Marinho questiona: por quem as panelas batem?
"Será
que essas panelas batem por que não há carros de luxo para pronta
entrega nas concessionárias, já que a oferta está muito menor do que a
demanda? Será que batem por que as filas de espera em restaurantes de
luxo continuam grandes? Ou será que batem por que as viagens a Miami e
os gastos de brasileiros no exterior continuam crescendo?", questiona o
prefeito de São Bernardo do Campo (SP), Luiz Marinho; "Só tenho certeza
que elas não batem pelos milhões de brasileiros que nos últimos anos,
durante os governos Lula e Dilma, deixaram a linha da pobreza. Ou pelos
outros milhões que chegaram à classe média"; leia a íntegra do seu
artigo.
Por Luiz Marinho*
Peço
licença para parodiar o poeta maluco beleza, pois essa pergunta martela
na minha cabeça desde a noite do último domingo, 8 de março. Li,
naquela mesma noite, em sites de noticias, que haviam acontecido
manifestações em prédios de bairros nobres de algumas capitais
brasileiras no momento em que a presidenta Dilma fazia se pronunciava
pela passagem do Dia Internacional da Mulher e sobre os ajustes que
estão sendo feitos para combater a crise econômica que atinge nossa
economia e de vários países. Manifestações essas mobilizadas pelas redes
sociais no domingo.
Pois
bem. Será que essas panelas batem por que não há carros de luxo para
pronta entrega nas concessionárias, já que a oferta está muito menor do
que a demanda? Será que batem por que as filas de espera em restaurantes
de luxo continuam grandes? Ou será que batem por que as viagens a Miami
e os gastos de brasileiros no exterior continuam crescendo? Talvez
seja.
Só
tenho certeza que elas não batem pelos milhões de brasileiros que nos
últimos anos, durante os governos Lula e Dilma, deixaram a linha da
pobreza. Ou pelos outros milhões que chegaram à classe média. Assim como
não batem pelos milhões de brasileiros que, desde a chegada de Lula à
presidência, conseguiram ingressar em um curso superior, seja pela
criação de milhares de vagas em universidades públicas ou beneficiados
pelo PROUNI ou FIES.
Sei
que elas não batem por aquelas milhões de famílias que hoje têm um teto
para morar graças ao programa Minha Casa, Minha Vida. Nem pelos milhões
que conseguiram comprar o seu carrinho ou andar de avião pela primeira
vez nos últimos anos. Sim, paradoxalmente as panelas não batem por
aqueles que mais precisam do Estado em nosso País.
Leonardo Boff, em recente artigo intitulado "O que se esconde atrás do ódio ao PT?", explica bem esse fenômeno. (Leia aqui).
Entendo
como democráticas manifestações de opiniões contrárias. Pois é com o
contraditório que construímos os melhores caminhos. É pelo confronto de
ideias que elaboramos os consensos necessários à democracia. Contudo,
quando manifestações são instrumentalizadas para a defesa de interesses
mesquinhos e externos ao nosso País, não posso calar-me. Sim, o momento é
difícil. Demandará ajustes duros em alguns casos. Mas nada,
absolutamente nada parecido com que os representantes que articulam hoje
essas manifestações fizeram quando estavam no governo.
Os
interesses da imensa maioria dos brasileiros foram e sempre serão
defendidos pelos governos do PT. A nossa opção pelos mais pobres, pelos
trabalhadores e trabalhadoras, pelos pequenos e microempresários, pelo
pequeno agricultor é clara e manifesta. E desta linha não nos
afastaremos.
Aqueles
que têm tido seus interesses contrariados - em especial o grande
capital especulativo internacional e os seus representantes aqui no
Brasil, que manifestadamente instrumentalizam uma falsa crise para
mobilizar a classe média alta brasileira, apostando no ódio contra o PT e
a presidenta -, tenham a certeza de que mais uma vez perderão. Pois a
esperança vencerá. E a esperança estará nas ruas sempre que a construção
deste País mais justo, igualitário e forte for colocada em risco por
oportunistas ingênuos ou mal intencionados.
*Luiz Marinho (PT) é prefeito de São Bernardo do Campo
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