Campanha de Aécio usou imóveis de fornecedora da Cemig
Enviado por Webster Franklin
Da Rede Brasil Atual
Pega mal: campanha de Aécio teve primo
tesoureiro oficial acumulando cargo de diretor de estatal em governo
tucano e, ainda por cima, usou imóveis emprestados da Engeform,
fornecedora desta mesma estatal
por Helena Sthephanowitz
Como se não bastasse ter como tesoureiro
oficial de campanha um primo (Frederico Pacheco de Medeiros) e que se
manteve durante a campanha eleitoral no cargo de diretor da Cemig, a
estatal de eletricidade do governo de Minas, o comitê do tucano onde o
tesoureiro dava como endereço não era nenhuma sede do PSDB. Foi um
imóvel de fornecedores da Cemig.
O imóvel na Rua Iguatemi 192, conjunto
192, no Itaim Bibi, na capital paulista, pertence à Patrymonyal
Participações Ltda, segundo a própria prestação de contas do tucano
declarando a doação do valor equivalente ao aluguel. Esta empresa tem
como sócios a Engeform Construções e Comércio Ltda e seus donos,
conforme documento da Junta Comercial do Estado de São Paulo.
A Engeform é fornecedora da Cemig. Conforme o Diário Oficial de Minas Gerais,
a empresa executou um contrato de "implantação do reforço para a região
metropolitana de Belo Horizonte". Inclusive teve um aditivo em maio de
2013, elevando o valor de R$ 35,96 milhões para R$ 36,4 milhões.
Convenhamos que não pega bem essa
espécie de "ação entre amigos" misturando primo de Aécio Neves
tesoureiro acumulando cargo de diretor de estatal em governo tucano e,
ainda por cima, usar imóveis emprestados de empresas fornecedoras. E
ainda tem o fato de a Engeform ter doado para a campanha presidencial de
Aécio Neves no ano passado a quantia de R$ 200 mil.
Mas nem todas as gentilezas dos fornecedores da Cemig à campanha de Aécio foram declaradas. Representação apresentada à Justiça Eleitoral pela
coligação "Com a Força do Povo", da candidatura de Dilma Rousseff,
apontou notícia de irregularidades. Uma delas é justamente sobre os
imóveis cedidos em comodato pela Patrymonial Participações Ltda, no
referido endereço da Rua Iguatemi.
Segundo a representação, analisando a
prestação de contas do comitê financeiro nacional da campanha tucana
constata-se o pagamento de taxas condominiais dos conjuntos números 113,
114, 213 e 214. Contudo, não foram localizados comprovantes de
pagamento de aluguel referente aos conjuntos 213 e 214, mesmo que em
forma de recursos estimados, sendo possível, então, a ocorrência de
recursos não contabilizados em relação ao aluguel dessas salas.
Mesmo nos conjuntos 113 e 114, que
tiveram aluguéis contabilizados por estimativa, o valor declarado foi
equivalente a R$ 3,3 mil mensais cada conjunto, muito abaixo do mercado.
Na prestação de contas, no mesmo prédio, o PSDB aluga o conjunto 212
pelo valor mensal de R$ 20 mil. Conclui-se que deixaram de ser
contabilizados cerca de R$ 100 mil.
Por fim, embora conste comprovante do
pagamento de aluguel do conjunto 212, não foram localizados lançamentos
de pagamentos de despesas condominiais – indicando, uma vez mais,
possível caixa 2.
Esta representação não percebeu e não
mencionou que o conjunto 192, declarado como endereço da tesouraria,
também não aparece contabilizado. Parece até piada justamente o "quartel
general" da tesouraria não aparecer contabilizado.
Ainda bem que o Supremo Tribunal Federal
julgou inconstitucional o financiamento empresarial de campanha nesta
semana. Assim acaba com essa mistura entre o público e o privado, de
primo "aparelhado" em estatal usar escritório de fornecedor como
tesouraria, enquanto a sede oficial do partido fica sendo só uma
fachada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário