Lula para chanceler de Dilma. Por que não?
Nome
mais cotado para substituir o atual ministro das Relações Exteriores,
Luiz Alberto Figueiredo, é o de Celso Amorim, que foi chanceler de Lula;
mas há quem defenda o do próprio ex-presidente, "maior vendedor da
marca Brasil em seu governo", segundo a jornalista Tereza Cruvinel; em
seu blog no 247, ela lembra que ele agiu, como havia prometido quando
eleito presidente, como um "mascate" do País, tendo feito 252 viagens ao
exterior em oito anos de governo; "Dilma, que não tem muita paciência
com a política externa, teria à frente dela a pessoa de sua maior
confiança, dotada de todos os predicados para a missão", disse à
jornalista "um petista que transita na área internacional"; um dos
poréns, segundo a fonte, começa "pela dúvida sobre se ele aceitaria" o
convite; leia a íntegra
Há poréns? Há, a começar pela dúvida sobre se ele aceitaria.
O
chanceler Figueiredo quer deixar o cargo. Segundo matéria de O Estado
de São Paulo, ele prefere sair por não ser um expert em comércio
exterior, no momento em que se faz necessária uma ofensiva maior do
Itamaraty nesta área. O nome mais falado no governo é o do ministro da
Defesa, Celso Amorim, mas há quem defenda uma ideia mais ousada: Por
que não o próprio Lula, que foi o maior vendedor da marca Brasil em seu
governo, tendo Amorim como chanceler?
Um
petista que transita na área internacional apresenta um conjunto de
argumentos a favor desta “ousadia”, embora ressalvando falar por conta
própria. Em primeiro lugar, pela densidade que ele agregaria ao governo.
Depois, Dilma surpreenderia com um convite a Lula, assim como
surpreendeu o país com a escolha de Joaquim Levy para a Fazenda. Lula é
uma figura global, com trânsito junto a todos os governantes, líderes do
multilateralismo e das grandes corporações empresariais do mundo.
Quando
foi eleito, em 2002, ele prometeu que seria um “mascate” do Brasil, e
assim agiu, exercendo uma agressiva diplomacia presidencial que, afora
tornar o país mais relevante na arena política internacional, abriu
mercados e oportunidades para as empresas e os produtos brasileiros. Os
números da balança comercial em seu governo foram formidáveis, ainda que
os críticos tentem minimizar seus méritos atribuindo os resultados a
uma conjuntura favorável às commodities. Em seus oito anos de governo
ele fez 252 viagens ao exterior. Somados, os dias que passou fora do
Brasil alcançam um ano, três meses e 22 dias. Visitou 85 países, alguns
deles mais de uma vez. Nestas viagens, sempre levou caravanas de
empresários, algumas enormes, como a que foi à China. Contou muito,
durante um período, com a ajuda de Luiz Fernando Furlan à frente do
MDIC.
Lula
era o “mascate” mas não teria tido o mesmo êxito se não tivesse, à
frente do Itamaraty, um chanceler com o perfil, a experiência e a
agressividade de Celso Amorim, que chegou a ser chamado por David
Rothkopf, editor da The New Foreign Policy Review, de “o melhor
chanceler do mundo”.
Ele e Lula
“tocavam de ouvido” e juntos sepultaram a ALCA e criaram o G-20, abrindo
espaços para os emergentes nas negociações comerciais multilaterais. O
MERCOSUL fortaleceu-se, a integração sul-americana avançou, com a
criação da Unasul, as relações Sul-Sul ganharam relevância, assim como
as relações com a África. E, por fim, os BRICS tornaram-se um bloco
institucionalizado, com peso específico no jogo do mundo.
Por
que não Lula no Itamaraty? Pergunta nosso interlocutor, acrescentando:
Dilma, que não tem muita paciência com a política externa, teria à
frente dela a pessoa de sua maior confiança, dotada de todos os
predicados para a missão. Lula, por sua vez, estaria até preservado dos
ataques que já começaram mirando sua eventual candidatura a presidente
em 2018. O empresariado, especialmente os exportadores, que cobram uma
atitude mais pró-ativa no comércio exterior, vibrariam com a escolha.
Há
poréns? Há, a começar pela dúvida sobre se ele aceitaria. Um petista
mais próximo dele garante que não. Não que ele cultive aquele ditado
“não posso ser mordomo na casa em que fui dono”. Fernando Henrique,
segundo a coluna Painel, da Folha de São Paulo, seria o chanceler de
Aécio Neves se ele tivesse sido vitorioso. A questão é que Lula evita,
sempre que pode, fazer sombra a Dilma. E, de alguma forma, ele faria.
Recentemente, não quis ir à reunião do Diretório Nacional do PT em
Fortaleza porque achou que “era a hora dela”. Depois, viriam as
inescapáveis especulações sobre sua ascendência sobre o governo dela.
Ela mesma certamente teria estes receios. Mas seria uma grande tacada,
para o governo dela e para o Brasil, concordam todos que foram
confrontados com a hipótese.
Descartada
esta “ousadia”, o nome mais forte de que ela dispõe continua sendo o
de Celso Amorim, que já faz parte do governo e fez uma gestão discreta e
estabilizadora na Defesa. Afora os problemas com a balança comercial,
Dilma precisa também pacificar o Itamaraty, que até aqui é um poço de
mágoa com seu governo. A casa se sente desprestigiada e maltratada, em
todos os sentidos. E as próprias comunidades de brasileiros no exterior
fizeram uma inflexão política. Lula ganhou em quase todos os países em
2002 e em 2006. Dilma ganhou em 2010 mas em 2014 Aécio teve a maioria
dos votos nos principais países de emigração brasileira.
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