quinta-feira, 27 de novembro de 2014

POLÍTICA - "Os famintos pedem dignidade, não esmola".



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[ Mundo ]

Papa na Conferência sobre Nutrição da FAO: os famintos pedem dignidade, não esmola


Adital

Na manhã desta quinta-feira, 20 de novembro, o Papa Francisco visitou a sede da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), por ocasião da segunda Conferência Internacional sobre Nutrição, que tem lugar em Roma de 19 a 21 de novembro.
Periodista Digital
Em sua chegada, o Sumo Pontífice foi recebido pelo diretor geral da FAO, José Graziano da Silva, pelo diretor geral adjunto, Oleg Chestnov, e pelo monsenhor Luigi Travaglino, observador permanente da Santa Sé ante esse organismo.
Francisco disse que a total unidade de propósitos e de obras, mas, sobretudo, o espírito de irmandade, podem ser decisivos para soluções adequadas. Em sua visão, os destinos de cada nação estão mais do que nunca enlaçados entre si, "como os membros de uma mesma família, que dependem uns dos outros”. No entanto, a população mundial vive em uma época em que as relações entre as nações estão demasiado frequentemente danificadas pela suspeita recíproca, "que, às vezes, se converte em formas de agressão bélica e econômica, socava a amizade entre irmãos e rechaça ou descarta o que já está excluído. Isso sabe bem quem carece do pão cotidiano e de um trabalho decente”.
"Este é o quadro do mundo, no qual é preciso reconhecer os limites de propostas baseadas na soberania de cada um dos Estados, entendida como absoluta, e nos interesses nacionais, condicionados frequentemente por reduzidos grupos de poder. Isso explica bem a leitura da agenda de trabalho de vocês para elaborar novas normas e maiores compromissos para nutrir o mundo”, assinalou o Papa. Dessa maneira, ele destacou que espera que, na formulação de tais compromissos, os Estados se inspirem na convicção de que o direito à alimentação só será garantido se as pessoas se preocuparem com o sujeito real, ou seja, a pessoa que sofre os efeitos da fome e da desnutrição.
"Hoje em dia, se fala muito de direitos, esquecendo, com frequência, os deveres; talvez temos nos preocupado demasiado pouco com os que passam fome. Dói constatar ademais que a luta contra a fome e a desnutrição se vê obstaculizada pela ‘prioridade do mercado’ e pela ‘proeminência da ganância’, que reduzem os alimentos a uma mercadoria qualquer, sujeita a especulação, inclusive financeira. E, enquanto se fala de novos direitos, o faminto está aí, na esquina da rua, e pede carta de cidadania, ser considerado em sua condição, receber uma alimentação de base saudável. Nos pede dignidade, não esmola”, enfatizou o Papa.
Francisco propôs ademais que o interesse pela produção, pela disponibilidade de alimentos e pelo acesso a eles, pela mudança climática, pelo comércio agrícola, devem, certamente, inspirar as regras e as medidas técnicas, mas a primeira preocupação deve ser a pessoa mesma, aqueles que carecem do alimento diário e deixaram de pensar na vida, nas relações familiares e sociais, e lutam apenas pela sobrevivência.

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