Há gente prevendo Bolsonaro de uniforme listrado e Aras quer que ele se dane, diz Ruy Castro
31/12/2021O jornalista Ruy Castro e, ao fundo, imagem parcial de painel feito por opositores de Bolsonaro, que “decoraram”, em setembro deste ano durante os preparativos para os protestos contra a presença do presidente no feriado do dia 7, um trecho da Avenida Paulista, em São Paulo, com a família do presidente da República com uniforme listrado | Foto: ROBERTO PARIZOTTI (SAPÃO) / CUT.ORG.BR
PROGRESSISTAS POR UM BRASIL SOBERANO
“A ideia de Bolsonaro atrás das grades, rosnando para as paredes e com um buraco na cela como privada é deliciosa demais“, escreve o jornalista
O presidente Jair Bolsonaro (PL) será preso em 2022? O jornalista Ruy Castro diz que ‘há gente prevendo’: “A ideia de Bolsonaro atrás das grades, de uniforme listrado, rosnando para as paredes e com um buraco na cela como privada é deliciosa demais“, escreve o jornalista na Folha de S. Paulo.
“O ideal seria amarrá-lo a um pé de mesa e dar-lhe de beber numa cuia de queijo Palmyra. E, tendo para se distrair, só os programas da Jovem Pan e do SBT“, prossegue o colunista do jornal.
Em uma cena de um futuro muito próximo, talvez em 2022, o jornalista antevê:
“Seu advogado particular, o ex-procurador-geral da República Augusto Aras, tentaria livrá-lo —mas sem se esforçar muito, porque, caroneado para o STF, Aras no fundo quer que Bolsonaro se dane”, diz Ruy Castro, antes de fazer uma retrospectiva rápida demais, pois não cabe tanto assunto em um artigo só:
“Bolsonaro defendeu a tortura, pregou a execução de adversários políticos e está armando policiais e civis para uma guerra civil (…) Na pandemia, ficou com o vírus e contra a ciência, nunca visitou um hospital, debochou dos agonizantes e chamou de mimimi a dor das famílias enlutadas (…) Outro dia, disse que a morte de uma criança não justifica uma emergência. E, neste momento, é um pândego em férias enquanto milhares de brasileiros estão morrendo ou perdendo tudo com a chuva“.
Sobre um amigo que lhe “pergunta se a prisão será suficiente. E desfia a obsessão de Bolsonaro pela morte alheia“, Ruy Castro diz que esse amigo acha que “pelo que já fez e ainda fará, merecia a pena de morte”.
Mas o jornalista afirma: “Discordei, claro. A guilhotina, a forca e a cadeira elétrica punem rápido demais“.
Prisão de Bolsonaro
Crimes comuns são julgados pelo poder Judiciário. No caso de o presidente da República ser o autor do ilícito, apenas a Procuradoria Geral da República pode encaminhar a denúncia ao STF.
João Paulo Martinelli, doutor em direito penal pela USP e professor da Escola de Direito do Brasil, afirmou, em setembro ao El País, que alguns motivos que poderiam gerar a prisão estão contidos no inquérito das fake news, no qual o presidente foi incluído no início de agosto pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, em que 11 possíveis crimes de Bolsonaro são apontados, como calúnia, difamação, associação criminosa e outros previstos no Código Penal.
São passíveis de serem julgados como crimes comuns, além de políticos, uma vez tendo ele os praticado na figura de presidente da República.
Bolsonaro pode ainda responder politicamente por crime de saúde pública ou prevaricação, conforme mostrou o relatório final da CPI da Pandemia, que mostrou que seu Governo, conforme diz o jornal, foi negligente em sua política sanitária, aceitando propinas na compra de vacinas ou boicotando o isolamento social.
E também na esfera penal, uma vez que o artigo 267 do Código Penal prevê até 15 anos de prisão para ilicitudes contra a saúde pública ou por expor a vida de outrem a perigos iminentes.
“Só dependeria do PGR apresentar a denúncia”, lembra Martinelli.