Por que a mídia e os EUA são contra os governos bolivarianos? Oliver Stone explica
Não tem sido fácil para a esquerda latino-americana derrotar seu principal inimigo: a imprensa burguesa, submissa ao grande capital e anti-nacionalista. A mídia tem sido o braço pseudodemocrático dos golpes brancos que vêm ocorrendo na América do Sul ao longo da última década. Como não consegue ganhar eleições, a direita se alia aos principais jornais e emissoras de TV e apela a soluções jurídicas, quando não diretamente para a força bruta, para chegar ao poder.
Assim aconteceu na Venezuela em 2002, no Paraguai em 2012 e ameaça acontecer no Brasil em 2015: um governo legitimamente eleito é deposto, sob desculpas esfarrapadas, por inimigos sedentos por chegar ao poder na marra e com as piores intenções. No caso de Hugo Chávez, como havia construído uma teia de apoiadores dentro do Exército, o golpe falhou –mas Chávez morreria em 2013, vítima de um câncer. No Paraguai, um golpe “constitucional” (eufemismo que a mídia criou para os golpes brancos) derrubou Fernando Lugo. No Brasil, tramam o mesmo contra Dilma Rousseff.
No documentário Ao Sul da Fronteira, o cineasta norte-americano Oliver Stone examina o porquê de a mídia hegemônica e os EUA se unirem contra os governos progressistas do cone Sul. Debruçado sobre anotações, Chávez explica para ele: no Iraque era o petróleo, no Irã é o petróleo, na Venezuela é o petróleo. É o petróleo, estúpido! Ou vocês acham que é à toa que este movimento de desestabilização do governo venha junto com a tentativa do PSDB de entregar o pré-sal para os gringos?
Stone também mostra como a principal oposição aos governos ditos “bolivarianos” têm vindo dos setores mais privilegiados da sociedade, incomodados com a ascensão dos mais pobres e o consequente abalo no status quo. Não querem governos de esquerda porque não querem se sentir ameaçados em seus privilégios. Algo em comum com os médicos que rejeitam cotistas? Algo em comum com os ricos que falam que os aeroportos parecem rodoviárias? Algo em comum com os que se manifestam contra o bolsa família?
Para conseguir convencer os incautos de que os governos de esquerda são ruins, a mídia hegemônica mente, e mente muito. Nos EUA, Chávez era pintado como “ditador”, dizia-se que “financiava o terrorismo” e que era “pior que Bin Laden”. Apenas, segundo Oliver Stone, por não se colocar aos pés do imperialismo, como faziam alguns governantes da América do Sul no passado, como Fernando Henrique Cardoso ou o colombiano Álvaro Uribe. Na abertura do documentário, uma apresentadora da Fox News chega pateticamente a dizer que Chávez é viciado em drogas, confundindo “cacau” com “coca”.
Stone lembra que, até aparecerem os governantes bolivarianos, os pobres da América do Sul eram utilizados pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) como “ratos de laboratório” de suas experiências espoliadoras da riqueza alheia. Cristina Kirchner lembra que o antecessor de Evo Moralez na Bolívia, Sánchez de Lozada, não sabia nem sequer falar espanhol direito porque morou nos EUA quase a vida inteira e por isso tem um forte sotaque norte-americano que deixa quase ininteligível o que diz.
Oliver Stone também mostra o que era a Venezuela antes de Chávez, coisa que seus críticos desconhecem totalmente. Em 1989, sob a presidência de Carlos Andrés Pérez, a economia do país estava em frangalhos quando o presidente Carlos Andrés Perez foi, “de joelhos”, pedir ajuda ao FMI. Após o aumento das tarifas de ônibus ordenada pelo Fundo, milhares de venezuelanos foram às ruas protestar.
Como resultado do chamado “Caracazo”, 300 pessoas foram mortas a tiros pela polícia e mais de 2 mil desapareceram. E pensar que hoje os reaças compartilham fotos falsas de “mortos” pelo governo de Nicolás Maduro… O presidente de direita acabou defenestrado do cargo por fraude e corrupção. Que exemplo! Em 1998, Hugo Chávez se elegeria presidente pela primeira vez.
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