Impressionante a força do fátuo na história do Brasil. Muito mais do que a do fato, ou dos fatos, por mais concretos sejam.
Paradoxalmente a palavra não é de uso comum e convém se recorrer aos dicionários para explicar seu sentido.
Na
versão eletrônica mais recente do tradicional, “Aurélio”, onde em nome
da fatuidade das informações apressadas se sacrificou os esforços do
saudoso mestre se aponta apenas que FÁTUO é o adjetivo empregado para o Muito tolo/ Vaidoso e Presunçoso/ Transitório. Já
na versão que se dispõem do Houaiss, tradutor de clássicos da
literatura universal para o português, a explicação do vocábulo
dimensiona melhor o que exerce tanta influência nos brasileiros de
diferentes segmentos sociais e ideológicos: muito
estulto e com alta opinião de si próprio; vaidoso e oco; presunçoso/que
é tolo, insensato/que permanece por pouco tempo; que é fugaz,
transitório.
Para
não irmos muito longe lembrando dos arrependimentos e decepções do
Marechal Deodoro que por fátuas fofocas de gabinete destronou seu amigo
Pedro II inaugurando a República; recordemos apenas momentos mais
recentes de nossa história onde cotidianamente o FÁTUO nos é empulhado
pela Mídia como FATO, apesar de totalmente destituído de qualquer
fundamento que alicerce à construção da história de uma nação.
Por
exemplo, a declaração de uma mocinha durante manifestação pelo
impeachment da presidenta reeleita alguns meses antes, afirmando querer a
volta da ditadura militar porque deseja usufruir de maior liberdade de
expressão. Pode haver maior exemplo de estultice do que esse?
E
o roqueiro Lobão reclamando de o estarem tirando para otário porque ao
invés de apenas pedirem o impeachment, fazem coro à tola jovenzinha,
imaginava-se o quê? Que tão alta opinião tem o Lobão de si próprio que o
impediu de enxergar que como todos os demais está sendo usado pelos que
pretendem que o exército reedite a quartelada de 64, novamente
subvertendo o processo democrático?
Alguém
pode ser tão insensato a ponto de imaginar que sem alguma fundamentação
se possa produzir o impeachment de algo ou alguém instituído
democraticamente pela maioria de votos, depois alguns dias de eleito,
sem se apresentar qualquer fato que justifique providência de tal monta?
E se fato não há, evidente que pretendem que as Forças Armadas façam o
serviço!
Collor
de Melo, um fátuo “Caçador de Marajás” criado pela Mídia, desde o
sequestro das mínimas economias populares até o escândalo de PC Farias
produziu fatos de sobejo para seu impeachment, mas que vaidade é essa
que passa pela cabeça dos que mobilizam manifestações como a que
ocorrerá no próximo 15 de março, a ponto de se acreditarem de tanta confiança às Forças Armadas que
até transferia-lhes o poder negado pela maioria do eleitorado nacional?
São mais ocos do que as panelas utilizadas na vã tentativa de silenciar
o que não querem escutar nos pronunciamentos da Presidenta que não
querem porque não querem que presida o país.
Que
se comportem como meninos turrões e manhosos, mas se lembrem de que se
continuarem insistindo na contratação de vândalos e marginais para
promover quebra-quebra, violência, atentados e sequestros de direitos
elementares da população, como acaba de ocorrer com os caminhoneiros
agredidos nas estradas por grupos que se mentiam grevistas; talvez
consigam obrigar a Presidenta a convocar a interferência do exército.
Como comandante em Chefe das Forças Armadas seu cargo lhe oferece essa
prerrogativa e isso é fato. Está previsto pela Constituição.
Em
qual fato se fundamenta a oposição para mobilizar as massas em busca de
um terceiro turno que nunca foi previsto por constituição alguma? Pura
presunção!
No
imaginário da tolice própria dos presunçosos que irão às ruas no 15 de
março, o pedido de impeachment se baseia substancialmente nas
roubalheiras do PT. É muita estultice acreditar que exista algum partido
político onde nunca nenhum de seus integrantes tenha sido oportunista e
se esforçado mais por seus interesses pessoais do que pelos do próprio
partido ou de toda a nação. Mas muito mais estulto é aquele que defende o
partido que enquanto esteve no governo engavetou mais de 600 processos,
em detrimento do que recuperou o país aferindo resultados
internacionalmente documentados pelo jornal Washington Post, pela OMS,
UNICEF, o Banco Mundial e ONU.
Dados que são fatos do conhecimento internacional e vale a pena comparar alguns deles para se poder distinguir do que é fátuo:
PIB 2002 : R$1,48 trilhões 2013 : R$4,84 trilhões / PIB per capita 2002 : R$7,6 mil 2013: R$24,1 mil/ Lucro do BNDES 2002 : R$ 850milhões 2013 : R$8,15 bilhões/ Lucro do Banco Brasil 2002 : R$2bilhões 2013 : R$15,8 bilhões/ Lucro da CEF 2002 : R$1,1bilhões 2013 : R$6,7 bilhões/ Produção veículos 2002 : 1,8 milhões 2013: 6,7 milhões/ Safra agrícola 2002 : 97 milhões de ton 2013 : 188 milhões de ton./ Investim.estrang,direto 2002 : US$16,6 bilhões 2013 : US$64 bilhões/ Reservas internas. 2002 : US$37 bilhões 2013 : US$376 bilhões/ Índice Bovespa 2002 : 11.268 pontos 2013 : 51.507 pontos/ Empregos gerados - FHC. : 627 mil Lula e Dilma : 1,79 milhões/ Desemprego 2002 : 12,2% 2013 : 5,4%/ Taxa extrema pobreza 2003 : 15% 2013 : 5,2%/ IDH 2000 : 0,669 2012 : 0,730/ Mortalidade infantil 2002 : 25,3 por 100 mil nascidos vivos 2013 : 12,9 por 100 mil nascidos vivos/ Gastos com saúde 2002 : R$28 bilhões 2013 : R$106 bilhões/ Gastos com educação 2002 : R$17 bilhões 2013 : R$94 bilhões/ Estudantes no ensino superior - 2002 : 583.800 2013 : 1.087.400/ Risco Brasil 2002 : 1.446 2013 : 224/ Operações da Polícia Federal FHC : 48 Lula e Dilma 1.273 (15 mil presos)/ Varas da Justiça Federal 2002 : 100 2010 : 513.
Estão
aí relacionados 21 fatos divulgados internacionalmente pelas mais
conceituadas instituições e órgãos da imprensa estrangeira. Por qual
deles se vai às ruas no próximo 15 de Março?
Pelos
desvios na Petrobras, não relacionados nesta lista? Sim, os desvios na
Petrobras são mesmo factuais e ocorrem há muitas décadas, conforme
vários jornalistas passaram a divulgar assim que denúncias desse tipo
deixaram de ser motivo de assassinatos, desaparecimentos, exílios ou
torturas que a estulta da manifestante entende como liberdade de
expressão.
No
entanto apesar de denunciados, mesmo depois da ditadura os desvios
nunca foram investigados antes de 2008 quando se deu início a Operação
Lava Jato que levou aos cargos de diretoria por indicações do governo do
PSDB quando ao esquema também se incluiu seu principal agente de
lavagem de dinheiro: o doleiro Alberto Youssef.
Por
presunção de que aquelas investigações jamais chegariam aos blindados
por juízes corruptos, com o apoio da Mídia procuraram distorcer os fatos
para fundamentar a assinatura do presidente da Câmara Federal a um
pedido de impeachment. São tão fátuos que sequer se deram conta de terem
eleito à presidência daquela importante casa de representação do povo
brasileiro, um notório escroque contra o qual correm 13 processos nas
instâncias judiciárias do país.
Ou
melhor, 14, pois agora também foi indiciado no STF como um dos
envolvidos no mesmo esquema de desvio da Petrobras pela primeira vez
investigado. Querer que o meliante dê ordem de prisão ao policial que o
flagra ou que o réu condene ao juiz é de uma estultice inominável que só
ocorre em país onde se substitui o fato pelo fátuo.
E o fato, internacionalmente muito conhecido,
é que apesar de vitimada por tantos desvios e roubos que hoje lhe
acarretam uma enorme dívida, o potencial da Petrobras é tão imenso que
em meio ao maior ataque sofrido pela empresa desde a tentativa do
governo do PSDB em transferi-la ao capital estrangeiro como Petrobrax;
em 2014 se tornou a maior empresa petroleira do mundo, ultrapassando a
ExxonMoboil em produção!
É
por isso que vão as ruas? Para que os que extorquiram o maior
patrimônio público brasileiro e mais rentável empresa pública do mundo
sejam mandados para a cadeia? Para que jamais se torne a cogitar em
privatizá-la e entregá-la ao capital estrangeiro?
Esses
são os motivos dos que irão às ruas dois dias antes, em 13 de março,
pra defender a Petrobras. E os do dia 15 é por quê? Pelo inverso?
Nesse caso não seria mais correto apenas se mudarem de país? E não se faça comparações fátuas com o slogan que ditadura a plagiou
do “America way of live”, pois aqueles então mandados para fora do país
não desejavam vende-lo. Muito pelo contrário! E por serem contrários à
venda dos patrimônios e potenciais brasileiros foram expulsos, enquanto
esses que agora continuam querendo vendê-lo, não querem deixar o Brasil
antes de completarem o negócio e receberem suas comissões. E ainda por
cima querem que as instituições criadas para salvaguardar a pátria e
defender a segurança nacional, lhes deem garantias e proteção para
concluir seus velhos intentos de lesar a pátria! O que pode ser mais fátuo?
Outras
fatuidades são alegadas, como o recente aumento da gasolina em R$ 0,22.
Insensatamente histérica uma gaúcha gritava num posto de revenda
tentando convencer seus concidadãos a não abastecerem seus automóveis
para forçar a anulação do aumento. Saberá a tola qual foi, de fato, o
aumento do produto no decorrer dos últimos 12 anos? 45%. Exatamente a
porcentagem da média mensal de aumento entre os anos
de 1995 a 2002, quando a gasolina brasileira estava entre as 20 mais
caras do mundo. Isso é fato tanto quanto é fato que o preço da gasolina
do Brasil, hoje, ocupa a 73º posição neste mesmo ranking.
Outra
tolice da presunção das madames das zonas urbanas de classe média ao
mandar que suas empregadas batam nas panelas, é a de querer justificar a
marcha de 15 de março com a inflação. De fato a inflação não é tão
fátua para a empregada quanto para a madame, mas do fato da inflação ter
atingido neste mês o mesmo patamar de 7% para o qual caiu em 2003, não será tão sentido pela família da empregada quanto os 20% atingidos no ano de 2002. Podem já ter
esquecido desse realidade, mas a previsão dos analistas econômicos de
fato que nunca concordam com a fatuidade dos da Mídia, é de que até o
final deste ano o Brasil mais uma vez superará esta fase da crise
financeira internacional que bem mais afeta aos trabalhadores de outras
nações que não têm a sorte de estarem incluídos entre as 4 que tiveram o
maior avanço salarial no decorrer da última década: China, Camboja,
Alemanha e Brasil.
Ou
será que não é exatamente por isso que protestaram batendo panelas e
protestarão nas ruas em 15 de março, confirmando a fatuidade de quem
reclama da violência urbana, mas não tem capacidade sequer para recordar
de quanto era mais sensível antes da redução da miserabilidade? Quando o
índice de desemprego no Brasil só era menor do que o da Índia?
Querer
que consigam imaginar o caos em que estaríamos envoltos com a
progressão daquela violência sem os programas sociais que tiraram o
Brasil do Mapa Mundial da Fome da ONU, nem pensar!
Mas
aqui chegamos também a fatuidade de outras linhas ideológicas
brasileiras que se dizem preocupadas com os operários, os trabalhadores,
os desprotegidos sociais. Dos que se dizem marxistas ou gramscianos.
Sejam os que se consideram moderados ou radicais. Leninistas, maoístas,
trotskistas ou stalinistas. Quaisquer dos que tanto se ocupam em acusar
o governo de Lula ou Dilma de continuísmo do capitalismo selvagem e não
tiveram tempo para considerar aqueles 21 fatos elencados
internacionalmente, como de alta significação social.
Também
a fatuidade dos metidos a ambientalistas e ecólogos que igualmente
preocupados em repercutir especulações da Mídia, ignoraram o relatório
emitido em 5 de junho de 2014 após reunião da ONU ocorrida em Boon.
Aquele documento registra o fato do Brasil ter sido o país do mundo onde
mais se reduziu o desmatamento e a emissão de gases provocadores do efeito estufa.
No Brasil tais fatos nunca tiveram a mesma força que as fatuidades, inclusive de alguns petistas
que a cada jornada, panelaço ou marcha promovida pela direita ficam
buscando onde o Lula errou, onde a Dilma falhou. Fatuidade de uma
esquerda que jamais questiona o próprio comodismo pequeno-burguês
incapaz de algum esforço para manter
uma mobilização popular em defesa das conquistas de maiores direitos e
oportunidades a trabalhadores, índios, negros, mulheres, às diversidades
sexuais e regionais, aos oprimidos e a todos os segmentos que antes,
mesmo sem serem escutados, eram os que ocupavam as ruas e praças que já
foram do condor, e agora estão abandonadas e entregues às elites e seus
mercenários que se espera que não compareceram no próximo 15 de março.
Em
1964, aqueles 21 fatos divulgados pelos mais respeitadas entidades e
organismos internacionais ainda não ocorriam no Brasil e quando se
tornaram possibilidades previstas pelo anúncio das reformas de base do
governo João Goulart, o exército e toda as Forças Armadas Brasileiras,
com a participação do poder político estrangeiro e do capital de civis
brasileiros, fecharam as ruas e praças do país por 20 anos. Ainda haverá
generais, brigadeiros ou almirantes dispostos a fechá-las novamente por
mera fatuidade de uma classe média descontente com o salário que têm de
pagar àqueles que limpam suas casas, cuidam de seus filhos,
preparam-lhes as refeições ou geram os lucros de suas empresas?
Seriam a esses ricos brasileiros que as Forças Armadas defenderiam? A esses brasileiros que quando reclamam dos impostos o diretor da Tax Justice Network,
John Cristensen, diz só poder “... crer que estejam brincando. Porque
eles remetem dinheiro para paraísos fiscais há muito tempo”, seriam os que as Forças Armadas do Brasil garantiriam segurança?
John
Cristensen é um fato. A moral de Eduardo Cunha para presidir a Câmera
Federal é fátua. Portanto, para sair dos quartéis em apoio a um pedido
de impeachment como quer a moça que não se sente usufruindo plenos
direitos de liberdade de expressão e os demais manifestantes do próximo
15 de março, as Forças Armadas terão de optar entre o fátuo e o fato.
Terão
de escolher entre o fato democrático das últimas eleições e a fatuidade
de um terceiro turno obtido através do tumulto, da promoção de
instabilidade nacional por uma oposição que se resume à Mídia,
determinadas bancadas de representação de alguns setores religiosos e de
especuladores capitaneados pelo PSDB.
Entre
os fatos e a opinião internacional ou a fátua intenção de promover um
golpe ou de apenas fazer sangrar, como se expressam os incapazes de
argumentar através de projetos concretos para a evolução sócio/econômica
ou moral do país e do povo brasileiro, ao que as Forças Armadas
escolherão se forçadas a tanto?
Na
verdade, isso de imaginar uma interferência militar já é em si uma
grande fatuidade. Enquanto não houver abuso e se ninguém recorrer a
violência, “intolerável” – como advertiu a Comandante em Chefe das
Forças Armadas, jamais ela as
convocará. Da mesma forma que é improvável que seus oficiais se deixem
influir por manifestações fugazes de efeitos transitórios que mesmo que
se repitam, não passam de insatisfações de fátuos que já se provaram não
ter condição de permanecer por mais tempo na condução de um país que
hoje se inclui entre os mais importantes e significativos para o mundo.
E
essa importância e significação é um fato que se pode comprovar, por
exemplo, através desse link de reportagem da TV polonesa sobre aquisição
de helicópteros produzidos no Brasil por aquele país da União Europeia.
Apenas um exemplo, mas fato comprovado nestas imagens: https://www.facebook.com/video.php?v=782288611857321&pnref=story
Aos fátuos assistiremos em 15 de março próximo.
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