A OPEP, A PETROBRAS E O PRÉ-SAL.
Petrobras e pré-sal também estão na estratégia da Opep
A maior preocupação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep),
que decidiu em novembro deixar o preço do petróleo recuar, não é a expansão da
exploração de petróleo e gás não convencionais, o “shale oil” e o “shale gas” nos Estados Unidos, e sim as grandes petroleiras e seus investimentos em áreas de custo mais alto de produção,
como a Petrobras e o pré-sal brasileiro. A avaliação é de Harry Tchilinguirian, estrategista chefe global do mercado de commodities do BNP Paribas, que esteve nesta semana no Rio de Janeiro e
São Paulo para encontros com clientes.
Segundo o especialista, a estratégia da Opep, liderada de fato pelo seu maior produtor, a Arábia Saudita, é fazer com que, devido ao baixo preço do petróleo, as grandes companhias desistam de seus investimentos de custo mais alto. Com isso, quando houver uma escassez de oferta nos próximos anos e o preço do petróleo voltar à trajetória de crescimento consistente, as empresas terão dificuldade em retomar os projetos com rapidez, abrindo mais espaço para a Arábia Saudita e a sua estatal, Saudi Aramco.
“Os Estados Unidos não são a questão para a Opep. Mas se você olhar os grandes investimentos, no Brasil, no Canadá, em águas profundas no Reino Unido e no Golfo do México, as companhias envolvidas nessas áreas vão cancelar seus projetos [com a queda do preço do barril de petróleo] e não serão capazes de retomá-los quando o preço alcançar US$ 100 [o barril], porque estamos falando de um ciclo de cinco anos [para por os projetos em operação novamente]”, afirmou o estrategista do BNP Paribas.
De acordo com informações da Petrobras, o “breakeven point” (preço mínimo de viabilização econômica) dos projetos da camada pré-sal está entre US$ 41 a US$ 57 por barril do petróleo Brent. O preço do Brent está atualmente na faixa de US$ 60.
Tchilinguirian explicou que o “shale oil” americano não é o alvo da política da Opep porque a produção é basicamente limitada aos Estados Unidos, já que há restrições para exportação e não há sinais de que o governo Obama conseguirá alterar essa questão em curto prazo, por não ter apoio no
Congresso do país. Outro ponto, segundo o especialista, é que os projetos de produção de óleo não-convencional nos Estados Unidos podem ser retomados em curto espaço de tempo, entre três e seis meses, se o preço do petróleo WTI subir para cerca de US$ 60 a US$ 65 o barril. O petróleo WTI
está hoje na faixa de US$ 50 o barril.
Com relação ao cenário de curto prazo, o estrategista do BNP Paribas prevê um ligeiro aumento dos preços internacionais do petróleo no segundo semestre. O banco francês estima que o preço do petróleo Brent saia do patamar de US$ 55 por barril no segundo trimestre para uma média de US$
63 e US$ 67 no terceiro e quarto trimestres, respectivamente. A expectativa para 2016 é uma média de US$ 75 o barril. Com relação ao petróleo WTI, o BNP Paribas prevê que o preço saia do patamar de US$ 48 no segundo trimestre para uma média de US$ 58 e US$ 62 no terceiro e quarto trimestres, respectivamente. Para 2016, o banco projeta um preço médio do WTI de US$ 70 o barril.
“Não esperamos que os preços se recuperem antes do fim do primeiro semestre”, afirmou o especialista do banco francês. Segundo ele, porém, a Opep pode rever, na próxima reunião, em junho, a decisão de não cortar a produção de petróleo. Isso porque alguns membros do cartel já apresentam dificuldades financeiras devido ao baixo preço da commodity. Os casos mais notáveis, segundo o especialista, são Venezuela, Argélia, Nigéria e Líbia.
O outro motivo para um sinal de aumento do preço do petróleo na segunda metade deste ano, na opinião de Tchilinguirian, é a estagnação da produção de “shale oil” nos Estados Unidos, prevista 10
para 2015. “A oferta dos Estados Unidos não vai cair, mas pelo menos vai estagnar, o que fará uma grande diferença, após três anos de crescimento forte”, concluiu.
Ontem os contratos do petróleo WTI para entrega em abril caíram US$ 0,77, ou 1,5%, para US$ 50,76 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex). Em Londres, os contratos do Brent de mesmo vencimento cederam US$ 0,07 ou 0,1%, para US$ 60,48 o barril na ICE. A queda foi motivada pela sinalização de aumento dos estoques de petróleo pelo Departamento de
Energia dos Estados Unidos.
Fonte: Valor Econômico
A maior preocupação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep),
que decidiu em novembro deixar o preço do petróleo recuar, não é a expansão da
exploração de petróleo e gás não convencionais, o “shale oil” e o “shale gas” nos Estados Unidos, e sim as grandes petroleiras e seus investimentos em áreas de custo mais alto de produção,
como a Petrobras e o pré-sal brasileiro. A avaliação é de Harry Tchilinguirian, estrategista chefe global do mercado de commodities do BNP Paribas, que esteve nesta semana no Rio de Janeiro e
São Paulo para encontros com clientes.
Segundo o especialista, a estratégia da Opep, liderada de fato pelo seu maior produtor, a Arábia Saudita, é fazer com que, devido ao baixo preço do petróleo, as grandes companhias desistam de seus investimentos de custo mais alto. Com isso, quando houver uma escassez de oferta nos próximos anos e o preço do petróleo voltar à trajetória de crescimento consistente, as empresas terão dificuldade em retomar os projetos com rapidez, abrindo mais espaço para a Arábia Saudita e a sua estatal, Saudi Aramco.
“Os Estados Unidos não são a questão para a Opep. Mas se você olhar os grandes investimentos, no Brasil, no Canadá, em águas profundas no Reino Unido e no Golfo do México, as companhias envolvidas nessas áreas vão cancelar seus projetos [com a queda do preço do barril de petróleo] e não serão capazes de retomá-los quando o preço alcançar US$ 100 [o barril], porque estamos falando de um ciclo de cinco anos [para por os projetos em operação novamente]”, afirmou o estrategista do BNP Paribas.
De acordo com informações da Petrobras, o “breakeven point” (preço mínimo de viabilização econômica) dos projetos da camada pré-sal está entre US$ 41 a US$ 57 por barril do petróleo Brent. O preço do Brent está atualmente na faixa de US$ 60.
Tchilinguirian explicou que o “shale oil” americano não é o alvo da política da Opep porque a produção é basicamente limitada aos Estados Unidos, já que há restrições para exportação e não há sinais de que o governo Obama conseguirá alterar essa questão em curto prazo, por não ter apoio no
Congresso do país. Outro ponto, segundo o especialista, é que os projetos de produção de óleo não-convencional nos Estados Unidos podem ser retomados em curto espaço de tempo, entre três e seis meses, se o preço do petróleo WTI subir para cerca de US$ 60 a US$ 65 o barril. O petróleo WTI
está hoje na faixa de US$ 50 o barril.
Com relação ao cenário de curto prazo, o estrategista do BNP Paribas prevê um ligeiro aumento dos preços internacionais do petróleo no segundo semestre. O banco francês estima que o preço do petróleo Brent saia do patamar de US$ 55 por barril no segundo trimestre para uma média de US$
63 e US$ 67 no terceiro e quarto trimestres, respectivamente. A expectativa para 2016 é uma média de US$ 75 o barril. Com relação ao petróleo WTI, o BNP Paribas prevê que o preço saia do patamar de US$ 48 no segundo trimestre para uma média de US$ 58 e US$ 62 no terceiro e quarto trimestres, respectivamente. Para 2016, o banco projeta um preço médio do WTI de US$ 70 o barril.
“Não esperamos que os preços se recuperem antes do fim do primeiro semestre”, afirmou o especialista do banco francês. Segundo ele, porém, a Opep pode rever, na próxima reunião, em junho, a decisão de não cortar a produção de petróleo. Isso porque alguns membros do cartel já apresentam dificuldades financeiras devido ao baixo preço da commodity. Os casos mais notáveis, segundo o especialista, são Venezuela, Argélia, Nigéria e Líbia.
O outro motivo para um sinal de aumento do preço do petróleo na segunda metade deste ano, na opinião de Tchilinguirian, é a estagnação da produção de “shale oil” nos Estados Unidos, prevista 10
para 2015. “A oferta dos Estados Unidos não vai cair, mas pelo menos vai estagnar, o que fará uma grande diferença, após três anos de crescimento forte”, concluiu.
Ontem os contratos do petróleo WTI para entrega em abril caíram US$ 0,77, ou 1,5%, para US$ 50,76 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex). Em Londres, os contratos do Brent de mesmo vencimento cederam US$ 0,07 ou 0,1%, para US$ 60,48 o barril na ICE. A queda foi motivada pela sinalização de aumento dos estoques de petróleo pelo Departamento de
Energia dos Estados Unidos.
Fonte: Valor Econômico
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