Dilma e os poderes de Joaquim Levy
Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:
Depois de promover uma campanha permanente pela saída de Guido Mantega do Ministério da Fazenda, a oposição já se mostra impaciente para garantir plenos poderes a seu sucessor anunciado, Joaquim Levy.
Aloizio Mercadante, ministro-chefe da Casa Civil, já foi até criticado porque sublinhou, recentemente, que o governo Dilma não irá abandonar os compromissos com a defesa do emprego e do salário - senha que, na agenda atual do país, ajuda a distinguir rapidamente aqueles pontos que separam o governo Lula-Dilma de seus adversários.
É bom ter calma.
Em 26 de outubro, o país reelegeu Dilma Rousseff, no final de uma campanha dramática, ilustrada por uma tentativa de golpe midiático na reta final. O segundo turno foi alimentado por um debate aberto e radicalizado, como poucas vezes se viu numa eleição brasileira.
Imaginar que, após uma vitória tão apertada, na qual cada voto teve de ser conquistado e confirmado, Dilma deveria abrir mão da palavra final sobre as medidas de política econômica de seu governo, seja quem for o Ministro da Fazenda, implica em apostar numa opção de crises e catástrofes permanentes - o caminho mais seguro para uma derrota do bloco Lula-Dilma em 2018, para ficar nos prazos definidos pelo calendário eleitoral.
Os papéis de ministros de Estado e presidente não podem ser misturados nem confundidos.
Nos anos finais do governo de José Sarney, o país teve um ministro da Fazenda que parecia mais importante do que o presidente da República. Foi Mailson da Nobrega. Concorde ou não com as ideias de Mailson - eu discordo - cabe reconhecer que ele se mostrou um consultor muito superior a ministro, certo?
Quanto ao governo Sarney, enfrentou uma agonia final sem remédio, incapaz de lançar sucessores competitivos em 1989. Ninguém defendeu seu governo na primeira eleição direta depois do golpe militar. No final, com simpatia do próprio Mailson, ministros defendiam sua renúncia, com o argumento de que não se deveria atrapalhar a posse do sucessor, Fernando Collor.
O Brasil, em 2014, não trocou de presidente - mas de ministro. São novas ideias, sim, mas num jogo político definido.
Ao lado de Nelson Barbosa e Alexandre Tombini, Joaquim Levy ingressa no ministério porque o governo está convencido de que necessita restabelecer pontes políticas com o mercado. É claro que isso tem implicações de política econômica. Mas a presidente é Dilma. Ela representa a soberania popular.
Levy entra no governo como ministro - não como interventor, certo?
Depois de promover uma campanha permanente pela saída de Guido Mantega do Ministério da Fazenda, a oposição já se mostra impaciente para garantir plenos poderes a seu sucessor anunciado, Joaquim Levy.
Aloizio Mercadante, ministro-chefe da Casa Civil, já foi até criticado porque sublinhou, recentemente, que o governo Dilma não irá abandonar os compromissos com a defesa do emprego e do salário - senha que, na agenda atual do país, ajuda a distinguir rapidamente aqueles pontos que separam o governo Lula-Dilma de seus adversários.
É bom ter calma.
Em 26 de outubro, o país reelegeu Dilma Rousseff, no final de uma campanha dramática, ilustrada por uma tentativa de golpe midiático na reta final. O segundo turno foi alimentado por um debate aberto e radicalizado, como poucas vezes se viu numa eleição brasileira.
Imaginar que, após uma vitória tão apertada, na qual cada voto teve de ser conquistado e confirmado, Dilma deveria abrir mão da palavra final sobre as medidas de política econômica de seu governo, seja quem for o Ministro da Fazenda, implica em apostar numa opção de crises e catástrofes permanentes - o caminho mais seguro para uma derrota do bloco Lula-Dilma em 2018, para ficar nos prazos definidos pelo calendário eleitoral.
Os papéis de ministros de Estado e presidente não podem ser misturados nem confundidos.
Nos anos finais do governo de José Sarney, o país teve um ministro da Fazenda que parecia mais importante do que o presidente da República. Foi Mailson da Nobrega. Concorde ou não com as ideias de Mailson - eu discordo - cabe reconhecer que ele se mostrou um consultor muito superior a ministro, certo?
Quanto ao governo Sarney, enfrentou uma agonia final sem remédio, incapaz de lançar sucessores competitivos em 1989. Ninguém defendeu seu governo na primeira eleição direta depois do golpe militar. No final, com simpatia do próprio Mailson, ministros defendiam sua renúncia, com o argumento de que não se deveria atrapalhar a posse do sucessor, Fernando Collor.
O Brasil, em 2014, não trocou de presidente - mas de ministro. São novas ideias, sim, mas num jogo político definido.
Ao lado de Nelson Barbosa e Alexandre Tombini, Joaquim Levy ingressa no ministério porque o governo está convencido de que necessita restabelecer pontes políticas com o mercado. É claro que isso tem implicações de política econômica. Mas a presidente é Dilma. Ela representa a soberania popular.
Levy entra no governo como ministro - não como interventor, certo?
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