quarta-feira, 19 de novembro de 2014

POLÍTICA - Lula se reúne com sindicalistas.

Lula diz a sindicalistas: Negação da política, turbinada pela mídia, pode acabar em intervenção militar


3º TURNO

Lula iniciou semana alertando sindicatos sobre ‘vacina’ contra golpe
Em semana tensa, ex-presidente se reuniu com sindicalistas, pediu mais atenção do governo aos movimentos, e alertou contra o ambiente de golpe. “Não vai ter moleza. Eles vão vir para cima”
por Redação RBA publicado 16/11/2014 12:52, última modificação 16/11/2014 14:32
Reprodução parcial
O presença de Lula na reunião da direção executiva nacional da CUT dá sinais de que o ex-presidente terá um protagonismo maior na cena política. O ex-presidente lembrou o papel decisivo dos movimentos sociais e sindicais na eleições e disse que os eleitos graças a essa participação deverão dar mais ouvidos a esses segmentos da sociedade.
“O Fernando Pimentel (eleito governador em Minas) terá de falar com a CUT antes, durante e depois da posse”, cobrou, referindo-se às intervenções da presidenta da CUT no estado, a professora Beatriz Cerqueira, que está sofrendo uma série de processos movidos pelo grupo de Aécio pele volume de denúncias envolvendo a situação do ensino público durante as gestões tucanas em Minas.
E mandou o mesmo recado a Dilma, defendendo que o movimento sindical seja ouvido não apenas para tratar de reivindicações trabalhistas, mas para discutir políticas para o país. “Toda a política de desoneração tem de passar por negociação com os sindicatos, para saber se vai haver ganhos para os trabalhadores do setor beneficiado.”
Nova agenda e vigilância
O discurso de pouco mais de uma hora de Lula não serviu apenas para cobrar os governos. O ex-líder metalúrgico cobrou dos dirigentes sindicais uma agenda mais sintonizada com a nova realidade do país. “Sinto que está faltando política em nossa ação sindical. O economicismo só não é suficiente”, disse.
O ex-presidente lembrou que Dilma perdeu a eleição em quase todos os municípios governados pelo PT e até mesmo nos bairros populares de São Paulo onde vencia desde 1982, observando que muitos dirigentes sindicais “ficaram decepcionados com os trabalhadores da sua categoria votando em Paulo Skaf , Geraldo Alckmin ou Aécio.
“Passado o sufoco, é preciso entender o que aconteceu. O poder público precisa ter mais diálogo com a sociedade e nós precisamos ter mais conversa, mais parceria e mais solidariedade entre nós”, disse, reiterando que o movimento sindical não pode ficar restrito a conquista de cláusulas econômicas durante as campanhas salariais.
“O movimento sindical tem de sair do chão de fábrica, do chão das lojas, do chão dos locais de trabalho, pois o limite de representatividade passa do chão. Tem a ver com cidadania, com educação, com saúde, com segurança. Temos que apresentar nossa pauta aos prefeitos, aos governadores e à presidência da República.”
Lula disse ainda que hoje há muitos jovens em todas as categorias profissionais e que é preciso dialogar com eles para tentar compreendê-los. “Hoje me espanto quando vou à porta de fábrica e vejo muito jovem que quer fazer faculdade, não quer ser mais apenas um peão. É preciso conversar com ele. É preciso colocar política na cabeça dele. Ele sabe qual foi o papel do pai e da mãe dele? Ele sabe qual foi e qual é o papel da CUT?”, questionou.
O ex-presidente voltou a expressar preocupação com a “demonização da política” pela mídia. “A despolitização só interessa à direita. Não interessa a nós. Precisamos dizer com clareza o que fizemos e o que queremos fazer.
Lula terminou seu discurso alertando para o ambiente golpista instalado no país desde a reeleição de Dilma. “Esses que nos atacam são os mesmos que nunca aceitaram política social neste país. Não é á toa que na mesma capa da revista colocaram a minha cara e a cara da Dilma. E vai ser assim. Não vai ter moleza. Eu vou avisar vocês com antecedência. Vocês se preparem porque, da mesma forma que quando o movimento sindical encheu esse país de adesivos com a mensagem ‘mexeu com Lula, mexeu comigo’, a gente vai de ter de estar preparado para defender a Dilma”, alertou. “Eles vão vir pra cima.”

Nenhum comentário: