terça-feira, 16 de dezembro de 2014

POLÍTICA - Lula cotado para Ministro.



Lula para chanceler de Dilma. Por que não?

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nome mais cotado para substituir o atual ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, é o de Celso Amorim, que foi chanceler de Lula; mas há quem defenda o do próprio ex-presidente, "maior vendedor da marca Brasil em seu governo", segundo a jornalista Tereza Cruvinel; em seu blog no 247, ela lembra que ele agiu, como havia prometido quando eleito presidente, como um "mascate" do País, tendo feito 252 viagens ao exterior em oito anos de governo; "Dilma, que não tem muita paciência com a política externa, teria à frente dela a pessoa de sua maior confiança, dotada de todos os predicados para a missão", disse à jornalista "um petista que transita na área internacional"; um dos poréns, segundo a fonte, começa "pela dúvida sobre se ele aceitaria" o convite; leia a íntegra

247   -   15 de Dezembro de 2014 
 

Há poréns? Há, a começar pela dúvida sobre se ele aceitaria.
 
 
O chanceler Figueiredo quer deixar o cargo. Segundo matéria de O Estado de São Paulo,  ele prefere sair por não ser um expert em comércio exterior, no momento em que se faz necessária uma ofensiva maior do Itamaraty nesta área. O nome mais falado no governo é o do ministro da Defesa, Celso Amorim,  mas há quem defenda uma ideia mais ousada: Por que não o próprio Lula, que foi o maior vendedor da marca Brasil em seu governo, tendo Amorim como chanceler?
 
Um petista que transita na área internacional apresenta um conjunto de argumentos a favor desta “ousadia”, embora ressalvando falar por conta própria. Em primeiro lugar, pela densidade que ele agregaria ao governo. Depois, Dilma surpreenderia com um convite a Lula, assim como surpreendeu o país com a escolha de Joaquim Levy para a Fazenda. Lula é uma figura global, com trânsito junto a todos os governantes, líderes do multilateralismo e das grandes corporações empresariais do mundo.
Quando foi eleito, em 2002, ele prometeu que seria um “mascate” do Brasil, e assim agiu, exercendo uma agressiva diplomacia presidencial que, afora tornar o país mais relevante na arena política internacional, abriu mercados e oportunidades para as empresas e os produtos brasileiros. Os números da balança comercial em seu governo foram formidáveis, ainda que os críticos tentem minimizar seus méritos atribuindo os resultados a uma conjuntura favorável às commodities. Em seus oito anos de governo ele fez 252 viagens ao exterior. Somados, os dias que passou fora do Brasil alcançam um ano, três meses e 22 dias. Visitou 85 países, alguns deles mais de uma vez.  Nestas viagens, sempre levou caravanas de empresários, algumas enormes, como a que foi à China. Contou muito, durante um período, com a ajuda de Luiz Fernando Furlan à frente do MDIC.

Lula era o “mascate” mas não teria tido o mesmo êxito se não tivesse, à frente do Itamaraty, um chanceler com o perfil, a experiência e a agressividade de Celso Amorim, que chegou a ser chamado por David Rothkopf, editor da The New Foreign Policy Review, de “o melhor chanceler do mundo”.
Ele e Lula “tocavam de ouvido” e juntos sepultaram a ALCA e criaram o G-20, abrindo espaços para os emergentes nas negociações comerciais multilaterais. O MERCOSUL fortaleceu-se, a integração sul-americana avançou, com a criação da Unasul, as relações Sul-Sul ganharam relevância, assim como as relações com a África. E, por fim, os BRICS tornaram-se um bloco institucionalizado, com peso específico no jogo do mundo.

Por que não Lula no Itamaraty? Pergunta nosso interlocutor, acrescentando: Dilma, que não tem muita paciência com a política externa, teria à frente dela a pessoa de sua maior confiança, dotada de todos os predicados para a missão. Lula, por sua vez, estaria até preservado dos ataques que já começaram mirando sua eventual candidatura a presidente em 2018. O empresariado, especialmente os exportadores, que cobram uma atitude mais pró-ativa no comércio exterior, vibrariam com a escolha.

Há poréns? Há, a começar pela dúvida sobre se ele aceitaria. Um petista mais próximo dele garante que não. Não que ele cultive aquele ditado “não posso ser mordomo na casa em que fui dono”. Fernando Henrique, segundo a coluna Painel, da Folha de São Paulo, seria o chanceler de Aécio Neves se ele tivesse sido vitorioso. A questão é que Lula evita, sempre que pode, fazer sombra a Dilma. E, de alguma forma, ele faria. Recentemente, não quis ir à reunião do Diretório Nacional do PT em Fortaleza porque achou que “era a hora dela”. Depois, viriam as inescapáveis especulações sobre sua ascendência  sobre o governo dela. Ela mesma certamente teria estes receios. Mas seria uma grande tacada, para o governo dela e para o Brasil, concordam todos que foram confrontados com a hipótese.

Descartada esta “ousadia”,  o nome mais forte de que ela dispõe continua sendo o de Celso Amorim, que já faz parte do governo e fez uma gestão discreta e estabilizadora na Defesa. Afora os problemas com a balança comercial, Dilma precisa também pacificar o Itamaraty, que até aqui é um poço de mágoa com seu governo. A casa se sente desprestigiada e maltratada, em todos os sentidos. E as próprias comunidades de brasileiros no exterior fizeram uma inflexão política. Lula ganhou em quase todos os países em 2002 e em 2006. Dilma ganhou em 2010 mas em 2014 Aécio  teve a maioria dos votos nos principais países de emigração brasileira.

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