terça-feira, 12 de abril de 2016

POLÍTICA - Pesquisas e suas entrelinhas.


Pesquisas e suas entrelinhas: o povo espera que se fale com ele

lulapovo
Há, nos jornais, vários dados sobre pesquisas político-eleitorais que não devem passar despercebidos, uma vez que toda esta história do impeachment é, essencialmente, motivada por um processo de impugnação de uma candidatura de esquerda viável em 2018.
Paradoxal que pareça, a assunção (toc,toc,toc) de um Michel Temer fraco ao governo, querendo tudo menos uma convulsão social, cria um freio aos apetites de Moro e do MP pela cabeça de Lula, terá imensa dificuldade em chegar a uma cassação formal dos direitos políticos do ex-presidente, desejada mas certamente turbulenta.
Portanto, nas contas de todos – inclusive as deles – Lula ainda é um problema em 2018, mesmo (e talvez mais) com o golpe parlamentar.
Algumas informações.
A primeira, de Fernando Molica, em sua coluna em O Dia:
É também no Nordeste que Lula recebe a maior intenção de votos — dependendo dos adversários, ele tem entre 36% e 37% das preferências (no Sudeste, fica com 14%).(…)A renda do eleitor também tem influência na escolha do melhor presidente brasileiro. Lula foi escolhido por 47% dos eleitores de famílias com renda de até dois salários mínimos. Fernando Henrique Cardoso teve 34% das preferências dos pertencentes a famílias com renda superior a dez salários mínimos.
Em seguida, o ótimo artigo de José Roberto de Toledo, o texto mais equilibrado do Estadão, onde destaco:
Antes mesmo de se associar a um eventual governo Temer, o PSDB já está sofrendo eleitoralmente. Desde dezembro, Aécio perdeu 10 pontos, Alckmin perdeu cinco, e Serra, quatro. Para quem? Para Jair Bolsonaro, principalmente. A hostilidade contra Aécio e Alckmin no ato anti-Dilma em São Paulo indicara que parte dos mais engajados pelo impeachment não se identifica com tucanos. No Datafolha, tal parcela prefere o defensor da ditadura, cuja intenção de voto vai de 6% a 8%, conforme o cenário.
É a primeira vez desde a redemocratização que esse segmento encontra um candidato que vocalize sua agenda política. Agora que saiu à rua, não desistirá de se fazer escutar em uma campanha presidencial. Por isso, é um eleitor que o candidato tucano, seja quem for, dificilmente conseguirá recuperar.
Em outro lado do espectro político, de um quinto a um quarto dos eleitores enxerga o PSDB de maneira não muito distinta do PT. Hoje, a maioria deles declara voto em Marina, mas, quando Sérgio Moro entra no páreo, por exemplo, aumenta sua dispersão, e uma parte migra para o juiz símbolo da Lava Jato. São eleitores em busca de uma liderança que fuja à polarização tucano-petista.
E a entrevista dada ontem à Agência Brasil por Renato Meireles, do Instituto Data Popular, afirmando que, as classes D e E “enxergam a discussão sobre o impeachment da presidenta Dilma Rousseff como uma disputa de poder, uma briga da elite” e que “a presença do presidente Lula no governo Dilma ajuda a relembrar para a maior parte da população qual é o projeto deste governo”.
Tenho insistido aqui que é preciso evidenciar o pano de fundo social e trabalhista que há por detrás da manobra golpista: tanto a na sua primeira fase quando no seu objetivo estratégico.
Nunca fui do PT, nem creio que venha a ser, um dia. Muito menos tenho com ele 1% da relação que tive com Leonel Brizola. Com quem, ainda assim, divergi dúzias de vezes, franca e lealmente, sem que isso tenha sido um problema. Hoje, conversando com um amigo também sentido com comportamentos do governo petista e de seus integrantes eu disse a ele:
– Seja como for, ele despertou esperança,  e este é um valor que não se perde
Compreende-se as dificuldades de, neste momento, promover guinadas profundas, num instante em que o governo está manietado, ao ponto de estar-se impedindo, há um mês, a Presidenta de praticar o ato mais básico de nomear seus próprios ministros.
Mas será, sobreviva ou não ao golpe, é inevitável que isso ocorra.
O perfil do Governo, em razão das necessidades de  recomposição de uma base parlamentar, não será, talvez, o correspondente a esta necessidade.
Mas suas políticas terão obrigatoriamente assim.
E o governo, pela sua voz mais identificada com o povão, terá de se comunicar diretamente com a população.
Diretamente, já que não conseguiu, em quase uma década e meia, ajudar a viabilizar nenhuma estrutura de comunicação que fique fora do controle, exercido com mão de ferro, pelos poucos grupos que controlam a mídia.

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