Escrito por: J. Carlos de Assis
Fonte: Portal Vermelho
Fonte: Portal Vermelho
O jihadista que, pela mão de Chico Caruso, pretendeu degolar Dilma, não representa o povo brasileiro.
Graças a Deus não temos terroristas no Brasil. Se tivéssemos, e se
fossem do tipo dos que metralharam os cartunistas do Charlie Hebdo, em
Paris, há semanas, algum jihadista revoltado com a charge do último
domingo de Chico Caruso, no Globo, talvez resolvesse por em prática sua
sugestão: cortar a cabeça, fisicamente, da Presidenta Dilma Rousseff em
nome de alguma guerra santa genérica, lembrança do lacerdismo, contra a
corrupção, mesmo depois de se tornar público que a Presidenta não foi
sequer investigada na Lava Jato.
A liberdade “sem limites” do chargista brasileiro, que se denomina dois
em um por causa do irmão gêmeo, é da mesma espécie da dos franceses.
Não há nenhuma regra moral, nenhuma regra de conveniência, nenhuma regra
de respeito à liberdade do outro que se contraponham ao sagrado direito
de livre expressão. A cruzada, não só do Globo mas de toda a grande
mídia escrita brasileira, assim como da maioria das televisões, é no
sentido de enxovalhar a vida privada e pública dos cidadãos em nome da
liberdade de imprensa.
Ah, dizem eles, as pessoas tem o direito de ir à Justiça para reclamar
contra injúria, calúnia e difamação praticadas pela imprensa! Mas como,
se elas coincidem com a publicação da ofensa? Além disso, na maioria dos
casos, a Justiça se sente intimidada pelo poderio dos jornais, revistas
e televisões, que se protegem reciprocamente quando não entram em
cadeia privada para denegrir a imagem de alguém ou quando, como nesse
caso, chegam à beira da própria exaltação do terrorismo? Não seria o da
imprensa o verdadeiro terrorismo?
Tenho mais de 35 anos de jornalismo e jamais vi, exceto às bordas de
64, neste caso pela ação extremada de ação e reação ao lacerdismo, uma
situação política tão exacerbada. A culpa é exclusivamente da imprensa.
Depois dos anos de chumbo da ditadura – que durante muitos anos, por
orientação de um livro de Fernando Henrique, chamei “carinhosamente” de
autoritarismo -, a imprensa se posicionou crescentemente do lado oposto,
num movimento dialético pendular da história, caracterizado por
extremos dos dois lados.
Creio que chegamos ao momento da síntese que é o resultado de uma
interação dinâmica entre opostos. Momentos como esse costumam ser
caóticos. Na Teoria do Caos, ou pela Segunda Lei da Termodinâmica, a
superação de situações como esta implica a completa degeneração do
velho. Em outras palavras, é o momento da depuração do Executivo, do
Legislativo e, por que não, do Judiciário. Os dois primeiros já estão
sendo depurados; no caso do Judiciário, convém apoiar a iniciativa do
Senador Renan para uma CPI do Ministério Público.
O jihadista que, pela mão de Chico Caruso, pretendeu degolar Dilma, não
representa o povo brasileiro. Ela, como todo mundo, tem pontos fracos e
fortes. No curto prazo, enquanto Presidenta eleita legitimamente, ela
terá de se valer de todos os seus pontos fortes para tirar o Brasil do
caos. Acho que tem competência para isso. E é o que vamos demonstrar, no
dia 13, na Cinelândia, e estendendo-se até a Av. Chile, num comício em
defesa da Petrobrás, da Engenharia Nacional e de uma política verdade de
cunho social-desenvolvimentista.
A propósito, antes de terminar: onde estavam os irmãos Caruso quando
Dilma era torturada de verdade nos porões da ditadura militar? Estavam
aprendendo a desenhar? Ou estariam ensinando desenho para quem fez a
legenda da camiseta de Luciano Huck, “vem nimim que tô facim”, exibida
publicamente por uma menina de uns 12 anos no seu programa da Globo -
num caso que, se não fosse de gente dela, a Globo descreveria como
exaltação da pedofilia? Será que essa TV tem dono para responder por
isso? Se tiver, vale a pena aplicar nele a jurisprudência nazista do
“domínio do fato”, invocada por Joaquim Barbosa e tão exaltada pela
Globo no caso do mensalão!
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J. Carlos de Assis é jornalista, economista, doutor em Engenharia da
Produção pela Coppe/RJ, autor de mais de 20 livros sobre Economia
Política, sendo o mais recente “A Razão de Deus”, pela Civilização
Brasileira.
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