Temer deu pixulecos ao MBL e Vem Pra Rua?
Os grupos golpistas que organizaram as marchas pelo “Fora Dilma” andavam meio sumidos. Quase ninguém ouvia mais falar sobre o Movimento Brasil Livre (MBL), o ‘Vem Pra Rua’ e outras seitas menos famosas. É compreensível. No ano passado, seus líderes estiveram metidos no balcão de negócios para a montagem do covil de Michel Temer. Negociaram alguns carguinhos e foram convidados para dar “consultoria” ao usurpador – não se sabe a que preço. Os golpistas mirins também tiveram que se dedicar à campanha para eleger prefeitos e vereadores pelos idôneos DEM e PSDB. Houve ainda brigas entre os grupelhos – com graves acusações de todos os lados. Foi um período de muita trabalheira. Não dava para convocar as famosas “marchas contra a corrupção”, tão paparicadas pela mídia mercenária.
Agora, porém, eles resolveram voltar à ativa e marcaram uma nova manifestação para 26 de março. A convocatória é meio esquizofrênica. MBL e Vem Pra Rua afirmam que é um protesto contra a corrupção – mas não contra a quadrilha de Michel Temer. Também afirmam que é uma marcha em favor da midiática Lava-Jato – exatamente quando o governo ilegítimo faz de tudo para “estancar a sangria” das investigações. Não há nenhuma menção aos 10 ministros do covil golpista acusados de corrupção na Petrobras; nada também sobre Alexandre de Moraes, indicado pela quadrilha para servir de “guarda-costas” no Supremo Tribunal Federal (STF). Os grupelhos ultraliberais ainda explicitam que o ato será em apoio às contrarreformas previdenciária e trabalhista. Será que os dois grupelhos receberam algum ‘pixuleco’ do generoso Michel Temer?
A esquizofrênica convocação do protesto pode indicar que estes grupos fascistas começaram a sofrer baixas nas suas bases. Os “coxinhas” que acreditaram nas suas bravatas – de que bastaria derrubar Dilma para acabar com a corrupção no Brasil e para o país virar um paraíso – devem estar desiludidos e fulos da vida com estes oportunistas. Afinal, o desemprego cresceu, a vida piorou e Brasília literalmente foi assaltada por uma quadrilha. Na própria mídia golpista até antigos parceiros destas seitas agora questionam a sua atuação. Na semana passada, Reinaldo Azevedo – um dos mentores destes grupelhos – provocou alvoroço nas redes sociais aos questionar o falso discurso de negação da política e a convocação do protesto de 26 de março. Raivoso, o pitbull da Veja disse que esta postura “ressuscita Lula”.
Diante das críticas e cobranças, Kim Kataguiri, egocêntrico líder do MBL, postou um artigo hilário na Folha nesta quarta-feira (14). Em tom de desespero, ele obrou que “a esquerda quer enfiar sua pauta goela abaixo” do grupelho e garantiu que o seu movimento segue sendo contra a corrupção – mesmo defendendo a gangue de Michel Temer. Para ele, o importante agora é aprovar as reformas previdenciária e trabalhista. “Portanto, caros amigos esquerdistas, desistam. O falso moralismo de vocês não cola... O que realmente os incomoda são as reformas liberais que o MBL sempre defendeu e continuará a defender”, rosna o fascista mirim, que conclui: “Nós pautamos Brasília. Não venham as esquerdas, agora, tentar nos pautar, certo, Janio de Freitas?”. O pentelho golpista é realmente muito arrogante e presunçoso!
Em tempo: Reproduzo abaixo artigo de Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente Povo Sem Medo, sobre estes grupelhos fascistas. A porrada foi bem dada:
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O estelionato do MBL e Vem Pra Rua
Por Guilherme Boulos – Folha de S.Paulo, 16/02/2017
O MBL (Movimento Brasil Livre) e o Vem Pra Rua convocaram uma manifestação para o próximo mês. Andavam sumidos ultimamente. Também pudera.
Esta turma praticou um incrível estelionato político. Venderam a seus seguidores a ideia de que a saída de Dilma representaria a salvação nacional. Seria o fim da corrupção e o caminho para a recuperação econômica. Diante da incredulidade de alguns recorriam ao bordão "primeiro tiramos Dilma, depois os outros".
Foram desmoralizados pelos acontecimentos. Na prática ajudaram a alçar ao poder o grupo mais fisiológico da política brasileira, com acusações de corrupção dos pés à cabeça. Um governo que demonstra ter perdido até mesmo a preocupação com as aparências de decoro, como na recente indicação de Alexandre de Moraes ao Supremo Tribunal Federal.
Quando Lula foi indicado ministro gritaram raivosos pelas ruas. Diziam que era um acinte ao povo brasileiro. Agora, na recente indicação de Moreira Franco saíram pela tangente. No máximo, algumas postagens envergonhadas na internet.
Quanto à economia, bem a economia... caminha aceleradamente para a maior recessão da história brasileira. O austericídio pretende combater a doença matando o paciente. Em breve não terão sequer como recorrer ao discurso da "herança maldita".
Se Dilma saísse, os investimentos iriam voltar. Não voltaram. Se aprovassem a PEC do Teto, então, os investimentos voltariam. Nenhum sinal deles. Agora, a bola da vez é a reforma da Previdência e, em seguida, a Trabalhista. É de se pensar o que poderão dizer após terem destruído o Brasil, sem tirar a economia do fundo do poço.
Ora, o que essa turma que apresentou a derrubada de Dilma como solução para o país tem a dizer? Nada, por isso ficaram quietos nos últimos meses. Qualquer um com um pingo de bom senso teria vergonha de apresentar-se publicamente após um estelionato de tal magnitude. Quem ajudou a colocar Temer no poder não tem credibilidade para falar sobre corrupção. Menos ainda sobre um programa de saída para a crise.
Não por acaso, a última manifestação que chamaram, ainda no ano passado, foi um fiasco. Reduziram estes grupos a seu tamanho real. Sem convocação ao vivo pelas redes de televisão a vida fica mais difícil.
As declarações à Folha dos líderes da próxima manifestação foram esclarecedoras sobre sua relação com Temer. Falando da manifestação, Rogério Chequer, do Vem Pra Rua, fez questão de ressaltar "as várias coisas boas que o governo está fazendo". O representante do MBL, mais chapa-branca, foi além: "queremos deixar bem claro que este não é um ato Fora Temer". Desnecessário o alerta, todos sabem.
Quem pariu o governo Temer que o balance.
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