O que a burguesia quer, no Brasil, não é trocar de presidente, é implementar um programa neoliberal para recuperar sua taxa de lucro e ela sair da crise. O povo, se me permitem, que se lasque. Qual é a arma que a classe trabalhadora tem neste momento? É dizer para a burguesia: 'olha, nós não aceitamos plano neoliberal, não aceitamos perder direitos e não aceitamos perder salário'. Para ela dizer isso para os golpistas, tem que fazer uma paralisação nacional”, disse.

O sem-terra ponderou que ainda está sob avaliação quais categorias teriam força para parar, por conta do crescimento do desemprego. “Eu acho que tem muitos sindicatos que têm base organizada nas fábricas, como no ABC paulista, no Vale do Paraíba. No Rio de Janeiro, os petroleiros, se quiserem, param a Petrobras. Nós, na agricultura, temos condição de parar, parar as estradas, o transporte de mercadorias”, afirmou.

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