Envolvimento nada surpreendente do PSDB de Aécio e FHC com empreiteiras do "Petrolão" atrapalha tentativa de golpe
Rastros tucanos na corrupção da Petrobras alertam autoridades
Se a direita pretendia usar a Operação Lava Jato para
comprometer o governo da presidenta Dilma Rousseff, os fatos apontam
para uma barreira intransponível de evidências quanto à participação de
líderes dos partidos oposicionistas na roubalheira ocorrida, durante
mais de uma década, na estatal brasileira de petróleo. A tentativa dos tucanos de
transformar o escândalo em motivo para o impedimento da presidenta
recém-reeleita foi identificada, e coibida, por setores do Judiciário.
Quatro delegados da Polícia Federal chegaram a usar uma rede social para
atacar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidenta Dilma
Rousseff, às vésperas da eleição, em apoio ao candidato Aécio Neves, do
PSDB. Trata-se dos principais responsáveis pela operação que investiga o
esquema de corrupção na Petrobras, e a eles foram feitas delações
premiadas, cujo suposto conteúdo foi “vazado” no período eleitoral. A
megaoperação das prisões precipitou-se sobre o caso dos delegados e sua
sugestiva atitude, abafando-o.
A onda de prisões foi deflagrada apenas 24 horas depois que os delegados
responsáveis pelo caso Petrobras apareceram comprometidos, como
autores, com manifestações explicitamente agressivas contra Dilma e
Lula. E de apoio a Aécio Neves.
– O comportamento desses delegados não anula a existência nem diminui um
fato grave, que é o escândalo da Petrobras, mas compromete a
investigação. Esses delegados acreditam que são os salvadores da pátria,
quando, na verdade, estão comprometendo a investigação. Na tentativa de
alterar o resultado eleitoral, eles estavam evidentemente fazendo vazar
depoimentos, quebrando o sigilo da investigação – disse o senador
Roberto Requião (PMDB-PR) ao site Viomundo.
Vazamentos
Outra tentativa de influir no resultado eleitoral, com base na operação
de caça aos corruptos na Petrobras, foi identificada pela Procuradoria
Geral da República. O procurador-geral, Rodrigo Janot, afirmou a
jornalistas que o advogado do doleiro Alberto Youssef, um dos delatores
da Operação Lava Jato, era ligado ao PSDB e vazou informações seletivamente para influenciar as eleições realizadas em outubro.
– Estava visível que queriam interferir no processo eleitoral. O
advogado do Alberto Youssef operava para o PSDB do Paraná, foi indicado
pelo Beto Richa para a coisa de saneamento, tinha vinculação com partido
– disse Janot.
Trata-se do advogado Antonio Augusto Figueiredo Basto, coordenador da
defesa de Youssef. Por um ano entre 2011 e 2012, durante o governo
tucano de Beto Richa, no Paraná, Basto teve um cargo de conselheiro do
Conselho de Administração da Sanepar, a Companhia de Saneamento do
Paraná.
Segundo Janot, Basto “começou a vazar coisa seletivamente” e foi avisado
pela procuradoria a respeito do risco que a estratégia envolvia.
– Eu alertei que isso deveria parar, porque a cláusula contratual diz
que nem o Youssef nem o advogado podem falar. Se isso seguisse, eu não
teria compromisso de homologar a delação – disse.
Pelo acordo feito entre a PGR e os delatores, o conteúdo da delação
premiada deve ser mantido em sigilo, sob pena de o acusado perder os
benefícios negociados com os procuradores. Ainda assim, as declarações
deram margem para o golpe midiático levado a termo pela revista semanal
de ultradireita Veja, às vésperas do segundo turno das eleições.
Investigadores da Polícia Federal suspeitaram da armação no depoimento
em que Youssef afirmou que tanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva quanto a então candidata à reeleição Dilma Rousseff, ambos do PT,
sabiam do esquema de corrupção na Petrobras.
Youssef prestou depoimento em 21 de outubro e não citou Lula ou Dilma.
Em 22 de outubro, Figueiredo Basto pediu para “fazer uma retificação no
depoimento anterior” para acrescentar que “perguntou quem mais, além das
pessoas já citadas pelo doleiro, sabia da fraude na Petrobras”, ao que
Youssef teria afirmado “acreditar que, pela dimensão do caso, não teria
como Lula e Dilma não saberem”.
A denúncia foi publicada na noite de quinta-feira 23 pela revista Veja,
que naquela semana antecipou sua circulação semanal em um dia. No fim
daquela semana, Aécio Neves (PSDB) e Dilma se enfrentariam no segundo
turno das eleições presidenciais. No domingo 26, a capa da revista
circulou em forma de panfletos por algumas das maiores cidades do País e
um boato a respeito do suposto assassinato de Youssef circulou pelas
redes sociais. Depois de publicada a matéria, Basto negou a existência
da retificação.
PSDB envolvido
A prisão de empreiteiros, durante a sétima fase da Operação Lava Jato,
na última sexta-feira, elevou a temperatura dos discursos da oposição,
com discursos impositivos de Aécio Neves e seus liderados.
– Tem muita gente sem dormir em Brasília – chegou a afirmar o senador mineiro, derrotado nas urnas pela presidenta Dilma.
A falação, porém, esconde o fato que, das nove empreiteiras alvo dos
federais, seis financiaram sua campanha para presidente em um montante
não inferior a R$ 20 milhões. A situação dos oposicionistas fica ainda
mais delicada no momento em que, segundo Rodrigo Janot, a prisão de
executivos e presidentes de grandes empreiteiras do país faça com que
muitos dos detidos busquem o instituto da delação premiada para tentar
reduzir o tamanho de suas penas.
– Isso é um rastilho de pólvora. Quando um começa a falar, o outro diz:
Vai sobrar só para mim?’. E aí eles começam a falar mesmo – conclui.
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