Da Carta Capital:
O relatório final da Comissão Nacional da Verdade chancela a versão de que o Grupo Folha, dono do jornal Folha de S.Paulo, deu não apenas apoio financeiro e ideológico ao golpe de 1964, mas apoio material à repressão contra os opositores da ditadura, com o fornecimento de veículos para a Operação Bandeirante, a Oban, um centro de investigações do Exército que combatia as organizações de esquerda.
Em texto a respeito da colaboração de civis com o regime, elaborado por 11 pesquisadores do grupo de trabalho sobre o Estado Ditatorial-Militar, a CNV cita o livro Cães de guarda: jornalistas e censores, do AI-5 à Constituição de 1988, resultado da tese de doutorado da pesquisadora Beatriz Kushnir. Na página 320, o texto cita diversos grupos empresariais que colaboraram com a Oban, entre eles o Folha, e também a pesquisa de Kushnir, que “constatou a presença ativa do Grupo Folha no apoio à Oban, seja no apoio editorial explícito no noticiário do jornal Folha da Tarde, seja no uso de caminhonetes da Folha para o cerco e a captura de opositores do regime”.
A pesquisa de Kushnir vai ao encontro de depoimentos de ex-militantes da esquerda, como o do jornalista Alípio Freire e do coordenador da Comissão da Verdade de São Paulo, Ivan Seixas. Preso aos 16 anos e torturado ao lado do pai, Joaquim Seixas, que morreu nas dependências do DOI-Codi de São Paulo, Ivan Seixas afirmou em diversas oportunidades ter visto carros da Folha usados por agentes da repressão.
Há outros relatos como o de Seixas, mas a Folha, que em editorial de 30 de março deste ano afirmou que o apoio ao golpe foi “ao olhos de hoje, um erro”, jamais admitiu o empréstimo dos veículos. Em 19 de fevereiro de 2011, em texto a respeito dos 90 anos do jornal, constava a informação de que “a direção da Folha sempre negou ter conhecimento do uso de seus carros para tais fins”.
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