segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Blog do Miro.

 

Altamiro Borges


Deputado do PR será cassado por fake news?

Posted: 24 Oct 2021 06:42 PM PDT

Por Altamiro Borges


Todo metido a valentão, o deputado estadual bolsonarista Fernando Francischini (PSL-PR) deve estar se borrando de medo. Três ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) votaram na semana passada a favor do pedido de cassação do seu mandato pela difusão de notícias falsas sobre as urnas eletrônicas. Só falta um voto para ele ser defenestrado. O truculento ex-secretário de Segurança Pública do Paraná está na linha do abate!

Conforme registra o jornalista Ivan Longo na revista Fórum, “apesar do julgamento ainda não ter terminado, especialistas em direito eleitoral dão como certo que o TSE vai cassar o mandato de Fernando Francischini, o deputado estadual mais votado no Paraná nas eleições de 2018, por fake news contra as urnas eletrônicas”.

No dia do pleito presidencial, em outubro de 2018, e ainda com a votação aberta, o fascistoide fez uma live no Facebook para afirmar que duas urnas eletrônicas no Paraná estavam fraudadas e não permitiriam o voto em Jair Bolsonaro. A grotesca mentira foi espalhada para 6 milhões de pessoas que assistiram ao vídeo na rede social e gerou muita confusão.

O deputado "merece a cassação"  

“A análise do TSE sobre o caso começou na terça-feira (19) e três ministros já votaram pela sua cassação. O julgamento foi interrompido após pedido de vista do ministro Carlos Horbach, mas agora basta apenas mais um voto pela condenação de Francischini para que o deputado seja cassado”, relata a matéria.

Entrevistado pela Fórum, Renato Ribeiro de Almeida, advogado especializado em direito eleitoral, avalia que o deputado “merece” ser cassado. “Temos uma situação limítrofe, porque ele acabou por atacar não só adversários, mas o próprio sistema de votação... É um ataque à democracia e uma disseminação de fake news, visto que ele relatou que tinha provas e não as apresentou. Portanto, merece a cassação”.

Ivan Longo avalia ainda que o presidente poderá ser afetado pelo julgamento no TSE. “O caso de Francischini remete a Jair Bolsonaro, já que é de conhecimento público que ele destila fake news contra as urnas eletrônicas, o sistema eleitoral em si e já chegou até mesmo a ameaçar a realização do próximo pleito caso não seja instituído o voto impresso”.

Abertura de jurisprudência contra Bolsonaro

Renato Ribeiro de Almeida corrobora essa tese. “A cassação do mandato do Fernando Francischini abre jurisprudência na mais alta corte eleitoral do país, dizendo categoricamente que o ataque ao sistema eleitoral sem provas, disseminando fake news e colocando em xeque a lisura das eleições, não passará mais impune por parte da própria justiça eleitoral”.

No mesmo rumo, o advogado Francisco Emerenciano avalia que “uma vez que o TSE caminha para a cassação, é gerada a expectativa de que o mesmo entendimento possa ser adotado em ação judicial para questionar os atos de Bolsonaro”. O especialista ponderou à revista Fórum, porém, que o tribunal nunca cassou o mandato de um presidente da República.

A avaliação da Fórum de que o bolsonarista será cassado é compartilhada por outros veículos. A revista CartaCapital deu destaque aos sólidos argumentos formulados por Luis Felipe Salomão, relator do caso no TSE. Em seu parecer, o ministro afirmou que as denúncias feitas por Fernando Francischini à época foram “absolutamente falsas e manipuladoras” e levaram “milhões de eleitores a erro”.

Pena dura para servir de exemplo

“O candidato que promove ataques descabidos ao sistema eletrônico de votação e à democracia, como no caso, utilizando-se de seu poder político ou sendo beneficiário da condutas de terceiros, pode vir a ser apenado da Justiça Eleitoral... É notório que o recorrido se valeu das falsas denúncias de fraude para se autopromover como espécie de paladino da justiça, de modo a representar os eleitores inadvertidamente ludibriados que encontraram no candidato uma voz para ecoar suas incertezas sobre fatos que em verdade jamais aconteceram”, concluiu o relator.

A Folha também dá como certa a punição do bolsonarista. “Nos bastidores, integrantes do TSE avaliam que é importante impor uma pena dura ao deputado para coibir a propagação de informações inverídicas sobre o funcionamento das urnas em 2022, quando Jair Bolsonaro tentará a reeleição. Neste ano, o presidente da República fez duros ataques à Justiça Eleitoral, com mentiras sobre o sistema de votação, e chegou a questionar a realização do próximo pleito caso não fosse aprovada uma PEC pela impressão dos votos inseridos no equipamento eletrônico. A matéria acabou rejeitada no Congresso”.

Inflação de alimentos e a offshore de Guedes

Posted: 24 Oct 2021 05:17 PM PDT

Por Altamiro Borges


Duas reportagens publicadas na semana passada confirmam a desgraceira imposta por Jair Bolsonaro. Uma revela que a inflação da cesta básica encostou em 16% nos últimos 12 meses. O povo passa fome. Tem gente pegando comida no lixo e ossos em açougues. Já a outra exibe o extremo oposto: a fortuna abocanhada por Paulo Guedes em sua offshore com a crise no Ministério da Economia e a alta do dólar.

A matéria da Folha mostra que “a inflação dos alimentos que compõem a cesta básica encostou em 16% no acumulado de 12 meses no Brasil. A conclusão é da pesquisa lançada por professores do curso de Economia da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná. A disparada dos preços afeta principalmente o bolso dos mais pobres na pandemia”.

O mínimo que as pessoas colocam na mesa

De acordo com a pesquisa, os 13 produtos que formam a cesta básica acumularam inflação de 15,96% em 12 meses até setembro. Para calcular o resultado, os pesquisadores utilizaram os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Até setembro, esse índice oficial da inflação do IBGE aumentou 10,25% – taxa inferior a alta dos alimentos.

“Fomos até a base de dados do IBGE e separamos os 13 alimentos que compõem a cesta básica. Rodamos o mesmo modelo estatístico do IPCA para calcular a inflação específica desses produtos... Olhamos para aquilo que é considerado o mínimo para as pessoas colocarem na mesa. O problema é que esse mínimo vem subindo muito”, afirma o economista Jackson Bittencourt, coordenador do curso da PUC-PR.

No acumulado de 12 meses, o açúcar cristal (38,37%), o óleo de soja (32,06%) e o café moído (28,54%) foram os produtos da cesta básica que registraram as maiores altas de preços no país. Em seguida, aparecem o contrafilé (26,88%), a margarina (24,97%), a batata inglesa (24,71%) e o tomate (24,32%).

A reportagem da Folha mostra a relação desta alta dos alimentos com as cenas de pessoas famintas no Brasil. “Um dos episódios recentes ocorreu em Fortaleza (CE). Um vídeo compartilhado nas redes sociais mostra pessoas à procura de comida em um caminhão de lixo na capital cearense. Outros casos que ficaram conhecidos foram registrados no Rio de Janeiro, onde um caminhão distribuía restos de carne, e em Cuiabá (MT), que teve filas em busca de doações de ossos de boi. ‘Há um processo de empobrecimento das famílias brasileiras’, define Jackson Bittencourt”.

Em três dias, Guedes lucra R$ 2 milhões

A outa reportagem, que mostra o extremo oposto, foi postada pelo site Metrópoles. Ela denuncia que “o ministro da Economia, Paulo Guedes, pode ter lucrado R$ 2 milhões com a valorização do dólar nos últimos três dias, em meio à reação do mercado financeiro ao provável descumprimento do teto de gastos pelo governo Bolsonaro”.

No início de outubro, a investigação batizada de Pandora Papers – coordenada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), do qual o site faz parte – revelou que o Posto Ipiranga de Jair Bolsonaro tem uma empresa escondida em “alto mar” em um paraíso fiscal nas Ilhas Virgens Britânicas. A denúncia da reportagem é bem objetiva:

“A offshore de Guedes tinha US$ 9,55 milhões em 24 de setembro de 2014. Na última segunda-feira (18), com o dólar cotado em R$ 5,46, o montante equivalia a R$ 52,1 milhões. Na quinta-feira (21), o dólar fechou em R$ 5,66, passando os recursos de Guedes para R$ 54 milhões. Nesse intervalo de três dias, a alta de 20 centavos do dólar foi uma reação às medidas do governo Bolsonaro, que pretende furar o teto de gastos para fundar um novo programa social”.

“O Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família, seria lançado na terça-feira (19) no Planalto, mas a cerimônia foi cancelada apenas meia hora antes. A equipe econômica tentava defender uma política fiscal que controle o crescimento de gastos, ao passo que o Planalto busca abrir os cofres e está de olho na campanha de 2022. Na quinta-feira (21), o time de Guedes teve baixas importantes”.

A crise ministerial agitou o “deus-mercado”, causou novas insônias e choros de Jair Bolsonaro no banheiro, levantou suspeitas sobre a queda iminente de Paulo Guedes e elevou sua fortuna escondida no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas. Enquanto isso, a inflação dos alimentos dispara e o povo pega comida no lixo!

Aids, The Economist e o presidente antivacina

Posted: 24 Oct 2021 03:52 PM PDT

Por Altamiro Borges


Na quinta-feira (21), em mais uma de suas lives asquerosas, Jair Bolsonaro obrou que pessoas vacinadas contra a Covid-19 desenvolvem Aids. A mentira teve como base um “relatório oficial” já desmentido pelo Departamento de Saúde do Reino Unido. Mesmo assim, o presidente-fake usou o documento falso para enganar seus seguidores mais fanáticos e otários.

“Relatórios oficiais do governo do Reino Unido sugerem que os totalmente vacinados (15 dias após a segunda dose) estão desenvolvendo a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (aids) muito mais rápido do que o previsto... Recomendo que leiam a matéria. Não vou ler aqui porque posso ter problemas com a minha 'live'", afirmou o genocida e canalha.

Reação indignada de cientistas e políticos

Essa nova investida criminosa contra a imunização e a saúde pública gerou revolta em vários setores da sociedade. O site Terra coletou algumas das reações indignadas. “A microbiologista Natalia Pasternak usou o Twitter para ressaltar que nenhuma vacina, não apenas que protege contra a Covid-19, faz com que as pessoas desenvolvam Aids”. Já o médico e pesquisador de saúde Daniel Dourado postou que “não existe nenhuma possibilidade da vacina causar aids, zero. Qualquer que seja a vacina. É isso que precisa ser divulgado de forma clara e direta".

No meio político, o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), coordenador da Frente de Enfrentamento ao HIV/Aids, informou que tomará “medidas jurídicas” contra o presidente. O deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ) disparou: "Bolsonaro mais uma vez usou documento falso para atacar as vacinas e associá-las a Aids. Lamentável que essa seja a prioridade do presidente de um país com mais de 600 mil mortos, 20 milhões de famintos e 14 milhões de desempregados. Mais um crime na ficha de Bolsonaro".

Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), que disputou a prefeitura de Porto Alegre em 2020 e foi vice na chapa de Fernando Haddad em 2018, não poupou o genocida. Em seu Twitter, ela manifestou sua indignação. “Nojento! Acusado de cometer crimes contra humanidade, Bolsonaro segue com seu projeto de morte, espalhando a absurda fake news de que quem está tomando as duas doses da vacina está adquirindo HIV/AIDS”.

Prestígio no esgoto no mundo inteiro

Antes do piriri verborrágico sobre vacina e Aids, a revista The Economist já havia postado mais um petardo contra o pária brasileiro. A publicação britânica batizou Jair Bolsonaro de “presidente antivacina”. Acertou em cheio! A matéria abordou o relatório da CPI do Genocídio no Senado, afirmando que ele foi “muito mais condenatório do que se esperava”.

Mesmo avaliando que “o presidente provavelmente vai escapar de consequências legais”, The Economist registra que a investigação “vai machucar Bolsonaro. Desde que [a CPI] começou em abril, a aprovação do presidente caiu de 33% para 22%... Mesmo que as últimas acusações não persistam, no ano que vem Bolsonaro pode estar lutando tanto nas eleições quanto na prisão”, completa a revista. O “presidente antivacina” está com seu prestígio definitivamente no esgoto.

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