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[ Mundo ]
Papa na Conferência sobre Nutrição da FAO: os famintos pedem dignidade, não esmola
Adital
Na
manhã desta quinta-feira, 20 de novembro, o Papa Francisco visitou a sede da
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), por
ocasião da segunda Conferência Internacional sobre Nutrição, que tem lugar em
Roma de 19 a 21 de novembro.
Em sua
chegada, o Sumo Pontífice foi recebido pelo diretor geral da FAO, José Graziano
da Silva, pelo diretor geral adjunto, Oleg Chestnov, e pelo monsenhor Luigi
Travaglino, observador permanente da Santa Sé ante esse organismo.
Francisco
disse que a total unidade de propósitos e de obras, mas, sobretudo, o espírito
de irmandade, podem ser decisivos para soluções adequadas. Em sua visão, os
destinos de cada nação estão mais do que nunca enlaçados entre si, "como os
membros de uma mesma família, que dependem uns dos outros”. No entanto, a
população mundial vive em uma época em que as relações entre as nações estão
demasiado frequentemente danificadas pela suspeita recíproca, "que, às vezes,
se converte em formas de agressão bélica e econômica, socava a amizade entre
irmãos e rechaça ou descarta o que já está excluído. Isso sabe bem quem carece
do pão cotidiano e de um trabalho decente”.
"Este
é o quadro do mundo, no qual é preciso reconhecer os limites de propostas baseadas
na soberania de cada um dos Estados, entendida como absoluta, e nos interesses
nacionais, condicionados frequentemente por reduzidos grupos de poder. Isso
explica bem a leitura da agenda de trabalho de vocês para elaborar novas normas
e maiores compromissos para nutrir o mundo”, assinalou o Papa. Dessa maneira,
ele destacou que espera que, na formulação de tais compromissos, os Estados se
inspirem na convicção de que o direito à alimentação só será garantido se as
pessoas se preocuparem com o sujeito real, ou seja, a pessoa que sofre os
efeitos da fome e da desnutrição.
"Hoje
em dia, se fala muito de direitos, esquecendo, com frequência, os deveres;
talvez temos nos preocupado demasiado pouco com os que passam fome. Dói
constatar ademais que a luta contra a fome e a desnutrição se vê obstaculizada
pela ‘prioridade do mercado’ e pela ‘proeminência da ganância’, que reduzem os
alimentos a uma mercadoria qualquer, sujeita a especulação, inclusive
financeira. E, enquanto se fala de novos direitos, o faminto está aí, na
esquina da rua, e pede carta de cidadania, ser considerado em sua condição,
receber uma alimentação de base saudável. Nos pede dignidade, não esmola”,
enfatizou o Papa.
Francisco
propôs ademais que o interesse pela produção, pela disponibilidade de alimentos
e pelo acesso a eles, pela mudança climática, pelo comércio agrícola, devem, certamente,
inspirar as regras e as medidas técnicas, mas a primeira preocupação deve ser a
pessoa mesma, aqueles que carecem do alimento diário e deixaram de pensar na
vida, nas relações familiares e sociais, e lutam apenas pela sobrevivência.
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