E o grampo na cela do Youssef? Vamos apurar, Dr Moro?
zé da Justiça, Auler e a CartaCapital cobram transparência.
O Conversa Afiada reproduz texto de Marcelo Auler, com abertura de Fernando Brito, no Tijolaço:
Por Fernando Brito
Num tempo em que “jornalismo investigativo” vem sendo confundido com ser receptador privilegiado dos vazamentos – frequentemente “poluídos” – de procuradores e policiais, é inspirador ver que a velha guarda da reportagem se interessa por mais do que por receber cópias xerox da polícia e do MP.
No seu blog, agora cedo, Marcelo Auler resume a cobertura da CartaCapital sobre os dois aspectos que mais atenção deveriam chamar na Lava Jato, porque são pilares de sua eficácia, de sua legalidade e, portanto, de sua credibilidade.
O fatiamento da investigação, determinado pelo Supremo e, com a sua apuração, a rocambolesca (e nebulosa) história do “grampo” ilegal na cela do personagem central da operação, o doleiro Alberto Youssef.
O post de Marcelo, na íntegra, você pode ler aqui.
Mas destaco os comentários do autor sobre seu próprio texto, que lança luz sob os desvãos imundos do que se passa na Polícia Federal do Paraná, inclusive entre a intimidade (espontânea?) entre a doleira Neilma Kodama , amante ou ex-amante de Alberto Youssef – lembram do “Amada Amante” cantado em plena CPI do Congresso? – e um agente da PF que acabaria se matando, traficando informações com delegados da operação.
Conheço Marcelo Auler há bem mais de duas décadas – e boa parte deste tempo “do outro lado do balcão”, como assessor de imprensa – e sei que ele não publica uma linha sobre a qual não tenha elementos sólidos para sustentá-la. Assim como não deixa de publicar uma linha sequer por medo ou cumplicidade de qualquer natureza com quem, do lado do crime ou do lado que deveria ser o da lei (e tantas vezes não é), tem coisas a esconder.
O grampo da discórdia
Marcelo Auler
“O Grampo da Discórdia” (publicado na edição de hoje da CartaCapital) é um texto de minha autoria sobre as divergências que continuam acontecendo dentro da Superintendência Regional da Polícia Federal, no Paraná, onde persistem as críticas aos métodos utilizados pela força-tarefa.
Trata-se, na verdade, da continuidade das apurações que comecei a fazer em julho passado quando estive em Curitiba. A primeira parte desta apuração eu publiquei nesse blog, em 20 de agosto: “Lava Jato revolve lamaçal na PF-PR”.
Nos dois textos, procurando ser o mais isento possível, mostro parte das divergências e discussões que ocorrem entre policiais federais e alguns advogados que atuam na defesa dos envolvidos nesta grande apuração.
Conto como surgiu a versão de que “dossiês” contrários à Lava Jato estariam sendo fabricados – o que, diga-se, jamais se confirmou; falo do envolvimento da doleira Nelma Kodama com um agente da Policia Federal que a presenteava com flores e bombons, retirando-a da cela nas noites de plantão; revelo que esse agente, que sofria de problemas psicológicos e deveria estar de licença médica, acabou suicidando-se; relato as tentativas da mesma doleira em colher informações com o seu antigo defensor, para repassá-las aos delegados que acusaram o advogado de preparar dossiês; explico como o delegado Mario Henrique Castanheira Fanton foi chamado à Curitiba para investigar os supostos “dossiês” e acabou se atritando justamente com aqueles que o convocaram.
Estas divergências, como descrevi em agosto e repriso agora, estão diretamente ligadas ao já badalado aparelho de escuta que o doleiro Alberto Youssef descobriu em sua cela, em março de 2014.
Como destacou a reportagem da revista,
"o agente Werlang insiste: a ordem de grampear veio de delegados da força-tarefa. Os acusados negam."
Incrivelmente, apesar dos números fantásticos que a Lava Jato apresenta nesses seus 19 meses de apurações, até hoje não houve uma resposta satisfatória e definitiva da própria direção geral do Departamento de Polícia Federal, sobre o mesmo. Isto só faz aumentar as divergências e as críticas internamente na superintendência do DPF no Paraná. Um esclarecimento publico sobre esse grampo certamente acabará de vez com toda a discussão que persiste dese março de 2014.
Vale ressaltar que pessoalmente defendo a ampla apuração de todos os atos criminosos que estão sendo descobertos por esta Operação. Reafirmo aqui minha total confiança no trabalho do juiz Sérgio Moro, a quem conheço e aprendi a respeitar, há mais de sete anos. Isto, porém, não me impede de levantar questionamentos com base em tudo o que ouvi e apurei, dos dois lados. Não por outro motivo, aceitei de bom grado o parágrafo final da reportagem que foi proposto em São Paulo pelo editor Sérgio Lírio e o diretor de CartaCapital, Mino Carta:
“Só o completo esclarecimento do tal grampo poderá demonstrar que a Lava Jato não ultrapassa os limites da legalidade em seu ímpeto louvável de punir a corrupção no Brasil. Para quem está imbuído da missão de limpar o País, a transparência não é só recomendável. É essencial”.
A trama do grampo na Lava Jato, por Marcelo Auler
Por Fernando Brito
Num tempo em que “jornalismo investigativo” vem sendo confundido com ser receptador privilegiado dos vazamentos – frequentemente “poluídos” – de procuradores e policiais, é inspirador ver que a velha guarda da reportagem se interessa por mais do que por receber cópias xerox da polícia e do MP.
No seu blog, agora cedo, Marcelo Auler resume a cobertura da CartaCapital sobre os dois aspectos que mais atenção deveriam chamar na Lava Jato, porque são pilares de sua eficácia, de sua legalidade e, portanto, de sua credibilidade.
O fatiamento da investigação, determinado pelo Supremo e, com a sua apuração, a rocambolesca (e nebulosa) história do “grampo” ilegal na cela do personagem central da operação, o doleiro Alberto Youssef.
O post de Marcelo, na íntegra, você pode ler aqui.
Mas destaco os comentários do autor sobre seu próprio texto, que lança luz sob os desvãos imundos do que se passa na Polícia Federal do Paraná, inclusive entre a intimidade (espontânea?) entre a doleira Neilma Kodama , amante ou ex-amante de Alberto Youssef – lembram do “Amada Amante” cantado em plena CPI do Congresso? – e um agente da PF que acabaria se matando, traficando informações com delegados da operação.
Conheço Marcelo Auler há bem mais de duas décadas – e boa parte deste tempo “do outro lado do balcão”, como assessor de imprensa – e sei que ele não publica uma linha sobre a qual não tenha elementos sólidos para sustentá-la. Assim como não deixa de publicar uma linha sequer por medo ou cumplicidade de qualquer natureza com quem, do lado do crime ou do lado que deveria ser o da lei (e tantas vezes não é), tem coisas a esconder.
O grampo da discórdia
Marcelo Auler
“O Grampo da Discórdia” (publicado na edição de hoje da CartaCapital) é um texto de minha autoria sobre as divergências que continuam acontecendo dentro da Superintendência Regional da Polícia Federal, no Paraná, onde persistem as críticas aos métodos utilizados pela força-tarefa.
Trata-se, na verdade, da continuidade das apurações que comecei a fazer em julho passado quando estive em Curitiba. A primeira parte desta apuração eu publiquei nesse blog, em 20 de agosto: “Lava Jato revolve lamaçal na PF-PR”.
Nos dois textos, procurando ser o mais isento possível, mostro parte das divergências e discussões que ocorrem entre policiais federais e alguns advogados que atuam na defesa dos envolvidos nesta grande apuração.
Conto como surgiu a versão de que “dossiês” contrários à Lava Jato estariam sendo fabricados – o que, diga-se, jamais se confirmou; falo do envolvimento da doleira Nelma Kodama com um agente da Policia Federal que a presenteava com flores e bombons, retirando-a da cela nas noites de plantão; revelo que esse agente, que sofria de problemas psicológicos e deveria estar de licença médica, acabou suicidando-se; relato as tentativas da mesma doleira em colher informações com o seu antigo defensor, para repassá-las aos delegados que acusaram o advogado de preparar dossiês; explico como o delegado Mario Henrique Castanheira Fanton foi chamado à Curitiba para investigar os supostos “dossiês” e acabou se atritando justamente com aqueles que o convocaram.
Estas divergências, como descrevi em agosto e repriso agora, estão diretamente ligadas ao já badalado aparelho de escuta que o doleiro Alberto Youssef descobriu em sua cela, em março de 2014.
Como destacou a reportagem da revista,
"o agente Werlang insiste: a ordem de grampear veio de delegados da força-tarefa. Os acusados negam."
Incrivelmente, apesar dos números fantásticos que a Lava Jato apresenta nesses seus 19 meses de apurações, até hoje não houve uma resposta satisfatória e definitiva da própria direção geral do Departamento de Polícia Federal, sobre o mesmo. Isto só faz aumentar as divergências e as críticas internamente na superintendência do DPF no Paraná. Um esclarecimento publico sobre esse grampo certamente acabará de vez com toda a discussão que persiste dese março de 2014.
Vale ressaltar que pessoalmente defendo a ampla apuração de todos os atos criminosos que estão sendo descobertos por esta Operação. Reafirmo aqui minha total confiança no trabalho do juiz Sérgio Moro, a quem conheço e aprendi a respeitar, há mais de sete anos. Isto, porém, não me impede de levantar questionamentos com base em tudo o que ouvi e apurei, dos dois lados. Não por outro motivo, aceitei de bom grado o parágrafo final da reportagem que foi proposto em São Paulo pelo editor Sérgio Lírio e o diretor de CartaCapital, Mino Carta:
“Só o completo esclarecimento do tal grampo poderá demonstrar que a Lava Jato não ultrapassa os limites da legalidade em seu ímpeto louvável de punir a corrupção no Brasil. Para quem está imbuído da missão de limpar o País, a transparência não é só recomendável. É essencial”.
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