Por Altamiro Borges
Marco Barretto postou: "Aqui nos Jardins foi o maior barulho!".
Mari Andrade relatou: "Morumbi fez barulho". E Luciana Vozza acrescentou:
"Acabei de ver um vídeo de Moema. Muitos gritos. Aqui em Pinheiros, divisa com
Vila Madalena, começando barulhinhos". Já Marcos Alves, da região operária do
ABC paulista, brincou: "Em Santo André só barulho da chuva, que delícia".
Rovilson de Freitas também deu seu relato da periferia. "Pirituba, silêncio...".
Ju Oliveira completou: "O bom de morar na perifa é isso. Não ouço nada". E outro
internauta ainda deu uma alfinetada nos tucanos aloprados: "Aqui tá normal! Mas
avisa o povo para não suar muito porque não tem água para tomar banho".
Durante o pronunciamento da presidenta Dilma Rousseff em rede nacional de
rádio e televisão, neste domingo (8), vaias e panelaços foram ouvidos em alguns
bairros da capital paulista. Pelas internet foi possível notar que os protestos,
aos berros de "Fora Dilma", "Fora PT" e de alguns adjetivos mais raivosos,
partiram de regiões da chamada classe média paulistana. De qualquer forma, o
barulho deve servir para acordar a presidenta recém-eleita pela maioria do povo
brasileiro. Envenenada pela mídia tucana, a direita está excitada com a
possibilidade de derrubar governo. Ou Dilma parte para a ofensiva política ou o
seu mandato poderá ser encurtado pelas manobras golpistas.
A jornalista Barbara Gancia, que participa de um programa
da GloboNews e não pode ser acusada de governista, ficou impressionada com a
reação de alguns bairros "nobres" de São Paulo. Na sua conta no Twitter, ela
registrou: "Barulho de bate panela e vaia ensurdecedores no Itaim Bibi. Discurso
de Dilma estará sendo recebido com o mesmo 'entusiasmo' no Itaim Paulista
[periferia]?". De imediato, vários de seus seguidores descreveram a situação dos
seus locais de moradia, o que confirma que as vaias, panelaços e apitaços foram
"classistas", da elite alienada e hidrófoba da capital paulista:
Apesar das diferenças geográficas e de classe, as vaias orquestradas neste
domingo a partir das redes sociais indicam que a polarização social se aprofunda
no país. O discurso do ódio está nas ruas e na internet. Em seu pronunciamento
em rede nacional de rádio e tevê, Dilma Rousseff até reconheceu que a situação
do país é delicada. Há uma crise mundial que afeta a economia brasileira e
prevalece a desinformação que irrita a sociedade. Conforme enfatizou, "o Brasil
passa por um momento diferente do que vivemos nos últimos anos, mas nem de longe
está vivendo uma crise na dimensão que dizem alguns". Ela ainda alertou os
telespectadores de que a situação "é muito diferente daquelas crises do passado
que quebravam e paralisavam o país", relembrando o triste reinado tucano de
FHC.
A presidenta ainda justificou as medidas de ajuste fiscal adotadas no
início do seu segundo mandato, mas garantiu que elas não prejudicarão "as
conquistas dos trabalhadores e da classe média" – o que é bem difícil de
acreditar. Seu discurso foi sincero, mas insuficiente para conter o ódio dos
golpistas e para animar os setores sociais que garantiram sua reeleição em
outubro passado. Para derrotar a onda direitistas em curso – que terá um teste
decisivo nas marchas golpistas marcadas para 15 de março –, Dilma Rousseff
precisará de muito mais.
De imediato, ela precisará deixar a 'bolha' do Palácio de Planalto e voltar
às ruas, em especial nas regiões brasileiras que manifestaram maior esperança no
seu segundo mandato; deverá apresentar uma agenda positiva, com propostas que
correspondem ao clamor de mudanças expresso nas urnas; e precisará reforçar a
"batalha de comunicação" que polemize com as elites golpistas. Sem uma agenda
mais aguerrida e radical, Dilma Rousseff terá dificuldades para concluir o seu
segundo governo ou será "sangrada" e emparedada durante todo o seu mandato. A
conferir!
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