quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Brasil de Fato.

 

 
Brasil de Fato
 
Um escândalo que não aparece nos jornais
 
Quarta-feira, 29 de setembro de 2021
 
 
Há três dias sabemos que o ministro da Economia lucra com a alta do dólar. Embora não tenhamos visto seu nome estampado nas manchetes dos maiores jornais do país, trata-se de um escândalo. Afinal, a população brasileira sofre com as consequências da política econômica do governo Bolsonaro, que incluem desemprego, inflação nas alturas e fome, para que Paulo Guedes se beneficie da alta do dólar.

Pelo menos é assim que o caso é sentido por quem o acompanha. Temos, hoje, um país voltado para menos de 2 mil pessoas. Para sermos exatos, 1.897 brasileiros aparecem nos Pandora Papers, que investigam empresas de ricos e poderosos em paraísos fiscais.  

É um problema que Paulo Guedes parece estar disposto a resolver, mas de um jeito um pouco estranho. A proposta de reforma tributária que tramita no Congresso prevê a redução da tributação de pessoas jurídicas no país, o que faria com que os ricos citados na investigação não precisassem mais mandar seu dinheiro para o exterior, já que o Brasil se tornaria uma espécie de paraíso fiscal. É o que explica o economista Eduardo Fagnani, professor da Unicamp, na entrevista que você pode ler aqui.

Junto com Paulo Guedes, aparecem na lista o presidente do Banco Central e diversos empresários. Entre eles, os sócios da Prevent Senior.

Você sabe: a operadora de saúde é aquela que conduziu um experimento com tratamentos ineficazes contra a covid em seus pacientes e virou alvo da CPI da Covid. Bom, ela cresceu 72% durante o governo Bolsonaro, e os irmãos Parrillo, donos da empresa, somam US$ 9 milhões em quatro empresas no exterior.

Conivência e cumplicidade

Aproveitando a deixa, vamos à CPI da Covid, que está mais morna esta semana, mas chega à sua reta final com denúncias contundentes e que vão muito além do que as cabeças mais sádicas poderiam inventar. Diante do apoio a um experimento que fez brasileiros de cobaias e da política deliberada do governo federal de lucrar com a pandemia denunciada por inúmeros depoentes, o Conselho Federal de Medicina faz ouvidos moucos.

Mario Mamede, ex-ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, é um dos médicos cearenses que assinam uma carta aberta pedindo a renúncia da direção do CFM por endossar o suposto “tratamento precoce” com cloroquina e ivermectina durante a pandemia. "Em que país vivem os médicos que ainda apoiam o genocida?", questiona em entrevista ao Brasil de Fato. E completa: "Não se trata mais de silêncio, omissão ou conveniência: agora é conivência e cumplicidade". Leia a entrevista aqui.

Ritos motivacionais e a humilhação do trabalhador

Agora mudando de assunto. Você já deve ter visto por aí vídeos mostrando trabalhadores de empresas sendo submetidos a ritos motivacionais. O que mais circulou recentemente foi o de um restaurante Coco Bambu no interior de São Paulo em que os funcionários tinham que repetir gritos de guerra incentivados por um dos donos do lugar.

A gente foi atrás de casos assim e descobriu que são mais comuns do que se possa parecer. Juntamos relatos de trabalhadores de outras empresas que foram obrigados a passar por situações semelhantes e ouvimos especialistas que afirmaram o que já era de se supor: trata-se de um ritual de humilhação do trabalhador, que muitas vezes é alvo de punição caso não queira participar do circo.

Já há casos de condenação por assédio moral a empresas que adotam esse tipo de conduta. Vale ver o vídeo, que traz imagens bem impressionantes, e ler a matéria para entender melhor por que essas dinâmicas são vistas como um constrangimento.
 

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